Linguagem
Nota: Para outros significados, veja Linguagem (desambiguação).
Linguagem pode se referir tanto à capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quanto a uma instância específica de um sistema de comunicação complexo[3]. O estudo científico da linguagem, em qualquer um de seus sentidos, é chamado linguística[4][3].
Atualmente, entre 3000 e 6000 línguas são usadas pela espécie humana, e um número muito maior era usado no passado. As línguas naturais são os exemplos mais marcantes que temos de linguagem. Outros tipos de linguagem se baseiam na observação visual e auditiva, como as línguas de sinais e a escrita. Os códigos e outros sistemas de comunicação construídos artificialmente, como aqueles usados para programação de computadores, também podem ser chamados de linguagens – a linguagem, nesse sentido, é um sistema de sinais para codificação e decodificação de informações. A palavra portuguesa deriva do francês antigo langage[nota 1]. Quando usada como um conceito geral, a palavra "linguagem" refere-se a uma faculdade cognitiva que permite aos seres humanos aprender e usar sistemas de comunicação complexos.
A linguagem humana enquanto sistema de comunicação é fundamentalmente diferente e muito mais complexa do que as formas de comunicação das outras espécies. Ela se baseia em um diversificado sistema de regras relativas a símbolos para os seus significados, resultando em um número indefinido de possíveis expressões inovadoras a partir de um finito número de elementos. De acordo com os especialistas, a linguagem pode ter se originado quando os primeiros hominídeos começaram a cooperar, adaptando sistemas anteriores de comunicação baseados em sinais expressivos a fim de incluir a teoria da mente, compartilhando assim intencionalidade. Nessa linha, o desenvolvimento da linguagem pode ter coincidido com o aumento do volume do cérebro, e muitos linguistas acreditam que as estruturas da linguagem evoluíram a fim de servir a funções comunicativas específicas. A linguagem é processada em vários locais diferentes do cérebro humano, mas especialmente na área de Broca e na Área de Wernicke[5]. Os seres humanos adquirem a linguagem através da interação social na primeira infância. As crianças geralmente já falam fluentemente quando estão em torno dos três anos de idade[6].
O uso da linguagem tornou-se profundamente enraizado na cultura humana para comunicar e compartilhar informações, mas também como expressão de identidade e de estratificação social, para manutenção da unidade em uma comunidade e para o entretenimento. A palavra "linguagem" também pode ser usada para descrever o conjunto de regras que torna isso possível, ou o conjunto de enunciados que pode produzir essas regras.
Todas as línguas contam com o processo de semiose, que relaciona um sinal com um determinado significado. Línguas faladas e línguas de sinais contêm um sistema fonológico que rege a forma como os sons ou os símbolos visuais são articulados a fim de formar as sequências conhecidas como palavras ou morfemas; além de um sistema sintático para reger a forma como as palavras e os morfemas são utilizados a fim de formar frases e enunciados. Línguas escritas usam símbolos visuais para representar os sons das línguas faladas, mas elas ainda necessitam de regras sintáticas que governem a produção de sentido a partir da sequências das palavras. As línguas evoluem e se diversificam ao longo do tempo. Por isso, sendo a língua uma realidade essencialmente variável, não há formas de falar intrinsecamente erradas. A noção de certo e errado tem origem na sociedade, não na estrutura da língua[7][8][9].
A história de sua evolução pode ser reconstruída a partir de comparações com as línguas modernas, determinando assim quais características as línguas ancestrais devem ter tido para as etapas posteriores terem ocorrido. Um grupo de idiomas que descende de um ancestral comum é conhecido como família linguística. As línguas mais faladas no mundo atualmente são as pertencentes à família indo-europeia, que inclui o inglês, o espanhol, o português, o russo e o hindi; as sino-tibetanas, que incluem o chinês, mandarim, cantonês e outras; as semíticas, que incluem o árabe, o amárico e o hebraico; e as bantu, que incluem o suaíli, o zulu, o shona e centenas de outras línguas faladas em toda a África.
Índice
1 Definições
1.1 Faculdades mentais, órgãos do corpo ou instintos
1.2 Sistema simbólico formal
1.3 Ferramenta para comunicação
1.4 O que torna a linguagem humana única
2 Origem
3 Aquisição da linguagem
4 Linguagem humana
5 Linguagem artificial
6 Linguagem de animais
7 Ver também
8 Referências
9 Ligações externas
Definições |
A palavra linguagem tem pelo menos dois significados fundamentais: a linguagem como um conceito geral e a linguagem como um sistema linguístico específico (língua portuguesa, por exemplo). Em português, utiliza-se a palavra linguagem como um conceito geral e a palavra língua como um caso específico de linguagem. Em francês, o idioma utilizado pelo linguista Ferdinand de Saussure (o primeiro que explicitamente fez essa distinção), existe a mesma distinção entre as palavras langage e langue[10].
