Pantanal





Disambig grey.svg Nota: Para outros significados de Pantanal, veja Pantanal (desambiguação).





















Pantanal

Paisagem do Pantanal em Mato Grosso


Paisagem do Pantanal em Mato Grosso

Bioma

Savana

Área
195.000 km²

Países

 Bolívia,  Brasil e  Paraguai

Rios

Rio Paraguai

Extensão do Pantanal na América


Extensão do Pantanal na América




Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um bioma[nota 1] constituído principalmente por uma savana estépica, alagada em sua maior parte, com 250 mil quilômetros quadrados de extensão, altitude média de 100 metros.[1]


Está situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos estados do Brasil, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco boliviano).


A região considerada pela UNESCO como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, localizado na região do Parque Nacional do Pantanal. Em que pese o nome, há um reduzido número de áreas pantanosas na região pantaneira. Além disso, por ser um terreno plano, facilita o alagamento.




Índice






  • 1 Conceito e subdivisões


    • 1.1 Fisiografia


    • 1.2 Geografia


    • 1.3 Biogeografia




  • 2 História


  • 3 Geografia


    • 3.1 Hidrografia


    • 3.2 Clima


    • 3.3 Topografia


    • 3.4 Pluviosidade




  • 4 Biodiversidade


    • 4.1 Fauna


    • 4.2 Flora




  • 5 Cultura


    • 5.1 Alimentação


    • 5.2 O Tereré


    • 5.3 Sarrabulho


    • 5.4 Urucum


    • 5.5 Jacarés


    • 5.6 Caldo de piranha pantaneiro




  • 6 Atividades econômicas


    • 6.1 Infraestrutura


      • 6.1.1 Centros de saúde


      • 6.1.2 Transporte


      • 6.1.3 Embrapa Pantanal


      • 6.1.4 SESC


      • 6.1.5 Centrais hidrelétricas






  • 7 Ver também


  • 8 Notas


  • 9 Referências


  • 10 Bibliografia


  • 11 Ligações externas





Conceito e subdivisões


O conceito de Pantanal pode ser entendido de maneiras diferentes.


Fisiografia


Do ponto de vista da fisiografia e geomorfologia, o Pantanal é definido como uma "grande e relativamente complexa planície de coalescência detrítico-aluvial".[2]


Silva & Abdon (1998), usando como critério a inundação e o relevo, dividem a área em onze sub-regiões (Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque, Porto Murtinho).[3]


Geografia


Do ponto de vista geográfico (administrativo e estatístico), a região se encontra dividida entre duas subdivisões:




  • Microrregião do Alto Pantanal (em Mato Grosso)


  • Microrregião do Baixo Pantanal e Microrregião de Aquidauana (em Mato Grosso do Sul)


Biogeografia




Paisagem típica do Pantanal em Mato Grosso




Planície alagada do Pantanal em Mato Grosso do Sul


Na biogeografia, o Pantanal, entendido como bioma (no sentido de Joly et al., 1999 e IBGE, 2004) é uma confluência de várias províncias biogeográficas: Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Chaco.[4][5][6][7]


Do ponto de vista da vegetação, o termo "complexo do Pantanal" vem do fato de a região ter mais de um tipo de vegetação dentro de si. No entanto, a terminologia usada varia entre os autores. Segundo Hoehne (1923), num estudo sobre o estado do Mato Grosso (incluindo o Mato Grosso do Sul, na época), ocorriam as seguintes categorias de vegetação nesta região, na grafia original:[8]



  • 1. Formações hydrophilas (mattas juxtafluviaes)

  • 2. Formações hygrophilas (em regra mattas frondosas)

  • 3. Formações hydrophilas (pantanaes)

  • 4. Formações subxerophilas (chavascaes)

  • 5. Formações subxerophilas (cerrados typicos)

  • 6. Formações subxerophilas (cerrados baixos parquiformes)

  • 7. Formações xerophilas (caatingas calcareas)

  • 8. Formações mais xerophilas (campos quasi limpos, seccos)

  • 9. Formações hygrophilas mesothermaes (campinas húmidas altas)

  • 10. Seringaes (Hevea)

  • 11. Hervaes (Ilex)

  • 12. Mangabaes (Hancornia speciosa, Gom.)

  • 13. Poaia (Cephaelis ipecacuanha, Rich.)


