Sanatório de Paredes de Coura



































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































Sanatório de Paredes de Coura


Sanatório de Paredes de Coura, em 1934.
Nome completo
Sanatório Presidente Carmona
Localização

Paredes de Coura
Portugal Portugal

Fundação

16 de setembro de 1934 (84 anos)
Financiamento
Fundo de Assistência e dos Sanatórios dos Caminhos de Ferro do Estado
Ministério das Finanças
Tipo
Privado (apenas para funcionários dos caminhos de ferro e as suas famílias)
Especialidades

Tuberculose

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O Sanatório Presidente Carmona, mais conhecido como Sanatório de Paredes de Coura, foi uma instituição de saúde destinada a ferroviários, localizada na freguesia de Mozelos, no concelho de Paredes de Coura, em Portugal.




Índice






  • 1 Descrição


  • 2 História


    • 2.1 Antecedentes


    • 2.2 Planeamento e construção


    • 2.3 Inauguração


    • 2.4 Funcionamento


    • 2.5 Encerramento




  • 3 Ver também


  • 4 Referências


  • 5 Bibliografia





Descrição |


Este hospital foi um dos três existente em Portugal para dar assistência aos funcionários dos caminhos de ferro afligidos pela tuberculose, sendo os outros dois situados em São Brás de Alportel e na Covilhã.[1] Situa-se no Monte da Pena, na Freguesia de Mozelos, em Paredes de Coura[2], nas proximidades da Capela de Nossa Senhora da Pena.[3]


Originalmente, o edifício albergava uma sala de operações, um gabinete com um aparelho de Raios X e outros equipamentos eléctricos de medicina, dormitórios com capacidade para 40 pacientes com dispositivos para a renovação do ar, um refeitório, salas de visita e de recreio, casas de banho e lavabos, estufas para desinfectar as louças e outros utensílios, zonas privativas para médicos e enfermeiros, um balneário, várias galerias de cura e para passeio, um vestiário, várias arrecadações, etc..[2] Fora do edifício, ficavam as lavandarias que podiam funcionar de forma manual ou a vapor, um anexo para a secagem e a desinfecção das roupas, as habitações para o pessoal do sanatório, uma padaria, uma pocilga, um galinheiro, terras de cultivo, etc..[2]


A água era captada nas nascentes do próprio monte, sendo depois passada por filtros de areia.[3]





Sanatório Vasconcelos Porto, em São Brás de Alportel.



História |



Antecedentes |


Desde meados do Século XIX e até à década de 1930, o país sofreu os efeitos da tuberculose, tendo os primeiros movimentos organizados para a prevenção da doença sido a Assistência Nacional aos Tuberculosos e a Liga Nacional contra a Tuberculose, ambos criados em 1899.[4] Uma das principais medidas utilizadas foi a fundação de sanatórios, para albergar os doentes.[4]



Planeamento e construção |


Por iniciativa do general Carlos Augusto Coelho de Vasconcelos Porto, ao estado começou a construir várias instalações hospitalares para tratar dos funcionários dos caminhos de ferro que sofriam de tuberculose.[3] O primeiro estabelecimento deste tipo foi o Sanatório Vasconcelos Porto, em São Brás de Alportel.[3] No entanto, não tinha capacidade suficiente para a procura, pelo que se verificou a necessidade de construir um segundo estabelecimento deste tipo, que embora também não fosse suficiente para acolher todos os empregados dos caminhos de ferro tuberculosos, ao menos aliviaria o problema.[5] Desta forma, em 1919 iniciou-se a construção de um novo sanatório[3], tendo a região de Paredes de Coura sido escolhida devido ao seu ar saudável, condição indispensável para a cura da tuberculose.[2] Carlos Vasconcelos Porto foi auxiliado neste projecto pelo seu irmão Nuno Vasconcelos Porto, e por vários antigos ferroviários portugueses.[3] As obras foram inicialmente dirigidas pelo engenheiro João Teixeira de Queiroz, planeando-se que o edifício teria lotação para 20 pacientes.[3]


No entanto, devido à falta de recursos económicos, a construção atrasou-se.[3] A situação melhorou com a publicação do Decreto n.º 9579, de 5 de Abril de 1924, que reforçou a Caixa de Reformas e Pensões dos Caminhos de Ferro do Estado através do aumento de várias taxas[6], permitindo assim continuar as obras e adquirir o material sanitário e de aquecimento.[3]


Em 1927, os antigos Caminhos de Ferro do Estado foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, criando novas dificuldades para a construção do Sanatório devido à mudança na administração; além disso, a partir dessa altura, começou-se a verificar uma forte redução nas receitas dos caminhos de ferro.[3] Por outro lado, também eram necessários fundos para obras de restauro na unidade de São Brás de Alportel.[3]


