Concílio de Calcedónia
Concílio de Calcedónia | |
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Data | 451 |
Aceite por | Católicos Romanos, Católicos Ortodoxos e Protestantes |
Concílio anterior | Segundo Concílio de Éfeso |
Concílio seguinte | Segundo Concílio de Constantinopla |
Convocado por | Imperador Marciano |
Presidido por | Pascânio |
Afluência | 500 |
Tópicos de discussão | Monofisismo, Cristologia e decisões sobre o II Concilío de Éfeso, em 449 |
Documentos | Credo da Calcedônia e 28 cânons |
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O Concílio de Calcedónia (português europeu) ou Calcedônia (português brasileiro) foi um concílio ecuménico que se realizou de 8 de outubro a 1 de novembro de 451 em Calcedónia, uma cidade da Bitínia, na Ásia Menor, frente a Constantinopla. Foi o quarto dos primeiros sete concílios ecumênicos da história do cristianismo, onde foi repudiada a doutrina de Eutiques relativa ao monofisismo e declarada a dualidade humana e divina de Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Índice
1 História
2 O Monofisismo em Alexandria e em Constantinopla
3 As principais decisões de Calcedônia
4 Igrejas ortodoxas orientais
5 Ver também
6 Referências
História |
Este concílio foi convocado pelo imperador bizantino Marciano e contou com a participação de 350 bispos (algumas fontes[quem?] fazem referência a 520 bispos), e tornou-se a assembleia mais importante ocorrida até então na história do Cristianismo.
Ele fora convocado para discutir sobre as duas naturezas de Jesus Cristo e para corrigir os erros e abusos do Segundo Concílio de Éfeso (449).
Tudo havia começado com o Patriarca de Constantinopla Nestório (428-431), que, influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia, havia proposto a separação ou existência de duas naturezas em Cristo, uma natureza humana e a outra divina. Esta doutrina, fortemente refutada por Cirilo de Alexandria, que insistia com Nestório sobre a unidade da pessoa de Cristo. Para dirimir a questão, suscitada por Nestório, foi instaurado em junho de 431, o Primeiro Concílio de Éfeso, convocado por Teodósio II e conhecido como Terceiro Concílio Ecumênico.
O concílio não levou a um entendimento único sobre a questão, entre os bispos alexandrinos e os bispos antioquenos, entretanto Nestório foi deposto, a doutrina pregada por ele refutada e Eutiques, condenado.
Em 433, aconteceu um encontro entre as duas partes, chamado a fórmula da unidade onde os antioquenos aceitaram a doutrina de Maria como mãe de Deus (Teótoco) e os alexandrinos aceitaram as duas naturezas em Cristo.
Mais tarde entretanto, em 449, também em Éfeso, e desta vez presidido pelo Patriarca de Alexandria Dióscoro, o Segundo Concílio de Éfeso concluíu pela reabilitação de Eutiques e a condenação do Patriarca de Constantinopla Flaviano. Nesse concílio, Dióscoro recusou-se a ler a carta doutrinária de Leão I, conhecida como Tomus ad Flavianum. Ato seguinte, após o concílio, Flaviano foi surrado, pisado e morreu poucos dias depois. Leão I chamou este concílio de o "Latrocínio de Éfeso" ou "Sínodo de Ladrões".
O Monofisismo em Alexandria e em Constantinopla |
Ver artigos principais: Monofisismo e Nestorianismo
O Patriarca de Alexandria, Dióscoro (444-451), fora o primeiro monofisista e havia sucedido, por indicação dele, São Cirilo I o Grande ou Cirilo de Alexandria (412-431 e 431-444), o qual, por sua vez, havia sucedido a Teófilo I de Alexandria (385-412). A igreja estava dividida e, em 451, Dióscoro foi deposto pelo Concílio de Calcedônia e foi eleito São Protério (451-457). Em 457, os monofisistas voltaram à carga e elegeram Timóteo II Aerulus (457-460 e 475-477). Em 460, os ortodoxos o depuseram e elegeram Timóteo III Salofaciol (460-475 e 477-482). Em 475, este foi deposto pelos monofisistas e novamente Timóteo foi reempossado até 477, quando retornou Timóteo Salofaciol, ortodoxo. Em 477, os monofisistas elegeram Pedro III Mongo (477-490). Os ortodoxos por sua vez, em 482. tentaram colocar João I Talaia que só ficou por um ano. E, em 490, outro monofisista seria eleito: Atanásio Kelitis (490-496).