Quando se fala de linguagem como um conceito geral, várias definições podem ser utilizadas para salientar diferentes aspectos do fenômeno[10]. Essas definições implicam também diferentes abordagens e entendimentos de linguagem, distinguindo as diversas escolas de teoria linguística.
Faculdades mentais, órgãos do corpo ou instintos |
Uma das definições entende a linguagem, primordialmente, como a faculdade mental que permite aos seres humanos realizarem qualquer tipo de comportamento linguístico: aprender línguas, produzir e compreender enunciados. Tal definição destaca as bases biológicas para a linguagem como um desenvolvimento exclusivo do cérebro humano[11][12]. A linguagem é tida como uma propensão inata do ser humano. Exemplos dessa abordagem são a gramática universal de Noam Chomsky e a teoria inatista de Jerry Fodor. Essa definição é muitas vezes aplicada nos estudos da linguagem no quadro das ciências cognitivas e da neurolinguística. A língua também pode ser entendida como o órgão muscular relacionado ao sentido do paladar que fica localizado na parte ventral da boca da maior parte dos animais vertebrados e que serve para "processar" os alimentos.
Sistema simbólico formal |
Outra definição vê a linguagem como um sistema formal de signos, regidos por regras gramaticais que, quando combinadas, geram significados. Essa definição enfatiza o fato de que as línguas humanas podem ser descritas como sistemas estruturais fechados, constituídos de regras que relacionam sinais específicos com significados específicos. A visão estruturalista foi introduzida por Ferdinand de Saussure, e tornou-se fundamental para a maioria das abordagens da linguística atual. Alguns adeptos dessa teoria têm defendido uma abordagem formal para estudar as estruturas da linguagem, privilegiando assim a formulação de regras abstratas subjacentes que podem ser entendidas para gerar estruturas linguísticas observáveis. Seu principal proponente é Noam Chomsky, que define a linguagem como um conjunto particular de frases que podem ser geradas a partir de um determinado conjunto de regras[13]. O ponto de vista estruturalista é comumente usado na lógica formal, na semiótica, e em teorias da gramática formal – mais comumente nos quadros teóricos da gramática descritiva. Na filosofia da linguagem, esse ponto de vista está associado a filósofos como Bertrand Russell, às primeiras obras de Ludwig Wittgenstein, Alfred Tarski e Gottlob Frege.
Ferramenta para comunicação |
Um sistema de comunicação que permite aos seres humanos o compartilhamento de sentidos é outra definição para linguagem. Essa abordagem realça a função social da linguagem e o fato de que o homem a utiliza para se expressar e para manipular objetos em seu ambiente. As teorias da gramática funcional explicam as estruturas gramaticais por suas funções comunicativas, e as compreendem como o resultado de um processo adaptativo para atender às necessidades comunicativas de seus usuários. Essa visão está associada ao estudo da linguagem na pragmática, na linguística cognitiva e interacional, bem como na sociolinguística e na linguística antropológica. Ao entender a gramática como um fenômeno dinâmico, com estruturas que estão sempre em processo de mudança, as teorias funcionais levam ainda ao estudo da tipologia linguística. Na filosofia da linguagem esses pontos de vista são frequentemente associados com as obras posteriores de Ludwig Wittgenstein e com os filósofos da linguagem ordinária, como GE Moore, Paul Grice, John Searle e John Austin.
O que torna a linguagem humana única |
A linguagem humana é única quando comparada com outras formas de comunicação, como aquelas usadas por animais. Ela permite aos seres humanos produzir um conjunto infinito de enunciados, a partir de um conjunto finito de elementos[3][14]. Os símbolos e as regras gramaticais de qualquer tipo de linguagem são, em grande parte, arbitrários. Por isso, o sistema só pode ser adquirido por meio da interação social. Os sistemas conhecidos de comunicação utilizados por animais, por outro lado, só podem expressar um número finito de enunciados, que são, na sua maioria, transmitidos geneticamente[15]. A linguagem humana é também a única que tem uma estrutura complexa, projetada para atender a uma grande quantidade de funções – bem mais do que qualquer outro tipo de sistema de comunicação.
