Línguas indo-europeias








  Países com maioria de falantes de línguas indoeuropeias

  Países com minoria de falantes de línguas indoeuropeias com estatuto oficial

  Países com minoria de falantes de línguas indoeuropeias sem estatuto oficial

  Sem informação



O indo-europeu é uma família (ou filo) composta por diversas centenas de línguas e dialetos,[1] que inclui as principais línguas da Europa, Irã e do norte da Índia, além dos idiomas predominantes historicamente na Anatólia e na Ásia Central. Atestado desde a Era do Bronze, na forma do grego micênico e das línguas anatólias, a família tem considerável significância no campo da linguística histórica, na medida em que possui a mais longa história registrada depois da família afro-asiática.


As línguas do grupo indo-europeu são faladas por aproximadamente três bilhões de falantes nativos, o maior número entre as famílias linguísticas reconhecidas. A família sino-tibetana tem o segundo maior número de falantes, enquanto diversas propostas controversas fundiram o indo-europeu com outras das principais famílias linguísticas.




Índice






  • 1 História da linguística indo-europeia


  • 2 Classificação


  • 3 Origem, migrações, genética


  • 4 Ver também


  • 5 Referências


  • 6 Bibliografia


  • 7 Ligações externas


    • 7.1 Bancos de dados


    • 7.2 Léxicos


    • 7.3 Imagens







História da linguística indo-europeia |




Línguas indo-europeias na Eurásia.


Sugestões de semelhanças entre os idiomas indianos e europeus começaram a ser feitas por visitantes europeus à Índia no século XVI. Em 1583 o padre Thomas Stephens, um missionário jesuíta inglês em Goa, notou as semelhanças entre os idiomas indianos, mais especificamente o concani, e o grego e o latim. Estas observações foram incluídas numa carta sua para seu irmão, que só foi publicada no século XX.[2]


O primeiro relato a mencionar o sânscrito veio de Filippo Sassetti (nascido em 1540), um mercador florentino que viajou ao subcontinente indiano e esteve entre os primeiros observadores europeus a estudar a antiga língua indiana. Escrevendo em 1585, notou diversas semelhanças entre palavras do sânscrito e do italiano (como por exemplo devaḥ / dio, "Deus", sarpaḥ / serpe, "serpente", sapta / sette, "sete", aṣṭa / otto, "oito", nava / nove, "nove").[2] Nem as observações de Stephens, nem as de Sassetti, no entanto, levaram a maiores estudos acadêmicos.[2]


Em 1647, o linguista e acadêmico holandês Marcus Zuerius van Boxhorn notou a semelhança entre as línguas indo-europeias, e sugeriu a existência de um idioma primitivo comum, que ele chamou de "cita". Van Boxhorn incluiu em sua hipótese o holandês, o grego, o latim, o persa e o alemão, adicionando posteriormente as línguas eslavas, celtas e bálticas. Suas teorias, no entanto, não se tornaram difundidas e tampouco estimularam novos estudos.


Gaston Coeurdoux e outros estudiosos fizeram observações semelhantes. Coeurdoux chegou a fazer uma comparação minuciosa das conjugações do sânscrito, grego e latim, no fim da década de 1760, sugerindo uma possível relação entre eles. A hipótese ressurgiu em 1786, quando sir William Jones deu sua primeira palestra a respeito das semelhanças entre quatro das línguas mais antigas conhecidas na sua época: o latim, o grego, o sânscrito e o persa. Foi Thomas Young quem usou pela primeira vez o termo indo-europeu, em 1813,[3] que se tornou o termo científico padrão (exceto na Alemanha[4]) através da obra de Franz Bopp, cuja comparação sistemática destas e de outras línguas antigas deu suporte à teoria. A Gramática Comparativa de Bopp, que surgiu entre 1833 e 1852, é considerada como o ponto de partida para os estudos indo-europeus como uma disciplina acadêmica.



Classificação |




Família linguística indo-europeia. Em vermelho línguas extintas, em verdes línguas vivas.


Os diversos subgrupos da família linguística indo-europeia incluem dez subdivisões principais (listados por ordem histórica de sua primeira evidência escrita):




  1. Línguas anatólicas: primeiro ramo atestado. Termos isolados em fontes escritas em assírio antigo do século XIX a.C., textos hititas do século XVI a.C.; extintas na Antiguidade Tardia.[5]


  2. Línguas helênicas: registros fragmentários no grego micênico do fim do século XV a.C. até o início do seguinte; as tradições homéricas (grego homérico) datam do século VIII a.C. (ver língua protogrega, história da língua grega).[6]


  3. Línguas indo-iranianas: descendentes de um ancestral comum, o proto-indo-iraniano (que data do fim do terceiro milênio a.C.).


    • Línguas indo-arianas, evidenciadas a partir do fim do século XV a.C. em textos dos mitanni que mostram traços indo-arianos. Epigraficamente a partir do século III a.C., na forma do prácrito (Editos de Asoka). Presume-se que o Rigveda tenha preservado registros intactos da tradição oral (Patha) que datam de meados do segundo milênio a.C., na forma do sânscrito védico.[7]


    • Línguas iranianas, atestadas desde aproximadamente 1000 a.C. na forma do avestânico. Epigraficamente, desde 520 a.C., na forma do persa antigo (inscrição de Behistun).

