Glicocorticoide






Estrutura química do cortisol, um glicocorticóide


Os glicocorticóides são hormônios esteróides caracterizados pela habilidade de se ligar com o receptor de cortisol e desencadear efeitos similares. Os glicocorticóides são distintos dos mineralocorticóides e esteróides sexuais pelos seus receptores específicos, células alvos e efeitos. Tecnicamente, o termo corticosteróide se refere aos glicocorticóides e aos mineralocorticóides, mas geralmente é utilizado como um sinônimo de glicocorticóide.


O cortisol é o glicocorticóide humano mais importante. Ele é essencial para a vida e regula ou sustenta uma grande variedade de funções cardiovasculares, metabólicas, imunológicas e homeostáticas. Os receptores de glicocorticóides são encontrados nas células de quase todos tecidos de vertebrados.


Os glicocorticóides são fármacos utilizados, principalmente, como imunossupressores e anti-inflamatórios. Estes efeitos são particularmente úteis nas doenças autoimunes.




Índice






  • 1 História


  • 2 Indicações Terapêuticas


  • 3 Mecanismo de ação


  • 4 Administração


  • 5 Efeitos úteis


  • 6 Efeitos adversos


  • 7 Fármacos do grupo





História |


Thomas Addison, em meados de 1855, relatou a insuficiência adrenocortical. Conhecida hoje como Doença de Addison. Já em 1912, Harvey William Cushing, relatou o Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing). Estes dois acontecimentos  trouxeram embasamento importantes para estudos ao longo dos últimos anos.[1]


Em 1950, Tadeusz Reichstein, Edward Calvin Kendall e Philip Showalter Hench foram premiados com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, pelo trabalho sobre hormônios da glândula supra renal.[2]



Indicações Terapêuticas |





  • Insuficiências suprarrenais[3] ;

  • Distúrbios reumáticos[4];

  • Distúrbios renais[5];

  • Doenças alérgicas[6];

  • Asma[7];

  • Neoplasia maligna[8];

  • Transplante de órgãos[9];

  • Maturação pulmonar fetal[10].





Mecanismo de ação |


Os glicocorticóides são análogos do hormônio humano cortisol, envolvida na regulação do stress. Eles têm efeitos largamente idênticos aos desse hormônio, mas são administrados freqüentemente em doses muito superiores às fisiológicas, particularmente para se obterem os efeitos imunossupressores.


Os glicocorticóides, como o cortisol, agem sobre um receptor intranuclear que regula transcrição génica. Eles não têm dificuldade em ultrapassar a membrana celular já que são lipofílicos. O seu efeito deve-se à modificação da atividade de vários genes e as proteínas produzidas a partir deles. O receptor ligado ao medidor liga-se a regiões específicas de DNA e activa e inibe a transcrição de diversos genes. Uma vez que a transcrição génica é demorada (é preciso produzir grande quantidade de proteínas) os seus efeitos demoram sempre algumas horas a manifestar-se. Muitos genes são afectados, entre os mais importantes conhecidos, os das ciclooxigenases são inibidos; os das colagenases igualmente, aumento da síntese do mediador anexina-1 com propriedades imunossupressoras devido sua ação nas enzimas fosfolipases A2 (Essas enzimas atuam sobre o fosfolipídio produzindo ácido aracdônico, precursor de mediadores inflamatórios).


Todos os glicocorticóides têm alguma actividade mineralocorticóide. A hormona mineralocorticóide, a aldosterona é semelhante quimicamente ao cortisol, e eles têm actividade parcial nos receptores do outro. A aldosterona age no rim, havendo retenção de água e sódio e excreção de potássio aumentando a pressão arterial sistêmica. Há ainda vasoconstrição.



Administração |


Administração oral (comprimido), intravenosa ou local (creme ou aerossol). Há metabolização hepática.



Efeitos úteis |



  • Imunossupressão profunda; efeito antiinflamatório mais potente que o dos AINEs.

  • Diminuição da mobilidade e actividade dos neutrófilos e macrófagos.

  • Diminuição da secreção de citocinas.

  • Inibição da acção dos linfócitos. Apoptose de linfócitos aumentada.

  • Replicação clonal de linfócitos reduzida.

  • Diminuição da produção de anticorpos.

  • Diminuição da secreção de mediadores inflamatórios como a histamina.