Origem |
As teorias sobre a origem da linguagem podem ser divididas segundo algumas premissas básicas. Algumas sustentam a ideia de que a linguagem evoluiu a partir de um sistema pré-linguístico existente entre os nossos ancestrais pré-humanos. São as teorias baseadas na continuidade. O ponto de vista oposto afirma que a linguagem é um traço humano único, incomparável a qualquer outro encontrado entre os não-humanos, e que deve, portanto, ter surgido repentinamente na transição entre os pré-hominídeos e o homem primitivo. É a teoria da descontinuidade. Outras teorias, ainda, veem a linguagem como uma faculdade inata, geneticamente codificada, ou como um sistema cultural, que se aprende por meio da interação social[17]. Atualmente, o único defensor proeminente da teoria da descontinuidade é Noam Chomsky[18]. De acordo com ele, "alguma mutação aleatória ocorreu, talvez depois de algum chuveiro de raios cósmicos estranhos. O cérebro foi reorganizado, implantando assim um órgão da linguagem num cérebro primata". Acautelando-se para que sua história não seja tomada literalmente, Chomsky insiste que ela "pode estar mais próxima da realidade do que muitos outros contos de fadas que são contados sobre processos evolutivos, incluindo a linguagem"[19]. A maioria dos estudiosos, atualmente, toma como referências as teorias baseadas na continuidade, embora variem na forma como encaram o desenvolvimento da linguagem. Aqueles que entendem a linguagem como faculdade inata, como Steven Pinker, por exemplo, mantêm como precedente a cognição animal. Já os que veem a linguagem como uma ferramenta de comunicação socialmente aprendida, como Michael Tomasello, a consideram desenvolvida a partir da comunicação animal[5], gestual[20] ou vocal. Existem, ainda, outros modelos de continuidade, que acreditam que a linguagem se desenvolveu a partir da música[21].
Uma vez que o surgimento da linguagem está localizado no início da pré-história do homem, os desenvolvimentos relevantes na língua não deixaram vestígios históricos diretos, e não existe a possibilidade de processos similares serem observados hoje. Teorias que dão ênfase à continuidade muitas vezes olham para os animais a fim de identificar, por exemplo, se os primatas mostram qualquer traço análogo a algum tipo de linguagem utilizada pelos pré-humanos. Alternativamente, os primeiros fósseis humanos são inspecionados à procura de vestígios de adaptação física para a linguagem. Atualmente, é indiscutível que, em sua maioria, os pré-humanos Australopithecus não tinham sistemas de comunicação significativamente diferentes daqueles encontrados nos símios em geral. As opiniões na academia variam, entretanto, quanto à evolução desses sistemas desde o aparecimento do Homo, cerca de 2,5 milhões de anos atrás. Alguns estudiosos assumem o desenvolvimento de sistemas primitivos de linguagem (proto-língua) tão cedo quanto o Homo habilis, enquanto outros associam o desenvolvimento da comunicação simbólica primitiva apenas com o Homo erectus (1,8 milhões de anos atrás) ou o Homo heidelbergensis (0,6 milhões de anos atrás). Há ainda linhas de conhecimento segundo a qual o desenvolvimento da linguagem como a conhecemos estaria ligado com o Homo sapiens sapiens, há menos de cem mil anos, na África[22]. Análises linguísticas usadas por Johanna Nichols , linguista da Universidade da Califórnia, Berkeley, baseadas no tempo necessário para atingir a atual difusão e diversidade nas línguas modernas, apontam que a linguagem vocal surgiu, pelo menos, cem mil anos atrás[23].
Aquisição da linguagem |
Ver artigo principal: Aquisição da linguagem
Todo ser humano saudável já nasce programado para falar, com uma propensão inata para a linguagem[24][25]. As crianças adquirem a língua ou as línguas que são empregadas pelas pessoas que convivem perto delas[3]. Esse processo de aprendizagem é algo complexo. Por isso, acredita-se que a aquisição da primeira língua é a maior façanha que podemos realizar durante toda a vida. Ao contrário de muitos outros tipos de aprendizagem, a aquisição da primeira língua não requer ensino direto ou estudo especializado[24]. Em A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo, o naturalista Charles Darwin chamou esse processo de "tendência instintiva para adquirir uma arte"[11].