Rizzini (1963) identificou os seguintes tipos de vegetação:[9]



  • floresta pluvial atlântica

  • floresta xerófila decídua


  • scrub [arbustal] espinhoso


  • scrub [arbustal] suculento

  • savana central

  • consociações de Copernicia, Mauritia, Gramineae, Cyperaceae, Ipomoea, Tabebuia, etc.

  • comunidades hidrófilas


Para o IBGE (1992) e Silva et al. (2000), os tipos de vegetação ou fitofisionomia do Pantanal são (entre parênteses, as denominações regionais):[10]



  • Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (mata de galeria)

  • Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas (mata semidecídua)

  • Savana Florestada (cerradão, babaçual)

  • Savana Arborizada (cerrado)

  • Savana Parque (paratudal, canjiqueiral)

  • Savana gramíneo-lenhosa (campo inundado, campo seco)

  • Savana Estépica Florestada (chaco)

  • Savana Estépica Parque (carandazal)

  • Sistema Edáfico de Primeira Ocupação, Formações pioneiras – Vegetação com influência fluvial e/ou lacustre (buritizal, cambarazal, pirizal; caetezal, baceiro ou batume, brejo)


Scremin-Dias et al (2011) fizeram a seguinte distinção:[11]



  • Pantanal sensu stricto: regiões fortemente influenciadas pelo pulso de inundação

  • Pantanal sensu lato: regiões que não são influenciadas pela inundação periódica



História





Fotografia aérea de uma parte do Pantanal


A origem do Pantanal não é, como se pensava, resultado da separação do oceano há milhões de anos. Todos os geólogos concordam que não há ali indícios da presença do mar, e um dos que melhor conhecem a região, Fernando Flavio Marques de Almeida, diz que ele representa uma área que se abateu por falhamentos de blocos durante o período Terciário.[12] Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, formando o que se pode chamar de mar interior. A área alagada do pantanal se deve a lentidão de drenagem das águas que fluem lentamente, pela região do médio Paraguai, num local chamado de Fecho dos Morros do Sul. Atraído pela existência de pedras e metais preciosos (que eram usados por indígenas, que já povoavam a região, como adornos), entre eles o ouro, o português Aleixo Garcia, em 1524, acabou sendo o primeiro a visitar o território, e alcançou o rio Paraguai através do rio Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de 1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. Por volta de 1542-1543, Álvaro Nunes Cabeza de Vaca (espanhol e aventureiro) também passou por aqui para seguir para o Peru.


Entre 1878 e 1930, a cidade de Corumbá tornou-se o principal eixo comercial e fluvial no Mato Grosso (antes da divisão dos estados, ocorrida em 1977). Depois acabou perdendo sua importância para as cidades de Cuiabá e Campo Grande, iniciando assim um período de decadência econômica.


O incentivo dado pelos governos a partir da década de 1960 para desenvolver a região Centro-Oeste, onde se localiza Mato Grosso, através da implantação de projetos agropecuários, trouxe muitas alterações nos ambientes do cerrado, ameaçando a sua biodiversidade. Preocupada com a conservação do Pantanal, a Embrapa instalou, em 1975, em Corumbá, uma unidade de pesquisa para a região, com o objetivo de adaptar, desenvolver e transferir tecnologias para o uso sustentado dos seus recursos naturais.


A partir de 2000 houve investimentos maciços no setor do ecoturismo, com diversas pousadas pantaneiras praticando esta modalidade de turismo sustentável. E junto com estes aumentou a área de pecuária e agricultura.


Geografia







































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Parque Nacional do Pantanal Matogrossense *

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Património Mundial da UNESCO



Serra do Amolar Rio Paraguai.jpg

Rio Paraguai com a Serra do Amolar ao fundo, no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense


País

 Bolívia
 Brasil
 Paraguai

Tipo
Natural

Critérios

vii, ix, x

Referência

999

Região**

América

Histórico de inscrição

Inscrição
2000  (24.ª sessão)
* Nome como inscrito na lista do Património Mundial.
** Região, segundo a classificação pela UNESCO.

O Pantanal é uma das maiores extensões alagadas contínuas do planeta e está localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai. Sua área é de 150.000  km², com 65% de seu território no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso.