Por outro lado Eutiques, abade em Constantinopla (partidário do falecido Cirilo), denunciou à sé romana o Patriarca Flaviano, acusado de ser um adepto do Nestorianismo. Entraram em jogo as ações de Crisápio, capelão do imperador em Constantinopla e político poderoso. Aí se fundamenta a heresia de Eutiques, que negava que em Cristo existissem duas naturezas depois da encarnação e que este não seria humano como os homens. Assim, depois da morte do imperador Teodósio II (408-450), Pulquéria e Marciano (450-457), com o apoio de Leão I convocaram este novo concílio em Calcedônia.
As principais decisões de Calcedônia |
Ver artigo principal: Credo calcedoniano
Presidido por Pascânio, as principais decisões deste concílio foram:
- Condenação da simonia, de casamentos mistos e ordenações absolutas (realizada sem que o novo clérigo tivesse determinada função pastoral).[1]
- Deposição e condenação de Eutiques de Constantinopla (criador do monofisismo) e Dióscoro I (444-451) de Alexandria.
- Aprovação do Tomus ad Flavianum de Leão.
- Afirmação da existência de duas naturezas na única pessoa de Cristo: diofisismo, contra o monofisismo:
- "Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, "semelhante a nós em tudo com exceção do pecado"(Hb4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase."(DS 301-302)."
Este concílio encerrou as discussões cristológicas que permearam os três concílios ecumênicos anteriores: Niceia em 325, Constantinopla em 381 e Éfeso em 431. Nesse concílio, rejeitou-se veementemente o monofisismo (a heresia de Eutiques), que negava a natureza humana de Jesus, e prevaleceu a ideia de que em Cristo havia duas naturezas: a humana e a divina. Contribuiu para isso, fundamentalmente, o Tomus ad Flavianum, carta enviada por Leão I a Flaviano Patriarca de Constantinopla. Esta Epístola Dogmática foi lida em Calcedônia e acolhida pelos bispos presentes. Dada a eloquência de Leão I, a exclamação era que "Pedro falou pela boca de Leão":
- "Todos nós, com voz uníssona, ensinamos a fé num só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo o mesmo perfeito na divindade e o mesmo perfeito na humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, com alma racional e com corpo, da mesma substância do Pai quanto à divindade e quanto à humanidade da mesma substância que nós, em tudo semelhante a nós menos no pecado; o mesmo que desde a eternidade é procedente do Pai por geração quanto à divindade e o mesmo que quanto à humanidade nos últimos tempos foi gerado pela Virgem Maria, Mãe de Deus, por nós e nossa salvação; sendo um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que nós reconhecemos com o existente em duas naturezas, sem confusão, sem mutação e sem divisão, sendo que a diversidade das naturezas nunca foi eliminada pela união, ao contrário, a propriedade de cada uma das naturezas ficou intata e ambas se encontram em uma só pessoa e uma só hipóstase. O Filho não foi dividido ou separado em duas pessoas, mas é um só e o mesmo a quem chamamos de Filho, Unigênito, Deus, Verbo, Senhor, Jesus Cristo, como desde o início a respeito dele falaram os profetas e o próprio Jesus Cristo nos ensinou e como nos foi transmitido pelo Símbolo dos Padres."
E o outro documento igualmente importante foi a carta de Cirilo de Alexandria a João I de Antioquia (r. 429–441):
- "Este nascimento no tempo não diminuiu em nada o nascimento divino e eterno, e a ele nada. Seu significado inteiro concretizou-se na restauração da humanidade, que se havia desviado. Aconteceu a fim de que a morte fosse vencida e que o diabo, que antes exercia a soberania da morte, fosse destruído pelo seu poder, pois não poderíamos vencer o autor do pecado e da morte a não ser que aquele, a quem o pecado não podia manchar nem a morte podia agarrar, assumisse a nossa natureza e a tornasse sua própria."
Igrejas ortodoxas orientais |
Ver artigos principais: Igrejas ortodoxas orientais e Cristianismo calcedoniano
Por não ter sido aceito por alguns movimentos cristãos ortodoxos, o Concílio de Calcedônia deu origem às Igrejas ortodoxas orientais, a saber: a Igreja Ortodoxa Copta ou Egípcia, a Igreja Ortodoxa Síria, a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Ortodoxa da Etiópia.
Ver também |
- Concílios nacionais, regionais ou plenários
Referências
↑ OLIVEIRA, José Lisboa Moreira (12 de abril de 2012). «Deus chama, mas a hierarquia da Igreja não aprova». ADITAL. Consultado em 18 de abril de 2012