Desde o nascimento, os recém-nascidos respondem mais prontamente à fala humana do que a outros sons. Com cerca de um mês de idade, os bebês parecem ser capazes de distinguir entre diferentes sons da fala. Aos seis meses de idade, as crianças começam a balbuciar, produzindo ou os sons da fala ou as formas com as mãos das línguas utilizadas em torno delas. Desde muito cedo, qualquer criança sabe e fala muito além das frases que ela escutou dos adultos. Não repete simplesmente o que lhe dizem: com as regras que ela apreendeu das frases ouvidas, forma inúmeras outras. Ou seja, desde a primeira infância, a pessoa "cria" as suas frases. Essa criatividade é o traço característico da chamada gramática universal, internalizada pelas crianças[24]. Proposta por Noam Chomsky, ela parte do princípio de que há uma gramática inerente a todos os falantes, de qualquer língua, que faria com que ninguém optasse por uma estrutura altamente errada, entre as infinitas combinações possíveis de palavras[26]. As palavras aparecem entre 12 e 18 meses de idade. Uma criança de 18 meses emprega, em média, cerca de 50 palavras.
As primeiras declarações das crianças são holofrases, ou seja, expressões que utilizam apenas uma palavra para comunicar alguma ideia. Vários meses depois que uma criança começa a produzir palavras, ela produzirá discursos telegráficos e frases curtas que são menos complexas gramaticalmente do que a fala dos adultos, mas que mostram a estrutura sintática regular. Com dois anos a criança já domina o arcabouço fundamental de sua língua. Com aproximadamente três anos, a capacidade da criança de falar ou de fazer sinais é tão refinada que se assemelha à linguagem adulta[24][27].
Linguagem humana |
Ver artigo principal: Língua natural
As línguas humanas são geralmente referidas como línguas naturais, tendo a linguística como a ciência responsável por estudá-las. Nas línguas naturais, a progressão comum é que as pessoas, primeiro, falem, depois inventem um sistema de escrita e, em seguida, gramaticalizem a língua, numa tentativa de entendê-la e explicá-la[27].
Línguas vivem, morrem, misturam-se, mudam de lugar , se alteram com o passar do tempo. Qualquer língua que deixa de mudar ou de se desenvolver é categorizada como uma língua morta[27]. Por outro lado, qualquer língua que está em estado contínuo de mudança é conhecida como uma língua viva ou linguagem moderna. Por essas razões, o maior desafio para o falante de uma língua estrangeira é permanecer imerso nela, a fim de acompanhar as mudanças que se processam.
Às vezes, a distinção entre um idioma e outro é quase impossível[28]. Por exemplo, há dialetos do alemão que são semelhantes a dialetos holandeses. A transição entre as línguas dentro de uma mesma família linguística é muitas vezes gradual (veja continuum dialetal). Alguns gostam de fazer paralelos com a biologia, na qual não é possível estabelecer uma distinção bem definida entre uma espécie e outra. Em ambos os casos, a dificuldade se dá em identificar os troncos a partir da interação entre as linguagens e as populações. (Veja dialeto ou August Schleicher para uma discussão mais longa). Os conceitos de Ausbausprache, Abstandsprache e Dachsprachesão são usados para fazer distinções mais refinadas sobre os graus de diferença entre línguas e/ou dialetos.
A língua de sinais é uma linguagem que, em vez de padrões sonoros acusticamente transmissíveis, utiliza padrões de sinal visuais (comunicação manual e/ou linguagem corporal) para transmitir um significado, combinando gestos manuais, orientação e movimentação das mãos, braços ou expressões corporais e faciais para expressar seus pensamentos com fluidez. Centenas de línguas de sinais estão em uso em todo o mundo, no interior das culturas locais de surdos[29].
Linguagem artificial |
Ver artigo principal: Língua artificial
A língua artificial é um tipo de linguagem onde a fonologia, gramática e/ou vocabulário foram conscientemente concebidos ou modificados por um indivíduo ou grupo, em vez de evoluído naturalmente[31]. Existem várias razões possíveis para a construção de uma língua: facilidade humana para a comunicação (veja língua auxiliar), adição de profundidade a uma obra de ficção ou a lugares imaginários, experimentação linguística, criação artística ou, ainda, realização de jogos de linguagem.
A expressão "língua planejada" é por vezes utilizada para conceituar línguas auxiliares internacionais e outras linguagens projetadas para uso real na comunicação humana. Fora da comunidade esperantista, o termo "língua planejada" designa as prescrições dadas a uma linguagem natural para padronizá-la. Nesse sentido, mesmo as línguas naturais podem ser artificiais em alguns aspectos. As gramáticas normativas, que são tão antigas quanto as línguas clássicas – como o latim, o sânscrito e o chinês –, são baseadas em regras codificadas das línguas naturais. Essas codificações são um meio termo entre a seleção natural da língua e o desenvolvimento da linguagem, sua construção e prescrição explícita[32].