Hidrografia


O rio Paraguai passa pela cidade de Cáceres, Mato Grosso, onde é conhecida como "Princesinha do Rio Paraguai" e seus afluentes percorrem o Pantanal, formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo para muitos peixes, como o pintado, o dourado, o pacu, e também para outros animais, como os jacarés, as capivaras e ariranhas, entre outras espécies. Muitos animais ameaçados de extinção em outras partes do Brasil ainda possuem populações vigorosas na região pantaneira, como o cervo-do-pantanal, a capivara, o tuiuiú e o jacaré.


Devido a baixa declividade desta planície no sentido norte-sul e leste-oeste, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai chega a gastar quatro meses ou mais para atravessar todo o Pantanal. Os ecossistemas são caracterizados por cerrados e cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos, como lagoas de água doce ou salobra, rios, vazantes e corixos.


Clima


O clima no Pantanal é quente e úmido, no verão, e embora seja relativamente mais frio no inverno, continua apresentando grande umidade do ar devido à evapotranspiração associada à água acumulada no solo no horizonte das raízes durante o período de cheia. A maior parte dos solos do Pantanal é arenosa e suporta pastagens nativas utilizadas pelos herbívoros nativos e pelo gado bovino, introduzido pelos colonizadores da região. Uma parcela pequena da pastagem original foi substituída por forrageiras exóticas, como a Braquiária (4.5% em 2006).[13]


O balanço de energia superficial (i.e., a troca de energia entre a superfície e a atmosfera) é muito influenciada pela presença de lâminas de água, que cobrem parcialmente o terreno a cada verão, e as características particulares dos balanços hídrico e de energia acabam por influir no desenvolvimento da Camada Limite Atmosférica regional.[14]


Topografia




Serra do Amolar, no norte de Corumbá, na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com a Bolívia




Paisagem pantaneira em Mato Grosso




Serra do Amolar


A Planície do Pantanal possui aproximadamente 230 mil km², medida estimada pelos estudiosos que explicam que dificilmente pode ser estabelecido um cálculo exato de suas dimensões, pois em vários pontos onde começa o pantanal é em Cáceres e Poconé, Mato Grosso e onde termina o Pantanal é difícil de saber por que é muito extenso e as regiões que o circundam, além de a cada fechamento de ciclo de estações de seca e de águas o Pantanal se modifica.


Sua área no Brasil é de 124.457,145.22 km² (64,64% em Mato Grosso do Sul e 35,36% em Mato Grosso).
Considerada uma das maiores planícies de sedimentação do planeta, o Pantanal estende-se pela Bolívia e Paraguai, países em que recebe outras denominações, sendo Chaco a mais conhecida.


A planície é levemente ondulada, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente chamadas de serras e morros, e rica em depressões rasas. Seus limites são marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e maciços, e é cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai — os principais são os rios Cuiabá, Piquiri, São Lourenço, Taquari, Aquidauana, Miranda,Rio Paraguai e Apa. O Pantanal é circundado, do lado brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros; estende-se a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampeanas centrais.


Pluviosidade





Imagem de satélite do pantanal.


O Pantanal vive sob o desígnio das águas: ali, a chuva divide a vida em dois períodos bem distintos. Durante os meses da seca — de maio a setembro, aproximadamente —, a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são descoberto campos, bancos de areia, ilhas e os rios retomam seus leitos naturais, mas nem sempre seguindo o curso do período anterior. As águas escorrem pelas depressões do terreno, formando os corixos (canais que ligam as águas de baías, lagoas, alagados etc. com os rios próximos).


Nos campos extensos cobertos predominantemente por gramíneas e vegetação de cerrado, a água de superfície chega a escassear, restringindo-se aos rios perenes, com leito definido, a grandes lagoas próximas a esses rios, chamadas de baías, e a algumas lagoas menores e banhados em áreas mais baixas da planície. Em muitos locais, torna-se necessário recorrer a águas subterrâneas, do lençol freático ou aquíferos, utilizando se bombas manuais e ou tocadas por moinhos de vento para garantir o fornecimento às moradias e bebedouros de animais domésticos.


As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e são facilmente absorvidas. De outubro a abril as chuvas caem torrenciais nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes. Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento do solo, são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.