Devido a estes constrangimentos, as obras estavam muito atrasadas, estando em 1929 somente concluídos os muros de suporte e o edifício principal, que estava apenas parcialmente rebocado.[3] Uma comissão formada ao abrigo da base XIX do contrato de arrendamento dos Caminhos de Ferro do Estado visitou então as obras, tendo chegado à conclusão que não seria financeiramente viável construir um edifício para apenas 20 pacientes, mas que não se deviam abandonar os trabalhos já iniciados, onde se tinham gasto cerca de 1500 contos.[3] Assim, o director dos Serviços Sanitários dos Caminhos de Ferro, Lobo Alves, sugeriu várias alterações no edifício, de forma a alojar pelo menos 40 pacientes.[3] No entanto, devido às dificuldades económicas, só em 1930 foram feitas as obras de ampliação, já sob a direcção do engenheiro José Rodrigues Serrão da C. P..[3]


Em Janeiro de 1932, as obras de construção já estavam quase concluídas.[7]


Porém, devido a uma organização orçamental desajustada por parte do estado, apenas se construiu o edifício, faltando os fundos para adquirir o equipamento necessário ao seu funcionamento.[5] Em Julho de 1933, já tinha sido lançada uma nova política orçamental com o objectivo de corrigir estas lacunas, esperando-se que a Comissão Administrativa do Fundo de Assistência aos Sanatórios dos Caminhos de Ferro fosse brevemente dotada dos fundos necessários para concluir a obra.[5]


O custo total do edifício foi de cerca de 4 milhões de escudos.[3]





Álvaro de Sousa Rego.



Inauguração |


Foi inaugurado no dia 16 de Setembro de 1934, numa cerimónia que teve a presença do director geral do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, Álvaro de Sousa Rego, várias altas individualidades dos caminhos de ferro, e representantes das autoridades locais e da imprensa.[3] Os convidados foram transportados até Valença por uma carruagem salão atrelada ao comboio correio, que chegou por volta das 13 horas, seguindo depois de automóvel até ao Sanatório, passando pela povoação de Paredes de Coura, que tinha sido decorada para a ocasião.[3]


Depois foi organizada uma visita ao Sanatório, que também tinha sido decorado para a inauguração.[3] Foi descerrada uma lápide comemorativa, onde se dedicou o edifício ao presidente da República, Óscar Carmona, discursaram o dr. Lobo Alves e os engenheiros Monteiro Barros e Branco Cabral, o director clínico do Sanatório, dr. Fonseca Monteiro, e o dr. António Emílio de Magalhães, presidente da Junta de Profilaxia Social, e foram lidos vários telegramas, incluindo um do Presidente da República.[3] A cerimónia foi concluída com um Porto de Honra numa das salas do Sanatório, oferecido pelo restaurante da estação de Valença.[3]



Funcionamento |


Em Dezembro de 1934, já albergava 20 pacientes, estando portanto a meia lotação.[8]


O Fundo de Assistência e dos Sanatórios dos Caminhos de Ferro do Estado foi extinto pelo Decreto-Lei n.º 39505, de 31 de Dezembro de 1953, que ordenou a integração dos sanatórios no Ministério das Finanças, com o objectivo de posteriormente os transferir para o Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos.[9]


Em 1955, o número de pacientes no Sanatório aumentou para 70, e em 1962 já chegava aos 200.[10]



Encerramento |


A partir da Revolução de 25 de Abril de 1974, o movimento contra a tuberculose foi afectado pela desorganização governamental, tendo sido ainda mais reduzido na Década de 1980, com a progressiva extinção dos sanatórios e a integração dos serviços da tuberculose no recém-formado Serviço Nacional de Saúde.[11] Além disso, os avanços na medicina reduziram a importância dos sanatórios tuberculosos[10], tendo o de Paredes de Coura sido encerrado e convertido para um hospital psiquiátrico em meados da Década de 1990.[12] O hospital psiquiátrico chegou a ter 60 pacientes em permanência.[13]


O hospital funcionou até 2002, e desde então o edifício ficou ao abandono, passando por um processo de degradação.[14] Em 2008, o Centro Hospitalar do Alto Minho revelou a intenção de vender o complexo, tendo a autarquia de Paredes de Coura mostrado-se interessada em comprar o edifício e os terrenos em redor.[15] Desta forma, poderia viabilizar o projecto de um grupo espanhol, que pretendia fazer na zona uma estância de lazer e de turismo, num investimento que amontaria a 50 milhões de Euros.[15]