A matemática, a lógica e a ciência da computação utilizam entidades artificiais chamadas linguagens formais (incluindo a linguagem de programação e a linguagem de marcação). Muitas vezes, essas linguagens tomam a forma de cadeias de caracteres, produzidas por uma combinação de gramática formal e semântica de complexidades arbitrárias.
A linguagem de programação é uma linguagem formal dotada de semântica, que pode ser utilizada para controlar o comportamento de uma máquina, particularmente um computador, a fim de executar tarefas específicas. As linguagens de programação são definidas usando regras sintáticas e semânticas para determinar a sua estrutura e o seu significado, respectivamente. As linguagens de programação são empregadas para facilitar a comunicação sobre a tarefa de organizar e manipular informações e para expressar algoritmos com precisão. Há ainda a linguística computacional, que pode ser entendida como a área de conhecimento que explora as relações entre linguística e informática, tornando possível a construção de sistemas com capacidade de reconhecer e produzir informações apresentadas em linguagem natural[33][34].
Linguagem de animais |
Ver artigo principal: Linguagem animal e Comunicação animal
O termo "linguagem animal" é frequentemente utilizado para os sistemas de comunicação não-humanos. Linguistas e semióticos não a consideram uma linguagem verdadeira, descrevendo-a como sistemas de comunicação animal baseados em sinais não-simbólicos[35], já que a interação entre animais nesse tipo de comunicação é fundamentalmente diferente dos princípios da linguagem humana. Segundo essa abordagem, uma vez que os animais não nascem com a capacidade de raciocinar em termos de cultura, a comunicação animal se refere a algo qualitativamente diferente do que é encontrado em comunidades humanas[36]. Comunicação, língua e cultura são mais complexas entre os seres humanos; um cão pode comunicar com sucesso um estado emocional agressivo com um rosnado, que pode ou não fazer com que um outro cão se afaste ou recue. Os cachorros também podem marcar seu território com o cheiro de sua urina ou de seu corpo. Da mesma forma, um grito humano de medo pode ou não alertar outros seres humanos do perigo iminente. Nesses exemplos há comunicação, mas não o que, geralmente, seria chamado de linguagem.
Em vários casos divulgados, os animais vêm sendo ensinados a entender certas características da linguagem humana. Karl von Frisch recebeu o Prêmio Nobel em 1973 por sua pesquisa sobre a comunicação sígnica entre as abelhas. Elas são capazes de, volteando, transmitir vibrações para as outras, dando direção de locais em que há abundância de pólen[37]. Foram ensinados aos chimpanzés, gorilas e orangotangos, com cartões, cores e gestos, a língua de sinais baseada na linguagem de sinais americana, o que resultou em um número notável de frases. O papagaio-cinzento africano, Alex, possuía a capacidade de imitar a fala humana com um alto grau de precisão. Suspeita-se que ele tinha inteligência suficiente para compreender alguns dos discursos que imitou, além de entender o número zero, um conceito abstrato que as crianças só começam a compreender a partir dos 3 anos.[38][39][40][41]. Embora os animais possam ser ensinados a entender partes da linguagem humana, eles são incapazes de desenvolver essa linguagem.
E apesar dos debates, entre os defensores dos sistemas de comunicação animal, acerca dos níveis de semântica dessa linguagem, nada ainda foi encontrado que possa se aproximar da sintaxe da linguagem humana[42].
Ver também |
- Commons
- Commons
- Wikiquote
- Wikcionário
- Comunicação
- Semiótica
- LIBRAS
- LGP
- Linguagem corporal
- Linguagem de programação
- Linguagem não verbal
- Língua de sinais
- Lista de línguas gestuais
- Museu de idiomas
Referências
↑ Estadão (14 de julho de 2010). «Encontrado em Jerusalém o documento escrito mais velho da História»
↑ Maíra Valle e Alessandra Pancetti. A transformação do mundo pela escrita Arquivado em 25 de novembro de 2009, no Wayback Machine.. ComCiência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (10/11/2009);
↑ «Linguagem». Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2012
↑ Ciência na mão. Crânio Antropológico – La Chapelle-Aux-Saints. USP;
↑ "Construído a partir de palavras semelhantes em várias línguas, o esperanto foi criado para servir de idioma universal e promover a paz e a fraternidade entre as nações. Daí o nome, que significa esperançoso".Superinteressante. Quais os idiomas artificiais mais falados do mundo?. Setembro, 2009;
Ligações externas |
Museu da Língua Portuguesa (em português)
Instituto Camões (em português)
Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (em português)
Programa para a História da Língua Portuguesa (em português)
Atlas Linguístico do Brasil (em português)
Enciclopédia das Línguas no Brasil (em português)