O aguaceiro eleva o nível das baías permanentes, cria outras, transborda os rios e alaga os campos no entorno, e morros isolados sobressaem como verdadeiras ilhas cobertas de vegetação — agrupamentos dessas ilhas são chamados de cordilheiras pelos pantaneiros — nas ilhas e cordilheiras os animais se refugiam à procura de abrigo contra a subida das águas.


Nessa época torna-se difícil viajar pelo Pantanal pois muitas estradas ficam alagadas e intransitáveis. O transporte de gente, animais e de mercadorias só pode ser feito no lombo de animais de carga e embarcações — muitas propriedades rurais e povoações (também conhecidas como corrutelas) localizadas em áreas baixas ficam isoladas dos centros de abastecimento e o acesso a elas, muitas vezes, só pode ser feito por barco ou avião.


Com a subida das águas, grande quantidade de matéria orgânica é carregada pela correnteza e transportada a distâncias consideráveis. Representados, principalmente, por massas de vegetação flutuante e marginal e por animais mortos na enchente, esses restos, durante a vazante, são depositados nas margens e praias dos rios, lagoas e banhados e, após rápida decomposição, passam a constituir o elemento fertilizador do solo, capaz de garantir a enorme diversidade de tipos vegetais lá existente.


Por entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de animais, adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é um dos mais belos espetáculos da Terra. Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.






Arco-íris visto na Transpantaneira



Biodiversidade


Fauna



A fauna pantaneira é muito rica. Há 650 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A mais espetacular é a arara-azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-brancas, beija-flores (os menores chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de garça de coloração castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e curicacas.


No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de borboletas. Contam-se mais de 124 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça-pintada (atinge a 1,2 m de comprimento, 0,85 cm de altura e pesa até 150 kg), capivara, lobinho, veado-campeiro, veado-catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo-do-pantanal, bugio-do-pantanal (macaco que produz um ruído assustador ao amanhecer), caititu, queixada, tamanduá-bandeira, cachorro-do-mato, anta, bicho-preguiça, ariranha, onça-parda, quati, tatu etc.


A região também é extremamente piscosa, já tendo sido catalogadas 263 espécies de peixes: piranha (peixe carnívoro e extremamente voraz), pacu, pintado, dourado, cachara, curimbatá, piraputanga, jaú e piau são algumas das espécies encontradas.


Há uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré-coroa), cobra boca-de-sapo (Jararaca), sucuri, Jiboia-constritora,Cobra-d'água, cobras-água e outras), lagartos (iguana, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).





Flora





Ipê.


A vegetação pantaneira é um mosaico de cinco regiões distintas: Floresta Amazônica, Cerrado,Caatinga, Mata Atlântica e Chaco (paraguaio,argentino e boliviano). Durante a seca, os campos se tornam amarelados e constantemente a temperatura desce a níveis abaixo de 0 °C, e registra geadas, influenciada pelos ventos que chegam do sul do continente.


A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente de flora de acordo com o solo e a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas, que são áreas de pastagens naturais para o gado — a pecuária é a principal atividade econômica do Pantanal. A vegetação de cerrado, com árvores de porte médio entremeadas de arbustos e plantas rasteiras, aparece nas alturas médias. Poucos metros acima das áreas inundáveis, ficam os capões de mato, com árvores maiores como angico, ipê e aroeira.


Em altitudes maiores, o clima árido e seco torna a paisagem parecida com a da caatinga, apresentando espécies típicas como o mandacaru, plantas aquáticas, piúvas (da família dos ipês com flores róseas e amarelas), palmeiras, orquídeas, figueiras e aroeiras.O pantanal possui uma vegetação rica e variada, que inclui a fauna típica de outros biomas brasileiros, como o cerrado, a caatinga e a região amazônica. A camada de lodo nutritivo que fica no solo após as inundações permite o desenvolvimento de uma rica flora. Em áreas em que as inundações dominam, mas que ficam secas durante o inverno, ocorrem vegetações como a palmeira carandá e o paratudal.


Durante a seca, os campos são cobertos predominantemente por gramíneas e vegetação de cerrado. Essa vegetação também está presente nos pontos mais elevados, onde não ocorre inundação. Nos pontos ainda mais altos, como os picos dos morros, há vegetação semelhante à da caatinga, com barrigudas, gravatás e mandacarus. Ainda há a ocorrência de vitória-régia, planta típica da Amazônia. Entre as poucas espécies endêmicas está o carandá, semelhante à carnaúba.


