Sufismo
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O sufismo (em árabe: تصوف; transl.: tasawwuf; em persa: صوفیگری; transl.: Sufi gari) é conhecida como a corrente mística e contemplativa do Islão. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis, procuram desenvolver uma relação íntima, direta e contínua com Deus, utilizando-se das práticas espirituais transmitidas pelo profeta Maomé, com destaque para o zikr (a lembrança de Deus), orações e jejuns. Também incorpora práticas, como cânticos, música e movimentos, cuja legalidade é objeto de divergência de opinião entre teólogos e jurisprudentes islâmicos, de diversos países islâmicos, na interpretação da sharia, a lei divina.
O Tasawwuf, palavra árabe que designa o misticismo e esoterismo islâmicos, é conhecido no Ocidente como sufismo. Há duas correntes principais de entendimento islâmico: o sunismo e o xiismo, sendo que o sufismo é observado com mais vigor na corrente sunita.[1] As ordens sufis (turuq) podem estar associadas ao Islão sunita ou xiita, pois não se trata de uma divisão dentro do Islão, mas sim a uma visão interior (esotérica) da vida e do ser. O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e hoje encontra-se por todo o mundo. Na Indonésia, assim como muitos outros países da Ásia, Oriente Médio e África, o islamismo foi introduzido através das ordens sufis. Segundo a Filosofia Perene de René Guénon e Frithjof Schuon, toda grande religião possui duas dimensões, a exotérica e a esotérica. A primeira diz respeito à "ação" e a segunda à "contemplação"; a primeira às leis e ordenamentos exteriores; a segunda, à interioridade e à mística.
Em resumo, o sufismo é um ramo do conhecimento no Islão, que trata dos aspectos internos da prática e da ética religiosa. Por aspectos internos, entenda-se o que se refere não somente às intenções, sentimentos e consciência, mas também aos aspectos mais intensos e profundos da espiritualidade, e em última instância ao coração.
Índice
1 Etimologia
2 Sufi: a flor do Oriente
3 O caminho sufi na história do homem
4 Ordens sufis
5 Bibliografia
6 Referências
7 Ligações externas
Etimologia |
Uma das teorias para alguns autores é que a palavra sufi é oriunda de suf, que significa "lã" em árabe. Aparentemente, seus primeiros praticantes tinham por hábito vestir-se com lã, como forma de demonstrar a sua simplicidade, sendo provavelmente influenciados pelos ascetas cristãos da Síria e da Palestina. A lã possuía também uma conotação espiritual nos tempos pré-islâmicos.
Para outros autores a origem deve ser procurada na palavra árabe safa, que significa "pureza".
Seja como for, para os grandes estudiosos de linguística, estas palavras têm origem no egípcio antigo, já que o árabe é um idioma substancialmente de influência egípcia, onde o radical "SF" tem como significado "pureza". Portanto, a palavra SUFI é de origem substancialmente egípcia, mas isto não quer dizer que o sufismo seja egípcio, e sim que teve sua base lá, pois o sufismo é atemporal, embora tenha conexões profundas com a sabedoria de todas as grandes culturas do passado, tais como: a egípcia, a celta, a persa e afins. A forma como se conhece hoje mais divulgada é a da ortodoxia muçulmana e foi dada pela revelação recebida pelo profeta Maomé e estruturado no século XI depois de Cristo. Sabemos que existem vários santos sufis muito anteriores a esta data, entretanto foi a partir do século XI que as escolas sufis começaram a se organizar como se apresentam nos modelos atuais.
Sufi: a flor do Oriente |
Conhecido por muitos como o misticismo do Islão, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas por um professor.
Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a ideia convencional de Deus.
Hallaj (século X), um dos grandes representantes do sufismo, foi executado, pois ensinou, em estado de êxtase, que Deus e ele eram um; que havia atingido a identidade suprema. Como o ideal do sufismo era ascético, acreditavam que Jesus era tão importante quanto Maomé, que o Alcorão era tão essencial quanto a Bíblia ou a Torá. Quase um século e meio depois, Ghazali, um dos maiores pensadores do mundo e seguidor sufi, disseminava a ideia de que a verdade mística não pode ser aprendida, mas sim experimentada por meio do êxtase.
Para os sufis muçulmanos, a origem histórica da sua religiosidade pode ser encontrada nas práticas meditativas do profeta Maomé. Este tinha por hábito refugiar-se nas cavernas das montanhas de Meca onde se dedicava à meditação e ao jejum. Foi durante um desses retiros que Maomé recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe comunicou a primeira revelação de Deus.
Encontramos seguidores desta corrente em todos os segmentos sociais: camponeses, donas de casa, advogados, comerciantes, professores. Sua filosofia básica é: "Estar no mundo, mas não ser dele", livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, da cega obediência ao costume ou do respeitoso temor às pessoas de posição mais elevada.
O caminho sufi na história do homem |
O sufismo ortodoxo de influência muçulmana pode ser dividido historicamente nos períodos antigo, clássico, medieval e moderno. Um dos fatos marcantes do período clássico foi à crucificação de Husayn ibn Mansur al-Hallaj, acusado de heresia, em 922, após declarar "Eu sou a verdade".
Foi na época medieval, entretanto, que os sufis aprenderam a disfarçar em poesias complexas qualquer afirmação que pudesse ser considerada um desafio à crença do "Deus Único". Assim, só mesmo os esclarecidos podiam decifrá-las.
Durante a Idade Média, Abu Hamid al-Ghazzali (1059-1111) afastou-se da vida mundana para empreender uma busca por Deus. Seus escritos ajudaram a combinar os aspectos heréticos do sufismo com o islamismo ortodoxo. Em números, os sufis atingiram o auge na era moderna, entre 1550 e 1800. Hoje o sufismo é, muitas vezes, praticado em segredo nos países muçulmanos, enquanto na Índia e em muitos países do ocidente ele comanda um fiel grupo de seguidores.
Ordens sufis |
As autênticas ordens sufis são reconhecidas por estarem vinculadas ao Islão, e por terem documentada sua linhagem, na cadeia de mestres que as conecta com o profeta Maomé.
Bibliografia |
Evans-Pritchard, E.E. - The Sanusi of Cyrenaica. Amen House, London: Oxford University Press, 1949.
SCHUON, Frithjof - Para Compreender o Islã. Rio de Janeiro: Nova Era, 2006. ISBN 85-7701-046-5
SCHUON, Frithjof - Sufism: Veil and Quintessence. Bloomington: World Wisdom, 1981. ISBN 0-941532-00-3
STODDART, William - O Sufismo. Lisboa, Edições 70, 1980.
SOARES DE AZEVEDO, Mateus - Iniciação ao Islã e Sufismo. Rio de Janeiro: Record, 2001. ISBN 85-01-04181-5
SOARES DE AZEVEDO, Mateus - Mística Islâmica. Petrópolis: Vozes, 2000. ISBN 85-326-2357-3
SOARES DE AZEVEDO, Mateus - A Inteligência da Fé: Cristianismo, Islã, Judaísmo. Rio de Janeiro: Nova Era, 2006. ISBN 85-7701-045-7
DANNER, Victor - The Islamic Tradition. Nova York: Sophia Perennis, 2005. ISBN 1597310
Referências
↑ SILVA FILHO, Mário Alves da. A Mística Islâmica em Terræ Brasilis: o Sufismo e as Ordens Sufis em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). São Paulo: PUC/SP, 2012.
Ligações externas |
- A Realidade do Sufismo - http://al-muminun.net/portal/tasfiyah/seitas-desviadas/sufismo.html