    • Línguas dárdicas

    • Línguas nuristânicas




  4. Línguas itálicas: incluindo o latim e seus descendentes (línguas românicas ou latinas), atestadas desde o século VII a.C.[8][9]


  5. Línguas celtas, descendentes do protocelta. Inscrições gaulesas chegam a remontar ao século VI a.C.; a tradição de manuscritos do irlandês antigo data do século VIII d.C.


  6. Línguas germânicas (do protogermânico: seus testemunhos mais antigos são inscrições rúnicas de por volta do século II d.C., e os primeiros textos, feitos no gótico, do século IV. A tradição de manuscritos do inglês antigo data do século VIII.


  7. Língua armênia: escritos no alfabeto armênio existem desde o início do século V.[10]


  8. Línguas tocarianas: existem em dois dialetos, evidenciados desde o século VI ao IX; foram marginalizados pelo Império Uigur, onde se falava o turcomano antigo, e provavelmente se extinguiram no século X.[11]


  9. Línguas balto-eslavas: tidas pela maior parte dos indo-europeístas[12] como formando uma unidade filogenética - enquanto uma minoria ainda credita estas semelhanças a um contato linguístico prolongado.


    • Línguas eslavas (do proto-eslavo), evidenciado desde o século IX, primeiros textos no antigo eslavônico eclesiástico.


    • Línguas bálticas, atestadas desde o século XIV; para idiomas cujas primeiras evidências são tão tardias, conservam características arcaicas atípicas, atribuídas ao proto-indo-europeu (PIE).




  10. albanês, evidenciado a partir do século XV; o proto-albanês provavelmente surgiu de antecessores "paleobalcânicos".[13][14]


Além dos dez ramos 'clássicos' listados acima, diversos idiomas já extintos e menos conhecidos pertencentes ao grupo existiram:




  • Línguas ilírias — possivelmente relacionados ao messápio ou ao venético; um parentesco com o albanês também foi sugerido.


  • Língua venética ou vêneta — aparentada às línguas itálicas.


  • Língua libúrnia — aparentemente agrupada com o venético.


  • Língua messápia — ainda não foi decifrada de maneira conclusiva.


  • Língua frígia — língua da antiga Frígia, provavelmente aparentada ao grego, trácio ou armênio.


  • Língua peônia — língua extinta, falada ao norte da Macedônia do Norte.


  • Língua trácia — possivelmente incluía o dácio.


  • Língua dácia — próxima do trácio ou do proto-albanês, ou de ambos.


  • Língua macedônia antiga — parentescos propostos com o grego, ilírio, trácio ou frígio.


  • Língua lígure — apesar de teorias que a vinculam ao ramo céltico, pode nem mesmo ser indo-europeia.


  • Língua lusitana — possivelmente relacionada (ou até mesmo um subgrupo) do céltico, lígure ou itálico.



Origem, migrações, genética |


Três estudos genéticos recentes, de 2015, deram apoio à teoria de Marija Gimbutas de que a difusão das línguas indo-europeias teria se dado a partir das estepes russas. De acordo com esses estudos, o Haplogrupo R1b (ADN-Y) e o Haplogrupo R1a (ADN-Y) - hoje os mais comuns na Europa e sendo o R1a frequente também no subcontinente indiano - teriam se difundido, a partir das estepes russas, junto com as línguas indo-europeias. Também foi detectado um componente autossômico presente nos europeus de hoje que não era presente nos europeus do Neolítico, e que teria sido introduzido a partir das estepes, junto com as linhagens paternas (haplogrupo paterno) R1b e R1a, assim como com as línguas indo-europeias.[15][16][17]


Trabalhos de arqueologia contemporâneos associam a domesticação do cavalo a essa expansão.[18]



Ver também |



  • William Jones

  • Franz Bopp



Referências




  1. É composto por 444 línguas e dialectos, de acordo com a estimativa de 2015 do Ethnologue, dos quais cerca da metade (312) pertence ao ramo indo-iranianas.


  2. abc Auroux, Sylvain (2000). History of the Language Sciences. Berlin, New York: Walter de Gruyter. 1156 páginas. ISBN 3110167352 


  3. London Quarterly Review X/2 1813.; cf. Szemerényi 1999:12, nota 6


  4. em alemão o termo usado é indogermanisch ("indo-germânico"), que indica a extensão ocidental-oriental do idioma. Este termo foi registrado pela primeira vez em francês como indo-germanique, em 1810, por Conrad Malte-Brun, um geógrafo francês de origem dinamarquesa.


  5. Curtis, Matthew Cowan. "Slavic-Albanian Language Contact, Convergence, and Coexistence". ProQuest LLC. p. 18.


  6. "Tablet Discovery Pushes Earliest European Writing Back 150 Years". Science 2.0. 30 March 2011.