A vegetação aquática é fundamental para a vida pantaneira: imensas áreas são cobertas por batume, plantas flutuantes como o aguapé e a salvínia. Essas plantas são carregadas pelas águas dos rios e juntas formam verdadeiras ilhas verdes, que na região recebem o nome de camalotes. Há ainda no Pantanal áreas com mata densa e sombria. Em torno das margens mais elevadas dos rios ocorre a palmeira acuri, que forma uma floresta de galerias com outras árvores, como o pau-de-novato, a embaúba, o jenipapo e as figueiras.





Cultura



Alimentação


O pantaneiro tem hábito de acordar muito cedo, para as lidas dos seus afazeres, como por exemplo: a lida dos seus animais na grande planície da sua região. No seu alimento matutino, logo na manhã antes de ir à lida, tem o hábito de se alimentar muito bem. Esse hábito tem o nome de quebra-torto, que é praticamente um café reforçado, com pão, arroz com carne seca, café e outras delícias proporcionadas pela vasta planície.



O Tereré




Uma cuia contendo tereré.


Herdado da tradição guarani, o Tereré é uma bebida servida em cuia, com erva-mate e água gelada. É bastante consumido pelos pantaneiros, principalmente antes do meio-dia, depois da realização do trabalho matutino. Também se toma o tereré a tarde e antes da noite, quase sempre em rodas de conversas entre famílias, peões ou amigos. Esse costume também chegou nas cidades pantaneiras, locais onde as pessoas se reúnem nas calçadas para uma "conversa à-toa" e se refrescar com a bebida. Em outras regiões, como no Oeste do Paraná, ele é tomado com refrigerante, mas o tereré original é composto apenas por erva-mate e água natural.
Na região norte de Mato Grosso do Sul o tereré tem como objetivo resgatar lendas, mitos, músicas regionais e outros.


Sarrabulho


O sarrabulho é uma unanimidade em Corumbá é um prato de alto teor calórico que poucos sabem preparar. O prato é de origem portuguesa e tornou-se popular na cidade. No norte de Portugal é preparado com miúdos de porco ou cabrito. Aqui, talvez pela atividade pecuária e abundância do produto, se fez a opção pela carne de bovinos, deve ser servido com arroz branco e mandioca cozida. Ingredientes para o preparo: fígado, rins, coração e carne moída.




Moradia de ribeirinhos em época de cheia.


Urucum


Urucum é uma semente de coloração avermelhada, que vem do tupi uru-ku, significa vermelho, conhecida popularmente por Urucum, açafrão, colorau, nome científico da família botânica Bixáceas, serve como tempero e corante de alimentos. É muito utilizado na culinária pantaneira em preparos de peixes, jacarés e caldo de piranha, os índios sempre usaram para pintar o corpo em suas comemorações festivas e com isso, se defender contra picadas dos mosquitos.



Jacarés


Jacarés são répteis bem adaptados ao meio ambiente e dominam ainda hoje muitos habitats. Ao contrário do que se pensa o jacaré não é lento, se for ameaçado ou estiver preste a dar o bote, adquire velocidade impressionante. Dentro da água, seu ataque é geralmente mortal, já que é um exímio nadador. Os jacarés do Pantanal são diferentes dos da Amazônia. O do Pantanal mede até 2,5m e se alimenta de peixes e é quase inofensivo ao homem. Enquanto o da Amazônia é um pouco maior (quase 6 metros) e ataca quando ameaçado. Sua carne é comestível, a parte mais nobre do corpo do animal que é aproveitada é o rabo. É uma carne branca e consistente. Lembra muito a carne de frango, mas tem um leve sabor de carne de peixe de água doce. Pode ser servida frita ou ensopada como os peixes.


Caldo de piranha pantaneiro


Piranhas são um grupo de peixes carnívoros de água doce que habitam alguns rios do pantanal e demais regiões brasileiras, existem 3 espécies de piranha no Pantanal e elas podem ser perigosas. Por isso, em local onde se costuma limpar peixes não é aconselhável mergulhar, pois ela poderá mordê-lo por engano. A piranha também pode morder depois de morta. Seus dentes afiados podem cortar carne e até osso num movimento brusco. Na região do Pantanal sua carne é utilizada para se fazer o famoso Caldo de Piranha. Como preparar o caldo: Limpe as piranhas, deixe-as com a cabeça e tempere-as com o limão, a cebola, o alho, o cheiro-verde, o sal e a pimenta. Deixe repousar por uma hora. Esquente o óleo, frite as piranhas por alguns minutos com todos os temperos, adicione o pimentão e o tomate, junte o extrato de tomate e a água, tampe a panela e deixe ferver. Após uma hora verifique se o tempero está bom. Coe numa peneira grossa e sirva.



