Exército Vermelho
Nota: Para pelo exército da República Popular da China, que originalmente chamava-se igualmente Exército Vermelho, veja Exército de Salvação Popular.
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O Exército Vermelho, na sua forma curta, ou Exército Vermelho dos Operários e dos Camponeses (em russo: Рабоче-крестьянская Красная армия - Rabotche-krest'yánskaya Krásnaya armiya) foi o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, criado por Leon Trótski dos Bolcheviques em 1918 para defender o país durante a Guerra Civil Russa, sendo substituído pelo Exército Russo em 1991.
O nome, abreviado geralmente para Exército Vermelho, faz referência à cor vermelha, símbolo do socialismo, e ao sangue derramado pela classe operária em sua luta contra o capitalismo. Apesar de o Exército Vermelho ter sido transformado oficialmente no Exército Soviético em 1946, o termo Exército Vermelho é de uso comum no Ocidente para se referir a todas as Forças Armadas da União Soviética ao longo de sua história. Cresceu muito na década de 1940, tornando-se um dos maiores e mais poderosos exércitos da história militar.
O Exército Vermelho é amplamente creditado como sendo a força decisiva na vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, por haver derrotado cerca de 80% das forças armadas do Eixo, a Wehrmacht e Waffen-SS, na Frente Oriental.[1][2]
Índice
1 Criação
2 Guerra civil
3 A Grande Guerra Patriótica
4 A Guerra Fria
5 Ver também
6 Referências
Criação |
O Exército Vermelho foi criado em 28 de janeiro de 1918. No início, foi integrado por voluntários camponeses e operários comunistas. O comando foi formado com oficiais do antigo exército imperial do Czar que haviam decidido permanecer em seus postos depois da Revolução de Outubro, em 1917. Ao se intensificar a guerra civil desatada por antigos oficiais aliados aos kulaks (grandes latifundiários), Lenin recorreu ao recrutamento obrigatório. No transcurso da guerra interna, o Exército Vermelho chegou a contar com um efetivo de 5 milhões de homens, que enfrentaram o Exército Branco organizado pelos comandantes reacionários Lavr Kornilov e Anton Denikin, entre outros.
A organização do Exército Vermelho esteve a cargo de Leon Trótski, que antes da revolução havia tido sob seu comando o comitê militar revolucionário que comandou o ataque à sede do governo provisório. Os bolcheviques (comunistas) tinham considerável influência no exército do tsar. A Primeira Guerra Mundial debilitou a moral dos soldados, com o número de deserções aumentando a cada dia durante o conflito. Os comunistas tentaram com bastante êxito criar uma moral revolucionária no lugar da moral patriótica em declínio. Os soldados eram uma peça chave de seu projeto sublevatório.
As assembleias revolucionárias (sovietes), deviam ser "de operários, soldados e camponeses", segundo o lema do Partido Bolchevique (comunista). Meses antes da revolução, centenas de unidades do exército participaram de um congresso de organizações militares em Petrogrado (hoje São Petersburgo).
Logo após a criação do Exército Vermelho, a política de incorporação voluntária dava por resultado um exército de base muito instável e pouco disciplinada. Trótski defendeu o recrutamento obrigatório, a manutenção dos oficiais tsaristas em seus cargos e o comissariado político (incorporação de dirigentes do Partido junto ao comando militar). Restabeleceu a disciplina militar e reprimiu severamente a deserção e a traição. Explicou que não podiam dirigir as forças armadas com comitês revolucionários eleitos pelos soldados e acabou com a tática da guerra de guerrilha praticada em algumas regiões da Rússia, por considerá-la inadequada para uma luta em grande escala como a que se previa contra os brancos.
Guerra civil |
De 1918 a 1922, foi travada a Guerra Civil Russa, entre as tropas dos revolucionários (vermelhos) e as dos reacionários (brancos). Nesse conflito, nasceu o Exército Vermelho como a força organizada dos revolucionários bolcheviques.
Trótski percorreu pessoalmente num comboio blindado as frentes de batalha durante mais de dois anos. Os brancos dominavam a região sul do antigo império, mais a Sibéria e parte do interior da Rússia. Durante algum tempo, os brancos receberam ajuda dos aliados que haviam vencido a Primeira Guerra Mundial (como a França, a Polônia, o Reino Unido e os EUA). Os brancos chegaram a ameaçar seriamente Moscovo, mas acabaram derrotados. Algumas dos principais vitórias do Exército Vermelho foram protagonizadas pela "Cavalaria Vermelha", comandada pelo marechal Semion Budionny. A cavalaria foi um dos novos corpos criados no exército por Trótski.
Os brancos capitularam em 1920, mas a guerra continuou contra os chamados "verdes", bandos de cossacos e camponeses que assolaram alguns distritos russos, e contra a intervenção de polacos e japoneses. O conflito com os polacos terminou em 1921 e os japoneses se retiraram em 1922.
Terminada a guerra civil, o exército não evoluiu até a década de 1930, quando começou a se desenvolver a etapa motorizada. Os expurgos de Stálin privaram o Exército Vermelho de alguns de seus mais competentes comandantes, justamente às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Mais de 30.000 oficiais foram destituídos, e muitos deles foram presos, enviados para gulags ou fuzilados.