  7. Mark, Joshua J. (28 April 2011). "Mitanni". Ancient History Encyclopedia.


  8. Bakkum, G. C. L. M. 2009. The Latin Dialect of the Ager Faliscus: 150 Years of Scholarship. Amsterdam: Vossiuspers UvA. p. 54


  9. Gray, Russell D. and Quentin D. Atkinson. 2003. "Language-Tree Divergence Times Support the Anatolian Theory of Indo-European Origin." Nature 426.6965: 435-439.


  10. Pisowicz, Andrzej. «Armenian language» (em inglês). Consultado em 18 de novembro de 2018 


  11. David W. Anthony, "Two IE phylogenies, three PIE migrations, and four kinds of steppe pastoralism", Journal of Language Relationship, vol. 9 (2013), pp. 1–22


  12. Como Schleicher 1861, Szemerényi 1957, Collinge 1985 e Beekes 1995


  13. Leake, William Martin. Of the Albanian Language, Londres, 1814.


  14. «The Thracian language». The Linguist List. Consultado em 27 de janeiro de 2008. An ancient language of Southern Balkans, belonging to the Satem group of Indo-European. This language is the most likely ancestor of modern Albanian (which is also a Satem language), though the evidence is scanty. 1st Millennium BC - 500 AD. ("Antiga língua dos Bálcãs meridionais, pertencente ao grupo satem do indo-europeu. Esta língua é o provável antepassado do albanês moderno (que também é uma língua satem), embora a evidência para isto seja mínima. Primeiro milênio a.C. - 500 d.C."). 


  15. Haak; et al. (2015). «Migração em massa da estepe é fonte das línguas indo-europeias na Europa» (pdf publicado=2015) (em inglês). 172 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015  !CS1 manut: Falta pipe (link) !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)


  16. Allentoft; et al. (2015). «Genética de populações da Eurásia à época da Idade do Bronze» (pdf publicado=2015) (em inglês). 167 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015  !CS1 manut: Falta pipe (link) !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)


  17. Mathieson; et al. (2015). «8000 anos de seleção natural na Europa» (pdf publicado=2015) (em inglês). 167 páginas. Consultado em 6 de novembro de 2015  !CS1 manut: Falta pipe (link) !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)


  18. O cavalo, a roda e a linguagem Como cavaleiros das estepes euroasiáticas, da Idade do Bronze, contribuíram para a formação do mundo moderno, por David W. Anthony, Editora Universidade de Princeton, "The Horse, the Wheel and Language, How Bronze-Age Riders from the Eurasian Steppes shaped the Modern World", 2007



Bibliografia |




  • Auroux, Sylvain, History of the Language Sciences, Walter de Gruyter, Berlim, 2000 ISBN 3-11-016735-2.

  • Kortlandt, Frederik, 1990, The Spread of the Indo-Europeans, Journal of Indo-European Studies, 18.1-2: 131-140

  • Lubotsky, A., The Old Phrygian Areyastis-inscription, Kadmos 27, 9-26, 1988

  • Kortlandt, Frederik, The Thraco-Armenian consonant shift, Linguistique Balkanique 31, 71-74, 1988

  • Lane, George S., Adams, Douglas Q., The Tocharian problem, Encyclopædia Britannica, vol. 22, Helen Hemingway Benton Publisher, Chicago, (15ª ed.) 1981

  • Renfrew, C., "The Anatolian origins of Proto-Indo-European and the autochthony of the Hittites". In R. Drews ed., Greater Anatolia and the Indo-Hittite language family, Institute for the Study of Man, Washington, DC, 2001

  • Houwink ten Cate, H.J., Melchert, H. Craig e van den Hout, Theo P.J. "Indo-European languages, The parent language, Laryngeal theory", Encyclopædia Britannica, vol.22, Helen Hemingway Benton Publisher, Chicago, (15th ed.) 1981

  • Holm, Hans J., The Distribution of Data in Word Lists and its Impact on the Subgrouping of Languages, in Christine Preisach, Hans Burkhardt, Lars Schmidt-Thieme, Reinhold Decker (eds.), Data Analysis, Machine Learning, and Applications, Relatório da 31ª Conferência Anual da Sociedade Alemã de Classificação (GfKl), Universidade de Freiburgo, 7-9 de março de 2007, Springer-Verlag, Heidelberg-Berlim, 2008


  • Szemerényi, Oswald; David Jones, Irene Jones (1999). Introduction to Indo-European Linguistics. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780198238706  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)




Ligações externas |



Bancos de dados |



  • Banco de Dados do Indo-Europeu (Dicionário Etimológico Indo-Europeu, IEED)

  • Panorama da família no Projeto MultiTree (LINGUIST List)

  • Panorama da família (SIL/Ethnologue)


  • Indo-europeu no banco de dados LLOW


  • Centro de documentação do indo-europeu na Universidade do Texas em Austin


  • TITUS (em inglês)



Léxicos |



  • Indo-European Roots, do American Heritage Dictionary.


Imagens |




  • Árvore linguística do indo-europeu, mostrando suas subdivisões - Universidade do Estado de Iowa


  • Imagem das migrações indo-europeias a partir das Terras Altas Armênias - Universidade da Pensilvânia




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