Atividades econômicas




Foto aerea do Hotel SESC Porto Cercado da Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal.





Bovinos no Pantanal.


As principais atividades econômicas do Pantanal estão ligadas à criação de gado bovino, que é facilitada pelos pastos naturais e pela água levemente salgada da região, ideal para esses animais. Para peões, fazendeiros e coureiros, o cavalo é um dos principais meios de transporte. Os pescadores, que buscam nos rios sua fonte de sustento e alimentação. Há também, uma pequena população indígena ribeirinha.


Entre os problemas ambientais do Pantanal estão o desequilíbrio ecológico provocado pela pecuária extensiva, pelo desmatamento para produção de carvão com destruição da vegetação nativa; a pesca e a caça predatórias de muitas espécies de peixes e do jacaré; o garimpo de ouro e pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e contaminação das águas dos rios Paraguai e São Lourenço; o turismo descontrolado que produz o lixo, esgoto e que ameaça a tranquilidade dos animais, etc.


Uma atividade relativamente nova é o ecoturismo, já existem diversas pousadas pantaneiras praticando esta modalidade de turismo sustentável.


Em Corumbá a atividade de mineração e siderúrgica são importantes geradoras de emprego e renda, os impactos ambientais destas atividades estão sendo avaliados existindo muita controvérsia.


O incentivo dado pelos governos a partir da década de 1960 para desenvolver a região Centro-Oeste através da implantação de projetos agropecuários, trouxe muitas alterações nos ambientes do cerrado ameaçando a sua biodiversidade e amadores.


Infraestrutura


No pantanal os principais centros urbanos são Corumbá, Cáceres, Aquidauana, Coxim e Poconé. Segue abaixo alguns dados de serviços.



Centros de saúde



  • Hospital Funrural (Aquidauana)

  • Hospital Geral de Poconé (Poconé)

  • Hospital Regional Alvaro Fontoura (Coxim)

  • Hospital Regional De Cáceres (Cáceres)

  • Hospital Regional Doutor Estácio Muniz (Aquidauana)

  • Hospital Regional Renato Albuquerque Filho (Miranda)

  • Hospital São Luiz (Cáceres)


  • Santa Casa de Misericórdia de Corumbá (Corumbá)


Transporte


Principais rodoviárias



  • Estação Intermunicipal de Corumbá (Corumbá)

  • Rodoviária de Coxim (Coxim)

  • Rodoviária de Miranda (Miranda)

  • Rodoviária de Poconé (Poconé)


  • Terminal Rodoviário de Aquidauana (Aquidauana)

  • Terminal Rodoviário de Cáceres (Cáceres)


Aeroportos operantes

Os aeroportos que recebem vôos são o Aeroporto de Cáceres e Aeroporto Internacional de Corumbá.


Rodovias federais

As rodovias federais da região são a BR-070, BR-163, BR-174, BR-262, BR-267 e BR-419.


Embrapa Pantanal


A Embrapa Pantanal tem desenvolvido tecnologias sustentáveis para a região. Instalado em 1975 em Corumbá, tem o objetivo de adaptar, desenvolver e transferir tecnologias para o uso sustentado dos seus recursos naturais. As pesquisas se iniciaram com a pecuária bovina, principal atividade econômica e, hoje, além da pecuária, abrange as mais diversas áreas, como recursos vegetais, pesqueiros, faunísticos e hídricos, climatologia, solos, avaliação dos impactos causados pelas atividades humanas e sócio-economia.


SESC


No pantanal há duas unidades do SESC:



  • SESC Pantanal, em Poconé, ou o Hotel SESC Porto Cercado da Reserva Particular do Patrimônio Natural.

  • SESC Corumbá, situado no Centro de Convenções do Pantanal, na cidade de nome supramencionado.