A Grande Guerra Patriótica |
Durante a Segunda Guerra Mundial, chamada oficialmente de "Grande Guerra Patriótica" na Rússia, a indústria bélica desenvolveu-se enormemente.
Stalin colocou a indústria a serviço da produção de aço, metalurgia e outros bens de produção para a indústria pesada. O Exército Vermelho foi dotado de novos canhões, baterias antiaéreos, diferentes tipos de carros de combate, um canhão antitanque e aviões muito eficientes: os Mig, o Yakovlev e o Il 2. Um lança-mísseis chamado familiarmente de Katyusha, ou "o órgão de Stalin", foi um arma de grande poder destrutivo. A marinha também foi fortalecida. O comandante-em-chefe das tropas vermelhas era o próprio Stalin e abaixo dele, como Comissário para Defesa, Semyon Timoshenko, considerado um dos melhores estrategistas da história soviética. O estado-maior esteve a cargo de Georgy Zhukov, que havia iniciado sua carreira militar no exército czarista e comandaria pessoalmente várias vitórias contra a Alemanha nazista.
A Segunda Guerra Mundial significou para o Exército Vermelho um enorme triunfo e também grandes perdas de vidas humanas, As novas pesquisas dos materiais estatísticos do Estado-Maior General (EMG) das Forças Armadas russas determinaram que o Exército Vermelho perdeu 11 444 100 pessoas. Trata-se dos mortos em combate, mortos em hospitais em consequência de feridas ou doenças adquiridas, desaparecidos e aprisionados.
De acordo com o EMG, de 11 444 100, 5 059 000 pessoas desapareceram ou foram aprisionadas. Isto é cerca de 42,3%. Documentos alemães dizem que aproximadamente 450 500 militares deste número morreram, passaram a viver em territórios ocupados ou passaram a integrar os guerrilheiros. Quanto aos aprisionados, 4 599 000.
Em retrocesso durante quase todo o conflito, o exército reverteu o jogo com heroísmo na defesa de Estalinegrado (hoje Volgogrado) e de Moscovo. Em seguida, fez retroceder os alemães até Berlim, depois da batalha de Kursk (Rússia, 1943), a maior batalha terrestre da História até hoje: mais de 2 milhões de soldados participaram dela. O Exército Vermelho foi o primeiro a entrar na capital alemã e os seus soldados hastearam a bandeira soviética sobre o edifício do Reichstag (parlamento alemão), marcando simbólica e definitivamente a vitória aliada sobre o nazismo.
A Guerra Fria |
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho foi o eixo do Pacto de Varsóvia, a organização militar de defesa mútua integrada pelos países do Bloco Socialista no Leste Europeu. O armamento nuclear soviético aumentou proporcionalmente ao dos americanos. Sob mandado do Pacto, o Exército Vermelho interveio na Hungria (1956) e na antiga Checoslováquia (1968) para sufocar levantes contra as autoridades comunistas locais.
A última guerra da qual o Exército Vermelho participou foi a do Afeganistão, entre 1980 e 1989, em apoio ao governo democrático do país, que havia solicitado ajuda para combater a insurreição armada de extremistas islâmicos. Os extremistas (entre eles Osama bin Laden), com apoio direto da CIA (Estados Unidos) e da China, acabaram prolongando e vencendo o conflito, apesar da diferença exorbitante entre as baixas no exército soviético, cerca de 20 mil, e dos rebeldes afegãos, com mais de 1 milhão de mortos, de acordo com as estimativas. O Exército Vermelho retirou-se do Afeganistão em 1989.
Depois de derrubado o regime soviético, em 1991, o Exército Vermelho foi desmantelado. No entanto, o atual Exército da Federação Russa ainda utiliza muitos dos símbolos e organização do Exército Vermelho da União Soviética.
Ver também |
- Exército Negro
- Exército Verde
- Exército Azul
- História militar da União Soviética
- História da Rússia
- Regimento chinês do Exército Vermelho
Referências
↑ Norman Davies (em inglês): "Since 75%-80% of all German losses were inflicted on the eastern front it follows that the efforts of the western allies accounted for only 20%-25%". Tradução: "Uma vez que 75%-80% de todas as baixas alemãs se deram na frente oriental, segue-se que o esforço dos aliados ocidentais consistiu apenas em 20%-25% do total". Fonte: Sunday Times, 5 de novembro de 2006.
↑ Paul-Marie de La Gorce (2004). «Conclusão». 1939-1945 Uma Guerra Desconhecida. Lisboa: Editorial Caminho. p. 530. ISBN 972-21-1648-7. Depósito legal 215992/04 Citação: "Chegou então a viragem de Dezembro de 1942 [1941 no original, clara gralha]. Em alguns dias, no princípio desses mês, a guerra mudou de sentido e de dimensão. A partir desse momento, estava adquirido que a Rússia não seria abatida. Golpes formidáveis poderiam ainda ser desferidos contra ela, mas seria forçoso, de qualquer maneira, que a Alemanha consagrasse a isso o essencial das suas forças - nunca foi menos de dois terços - e ela arriscava-se já a pesadas derrotas."