Demónio
Demónio (português europeu) ou demônio (português brasileiro) é, segundo o cristianismo, um anjo que se rebelou contra Deus e que passou a lutar pela perdição da humanidade.[1] Na antiguidade, contudo, o termo tinha outra conotação, referindo-se a um gênio que inspirava os indivíduos tanto para o bem quanto para o mal.[2][3]
Nos contextos judaico e islâmico, a ideia é diversa, até porque não se trata de um ente opositor ao Criador, mas de algumas criaturas a Ele subalternas. Na cércea do primeiro contexto, refere-se a um ser imperfeito que foi formado no sexto dia da Criação.[4] Para o segundo, os demônios, ou jinn, são seres que coexistem com os seres humanos, sendo dotados de livre-arbítrio e chefiados por Iblis.[5]
Índice
1 Etimologia
2 Cristianismo
2.1 Cristadelfianos
3 Judaísmo
4 Ver também
5 Referências
6 Bibliografia
6.1 Leitura adicional
Etimologia |
O termo «demônio» vem do grego δαιμόν (daimon), através do termo latino daemonium.[2]
Cristianismo |
Ver artigos principais: Inferno, Demonologia e Possessão demoníaca
Na maioria das religiões cristãs, os demônios, ou espíritos imundos, são anjos caídos que foram expulsos do terceiro céu (a presença de Deus) (Apocalipse 12:7-9).
Popularmente, acredita-se que o chefe dos demônios, Lúcifer, era um querubim da guarda ungido (Ezequiel 28 e Isaías 14:13-14) que, ao desejar ser igual a Deus, foi expulso do Paraíso. É certo que há passagens na Bíblia que falam de seres caindo do céu, porém não são sobre Satanás e usam linguagem figurativa. Somente por uma leitura descuidada destes textos pode, alguém, chegar à história popular relativa à origem de Satanás.[6]
Porém, quando foi expulso do Céu, a Bíblia nos relata que Lúcifer (conhecido, depois da expulsão, como diabo e satanás, também referido em Apocalipse como "dragão" ou "antiga serpente", fazendo uma referência ao Livro do Gênesis) trouxe, consigo, um terço dos anjos de Deus (Apocalipse 12:4). Não encontra-se, na Bíblia cristã, qualquer referência ao quantitativo de anjos que acompanharam Lúcifer, mas o livro do Apocalipse diz que o número de anjos a serviço do Criador são "milhares de milhares e milhões de milhares" (Apocalipse 5:11).
Devido a vários motivos ou simplesmente por submissão religiosa a Satanás, os demônios podem, segundo a crença cristã, possuir alguém, assumindo inclusive o senhorio sobre o corpo desta pessoa, manipulando suas atitudes e palavras e influenciando fortemente os seus pensamentos. Para os cristãos, o único meio eficaz utilizado pelos apóstolos para falir a autoridade de um ou mais demônios sobre uma ou mais pessoas é o nome de Jesus Cristo, Filho de Deus, que, segundo a crença cristã, é o Nome sobre todo nome, inclusive o sobre o nome dos demônios.[7]
Cristadelfianos |
Para os Cristadelfianos, os demônios na Bíblia são os deuses dos pagãos, isto é, dos não cristãos e não judeus. Segundo os Cristadelfianos, os antigos gregos acreditavam que os espíritos podiam possuir pessoas e que eram os espíritos dos falecidos que tinham subido ao nível de demônios (semideuses que traziam o bem ou o mal à humanidade). Quando alguém não entendia a causa de uma enfermidade, por não haver causa aparente ou por ser uma doença do foro psicológico, a enfermidade era atribuída a demônios. Os Cristadelfianos também não acreditam que os anjos possam pecar.[8]
Judaísmo |
A tradição judaica cunhou a figura de demónio com significado totalmente diverso daquela corrente na tradição cristã. Para o primeiro, os demónios são seres meio-humano, meio-espírito, criados após o homem, podendo reproduzir-se e ser bons ou maus, mas de natureza incompleta, cujos atos tendem ao caos.[9]
Ver também |
- Daemon
- Lista de demônios
Referências
↑ Livro de Enoque, Capítulo LXIX [em linha]
↑ ab FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.534
↑ Bóreas se enche de raiva demoníaca para violentar Orítia, filha do rei Erecteu de Atenas e casada com Tereu rei da Trácia; Ovídio, Metamorfoses, Livro VI, 675-701
↑ Schwartz, Howard (2004). Tree of Souls. the mythology of Judaism (em inglês). Nova Iorque: Oxford. p. 227
↑ Waardenburg, Jean Jacques (2002). Islam. historical, social, and political perspectives (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter & Co. p. 38. ISBN 3110171783
↑ «A origem de Satanás». Consultado em 26.jun.2012 Verifique data em:|acessodata=
(ajuda)
↑ Lara, Aroldo (2011). Possessão e exorcismo. São Paulo: Biblioteca24horas. p. 38. ISBN 978-85-7893-980-9
↑ «Literatura - Diabo e Satanás - O Diabo, vosso adversário». Consultado em 26.jun.2012 Verifique data em:|acessodata=
(ajuda)
↑ Ben-Amos, Dan; Noy, Dov (2011). Folktales of the Jews. tales from Arab lands (em inglês). Filadélfia: Jewish Publications Society. p. 574, 577 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Bibliografia |
Sigmund Freud (1950). Totem and Taboo:Some Points of Agreement between the Mental Lives of Savages and Neurotics (em inglês). Nova Iorque: W. W. Norton & Company. ISBN 978-0-393-00143-3
Wundt, W. (1906). Mythus und Religion, Teil II (Völkerpsychologie, Band II). Leipzig.
Castaneda, Carlos (1998). The Active Side of Infinity. HarperCollins NY ISBN 978-0-06-019220-4
Leitura adicional |
Evil and the Demonic: A New Theory of Monstrous Behavior (em inglês). Nova Iorque: New York University Press. 1996. ISBN 978-0-8147-6193-9