Centrais hidrelétricas


Segundo dados da Embrapa Pantanal, a instalação de 116 pequenas
centrais hidrelétricas (PCHs) no Alto Paraguai, grande responsável pelas inundações periódicas do Pantanal, ameaçam a pesca, agricultura familiar, pecuária bovina e o turismo pesqueiro, especialmente porque 70% ficarão concentradas na mesma região. As barragens impedem que os peixes subam os rios e ocorra o trânsito de nutrientes. Por consequência, há o impacto na desova e alimentação dos peixes. Outra consequência imediata é o agravamento do assoreamento, já perceptível no Rio Taquari.[15]



Ver também






Portal
A Wikipédia possui o

Portal do Brasil




  • Chaco Boreal

  • Pântano


Notas




  1. A respeito da aplicação do termo "bioma" à área fito- e biogeográfica do Pantanal, na literatura científica brasileira, em detrimento do uso internacional do termo, confira Bioma#História do conceito.



Referências




  1. (em português)[GTOPO30 - http://edc.usgs.gov/products/elevation/gtopo30.html] GTOPO30 (Global 30 Arc-Second Elevation Data Set)


  2. Ab'Sáber, Aziz (2003). Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, [1]. ISBN 978-85-7480-355-5.


  3. Silva, J.D.S.V. & Abdon, M. D. M. (1998). Delimitação do Pantanal brasileiro e suas sub-regiões. Pesq. agropec. bras 33, 1703-1711, [2].


  4. Joly, C.A., Aidar, M.P.M., Klink, C.A., McGrath, D.G., Moreira, A.G., Moutinho, P., Nepstad, D.C., Oliveira, A.A.; Pott, A.; Rodal, M.J.N. & Sampaio, E.V.S.B. (1999). Evolution of the Brazilian phytogeography classification systems: implications for biodiversity conservation. Ciência e Cultura 51: 331-348, [3], [4].


  5. IBGE (2004). Mapa de Biomas do Brasil. Primeira Aproximação. Escala 1:5.000.000. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: <http://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/index.php/estantes/mapas/563-mapa-de-biomas-do-brasil>.


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  10. Silva, M.P. et al. (2000). Distribuição e quantificação de classes de vegetação do Pantanal através de levantamento aéreo. Brazilian Journal of Botany 23(2): 143-152.


  11. Scremin-Dias, E., Lorenz-Lemke, A. P., & Oliveira, A. K. M. (2011). The floristic heterogeneity of the Pantanal and the occurrence of species with different adaptive strategies to water stress. Brazilian Journal of Biology 71: 275-282, [5].


  12. MENDES, J. C. O (1968). «Pantanal Mato-Grossense já foi mar?». Conheça o solo brasileiro. São Paulo: Polígono. pp. 79–84 


  13. [JB Ecológico - revista - Jornal do Brasil - 2006] Artigo por Vinícios Carvalho


  14. [6] Marques Filho et al. (2008) : Atmospheric surface layer characteristics of turbulence above the Pantanal wetland regarding the similarity theory. In the Agricultural and Forest Meteorology, Volume 148, Issues 6-7, 30 June 2008, Pages 883-892.


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Bibliografia



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  • Hoehne, F. C. (1923). Phytophysionomia do Estado de Mato-Grosso. Compania Melhoramentos, São Paulo, Brazil.

  • Hoehne, F. C. (1936). O grande Pantanal de Mato Grosso. Boletim da Agricultura, São Paulo, 37: 443–470.

  • Mendes, J. C. (1968). O Pantanal Mato-Grossense já foi mar? In: Mendes, J. C. Conheça o solo brasileiro. São Paulo, Polígono, 1968. 202 p. cap. 6, p. 79-84

  • Por, F. D. (1995). The Pantanal of Mato Grosso (Brazil). World's Largest Wetland. Dordrecht, The Netherlands: Kluwer Academic Publishers, [8].

  • Pott, A., Pott, V.J., & Damasceno Jr., G.A. (2009). Fitogeografia do Pantanal. III CLAE e IXCEB, São Lourenço, MG, 1-4, [9].

  • UFV (2006). Pantanal. Material da disciplina ENF448 - Recursos Naturais e Manejo de Ecossistemas. Viçosa: UFV, Departamento de Engenharia Florestal, [10].



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  • Área de conservação do Pantanal (UNESCO) (em português)


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