Efeitos adversos |


Possíveis efeitos a curto prazo:



  • Susceptibilidade a infecções, mesmo por microorganismos normalmente inócuos ou pouco agressivos (e.g. leveduras da cerveja, candidíase).

  • Reparação de ferimentos mais lenta.

  • Maior probabilidade de surgirem ferimentos por diminuição da actividade dos fibrócitos.

  • Perda de massa óssea devido à inibição da função dos osteoblastos.

  • Hipercoagulabilidade do sangue.

  • Desordens menstruais.


Possíveis efeitos devidos ao uso a longo prazo (mais de 6 meses com doses consideráveis):



  • Supressão da capacidade do doente de fabricar o seu próprio cortisol devido à atrofia do córtex da adrenal por feedback negativo.


  • Osteoporose (enfraquecimento ósseo)

  • Perda da massa muscular, fraqueza.


  • Cataratas.

  • Face de lua cheia: alteração da conformação devido à perda de músculo e modificação no armazenamento de gordura.

  • Obesidade

  • Síndrome de demência esteroidal

  • Euforia alternada com depressão.

  • Hipertensão intracraniana benigna


  • Glaucoma.


O cortisol tem funções além da imunossupressão em vivo, e também os seus análogos. São importantes as acções no metabolismo da glicose (dai serem também chamados glicocorticoides):



  • Diminuição do uso da glicose; hiperglicemia; estimulo da gliconeogénese. Aumento do catabolismo protéico com perda de massa muscular. Aumento do uso dos lípidos como fonte d energia.

  • Redistribuição do tecido adiposo (gordura) da periferia (nádegas e membros) para o centro (abdominal e peritoneal).


Todos os glucocorticóides têm alguma actividade mineralocorticóide, e daí advêm alguns efeitos indesejados:




  • Hipernatremia com aumento da tensão arterial

  • Hipocaliemia

  • Perda de cálcio.


  • Síndrome de Cushing induzida por corticoides.



Fármacos do grupo |




  • Hidrocortisona: fármaco usado para substituição de cortisol, quando há défices na sua produção normal.


  • Cortisona: Tem efeitos mineralocorticóides acentuados.

  • Corticosterona


  • Dexametasona: pouco efeito mineralocorticóide.


  • Betametasona: pouco efeito mineralocorticóide.


  • Prednisolona: primeira escolha na inflamação sistémica.


  • Prednisona: convertida na anterior in vivo.

  • Metilprednisolona


  • Budesonide: usado na pele (creme) e como aerossol na asma e rinite alérgica.


  • Beclometasona: usado na pele e como aerossol na asma e rinite alérgica.



  • Portal da farmácia



  1. Granner, Daryl K (2015). «Regulatory Actions of Glucocorticoid Hormones: From Organisms to Mechanisms». Advances in Experimental Medicine and Biology. Consultado em 30 de novembro de 2018  line feed character character in |titulo= at position 48 (ajuda)


  2. Burs, CM (2016). «The History of Cortisone Discovery and Development». Rheum Dis Clin North Am  |acessodata= requer |url= (ajuda)


  3. Harris, Charles (2015). «Clinical Perspective: What Do Addison and Cushing Tell Us About Glucocorticoid Action?». Advances in Experimental Medicine and Biology. Consultado em 30 de novembro de 2018 


  4. Bays, AM (2016). «Pharmacologic Therapies for Rheumatologic and Autoimmune Conditions». Medical Clinics of North America. Consultado em 30 de novembro de 2018 


  5. Q, Ye W. (2013). «Survey on common pediatric drugs for renal diseases.». Zhonghua Er Ke Za Zhi  |acessodata= requer |url= (ajuda)


  6. N, Mygind (2014). «Allergic rhinitis». Consultado em 30 de novembro de 2018 


  7. S, Melani A (2014). «Flunisolide for the treatment of asthma». Expert Rev Clin Pharmacol. Consultado em 30 de novembro de 2018 


  8. Burwick, Nicholas (2018). «Glucocorticoids in multiple myeloma: past, present, and future.». Ann Hematol. Consultado em 30 de novembro de 2018 


  9. D'Aragon, F (2017). «Effect of corticosteroid administration on neurologically deceased organ donors and transplant recipients: a systematic review and meta-analysis». BMJ Open. Consultado em 30 de novembro de 2018 


  10. Roberts, D (2017). «Antenatal corticosteroids for accelerating fetal lung maturation for women at risk of preterm birth». Cochrane Database Syst Rev. Consultado em 30 de novembro de 2018 








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