No entanto, este empreendimento nunca avançou[12], devido a problemas de tutela, uma vez que depois se revelou que o edifício afinal não pertencia ao Centro Hospitalar do Alto Minho.[16] Entretanto, em 2010 o Centro Hospitalar celebrou um acordo com um produtor, que poderia utilizar o espaço para abrigar os seus animais em troca da limpeza do espaço envolvente.[10] A autarquia decidiu então inspeccionar o edifício, tendo por duas vezes encontrado animais mortos no seu interior.[10]


A população local apoiou a intenção de transformar o antigo sanatório num empreendimento turístico, tendo o presidente da câmara de Paredes de Coura, Vítor Pereira, declarado em Abril de 2014 que primeiro era necessário resolver a questão da propriedade do edifício, e depois colocá-lo à disposição dos privados que pretendam investir no Concelho.[16] Nessa altura, descobriu-se que o imóvel pertencia ao Ministério das Finanças, tendo a autarquia começado a preparar as negociações para a sua transferência.[16]


Em Agosto de 2012, a Guarda Nacional Republicana deteve 3 homens que estavam a roubar material das antigas instalações do Sanatório.[14]


Em Janeiro de 2013, o deputado socialista Jorge Fão questionou o Ministério da Saúde sobre o antigo sanatório de Paredes de Coura, tendo recordado que o edifício continuava num estado de abandono e sem quaisquer planos para o seu futuro aproveitamento, apontando este caso como um exemplo da incapacidade da administração pública em gerir o seu património.[17] Nessa altura, a principal utilização do edifício era para a realização de jogos de aventura e descoberta no interior.[17]



Ver também |


  • História do transporte ferroviário em Portugal


Referências




  1. REIS et al, 2006:70


  2. abcd «O Sanatório de Paredes de Coura: Uma Importante Obra de Beneficiência» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1122). 16 de Setembro de 1934. p. 477. Consultado em 18 de Novembro de 2016 


  3. abcdefghijklmnopqrstu «Uma obra de assistência» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1123). 1 de Outubro de 1934. p. 491-495. Consultado em 18 de Novembro de 2016 


  4. ab FERREIRA, 1990:381-382


  5. abc FERREIRA, Armando (16 de Julho de 1933). «Sanatórios Ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1094). p. 418. Consultado em 18 de Novembro de 2016 


  6. PORTUGAL. Decreto nº 9579, de 5 de Abril de 1924. Ministério do Comércio e Comunicações - Caminhos de Ferro do Estado - Administração Geral. Publicado no Diário do Governo n.º 76, Série I, de 5 de Abril de 1924


  7. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  8. «Assistência Ferroviária» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1128). 16 de Dezembro de 1934. p. 630. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  9. PORTUGAL. Decreto-Lei n.º 39505, de 31 de Dezembro de 1953. Ministério das Comunicações - Gabinete do Ministro. Publicado no Diário do Governo n.º 290, Série I, de 31 de Dezembro de 1953


  10. abcd MIRANDA, Marta (9 de Outubro de 2016). «Edifícios abandonados: as imagens impressionantes do antigo hospital psiquiátrico de Paredes de Coura». New In Town. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  11. MARQUES, 2007:19


  12. ab «Apanhados a furtar no antigo sanatório de Paredes de Coura». Jornal de Noticias. 7 de Agosto de 2012. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  13. «Ministério questionado sobre futuro do sanatório». Impala. 22 de Janeiro de 2013. Consultado em 20 de Novembro de 2016 [ligação inativa] 


  14. ab COSTA, Teresa (8 de Agosto de 2012). «Paredes de Coura: antigo sanatório alvo de furto». Correio do Minho. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  15. ab RIBEIRO, Rita (7 de Fevereiro de 2008). «Entidade privada quer transformar antigo sanatório de Mozelos em estância de turismo». Construir. Consultado em 20 de Novembro de 2016 


  16. abc «Antigo sanatório de Paredes de Coura em breve com novo dono». O Caminhense. 17 de Abril de 2014. Consultado em 19 de Novembro de 2016 


  17. ab «PS questiona Governo sobre futuro do sanatório de Coura». Política ao Minuto. 22 de Janeiro de 2013. Consultado em 20 de Novembro de 2016 




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Bibliografia |




  • FERREIRA, F. (1990). História da Saúde e dos Serviços de Saúde em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 604 páginas. ISBN 972-31-0528-4 


  • MARQUES, J. (2007). Tuberculose. Col: Essencial da Saúde. 2 de 20. Porto: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. 119 páginas. ISBN 978-989-554-312-0 


  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X  !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)







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