Batalha de França
A Batalha de França | |||
---|---|---|---|
Frente Ocidental Segunda Guerra Mundial | |||
Do topo, da esquerda para a direita: Linha de tanques Panzer IV passando por uma cidade francesa; soldados alemães marchando próximos ao Arco do Triunfo após a rendição de Paris; soldados franceses perfilados em túnel na Linha Maginot; soldados britânicos e franceses rendidos caminhando por terreno de Veules-les-Roses; tanques Renault R35 das Forças Armadas da França passando por Sedan, nas Ardenas. | |||
Data | 10 de Maio de 1940 - 25 de Junho de 1940 (46 dias) | ||
Local | França, Região dos Países Baixos | ||
Desfecho | Vitória decisiva do Eixo | ||
Beligerantes | |||
| |||
Comandantes | |||
| |||
Forças | |||
| |||
Baixas | |||
| |||
A Batalha da França, também conhecida por Queda da França, foi a invasão da França e dos Países Baixos pela Alemanha Nazista, em 10 de Maio de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial, terminando assim a "Guerra de Mentira".
Unidades blindadas alemãs atravessaram a região florestal das Ardenas, flanqueando a Linha Maginot e derrotando os defensores Aliados. A Força Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como a Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo, e muitas unidades francesas juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados.
A Itália declarou guerra à França em 10 de junho. Paris foi ocupada em 14 de junho, e o Governo Francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.
Em 17 de junho, o Marechal Pétain anunciou publicamente que a França iria propor um armistício, que foi assinado pela França e a Alemanha em 22 de junho, quando se deu a rendição do Segundo Grupo do Exército Francês. O armistício entrou em vigor a 25 de junho. Para o Eixo, a campanha foi uma vitória espetacular.[1]
Índice
1 Antecedentes
2 Estratégia alemã
3 A ameaça vem das Ardenas
4 Estratégia francesa
5 Ataque alemão
6 A reação
7 Evacuação
8 Paris
9 Batalha dos Alpes
10 Rendição francesa
11 Consequências
12 Referências
13 Ver também
14 Ligações externas
Antecedentes |
O expansionismo alemão da década de 1930 pôs em cheque a política de apaziguamento levada a cabo pelo Reino Unido e França. Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria e, em meados de 1939, concluiu a dominação da Tchecoslováquia. Com essas invasões, a Alemanha fortaleceu ainda mais seu poderio econômico e suas forças armadas, já que após as invasões divisões austríacas foram incorporadas a Wehrmacht e centenas de tanques tchecos passaram a integrar a Panzerwaffe, tanques esses superiores aos tanques Panzer I e Panzer II que compunham a espinha dorsal das forças blindadas alemães à época. Além disso, as indústrias tchecas de armas pesadas Skoda e CKD também contribuíram para esse fortalecimento alemão produzindo toneladas de munições e outros itens bélicos.
Reino Unido e França, de início procurando a conciliação pacífica, mudaram sua política após a tomada da Tchecoeslováquia pela Alemanha, a qual desrespeitou o Tratado de Munique. Dessa forma, finalmente Reino Unido e França se contrapuseram diretamente aos planos expansionistas da Alemanha nazista. Em 3 de setembro, dois dias após o início da invasão da Polônia pela Alemanha, França e Reino Unido declararam guerra à Alemanha, dando início, desta forma, à Segunda Guerra Mundial. A União Soviética permaneceu neutra.
Após a derrota da Polônia, Hitler começou a preparação do plano de invasão da Europa Ocidental. A França e a Inglaterra começaram seus preparativos para conter um possível ataque alemão. Porém, o período que se segue ficou conhecido como "Guerra de Mentira", pois, desde os fins de setembro de 1939 até abril de 1940, as hostilidades simplesmente eram inexistentes, à exceção de uma ou outra incursão aérea de ambos os lados em nível de reconhecimento. O Reino Unido mandou, a território francês, a BEF (British Expeditionary Force) e a RAF (Royal Air Force).
A França, por sua vez, acreditava estar protegida pela majestosa Linha Maginot, que era uma barreira de fortificação com extensão de 400 quilômetros, construída ao longo da fronteira franco-germânica. Na verdade, a Linha Maginot fora construída após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) com o objetivo de barrar os alemães, e a França nunca mais sofrer uma invasão germânica. Contudo, fora construída baseada nas arcaicas teorias da guerra linear de 1914, ignorando a moderna aviação, que poderia facilmente bombardeá-la, e também o transporte aéreo de tropas, que poderiam flanqueá-la por trás. Após meses de tédio, enquanto os aliados esperavam um ataque alemão, em abril de 1940, Hitler direcionou seus exércitos ao norte, ocupando a Noruega e a Dinamarca. Franceses e britânicos enviaram tropas para impedir esse ataque, mas fracassaram.
Estratégia alemã |
As forças alemãs estavam divididas em três Grupos de Exércitos; ao norte, contando apenas com três divisões blindadas, estava o Grupo de Exércitos B, comandado pelo general Fedor von Bock, que tinha como objetivo invadir a Bélgica e atrair as forças britânicas e francesas para o combate. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos A, que tinha 37 divisões, sendo sete delas blindadas e três de infantaria motorizada, o que a tornava a principal força de ataque alemã, responsável por avançar nas Ardenas, romper a linha francesa no rio Meuse e então atacar ao norte, dividindo a Força Expedicionária Britânica e o 1º e 2º exército francês do restante das forças armadas francesas. Mais ao sul, estava o Grupo de Exércitos C, comandado pelo general Wilhelm Ritter von Leeb, com o objetivo de atacar a linha Maginot.
A ameaça vem das Ardenas |
Com a campanha escandinava bem-sucedida e concluída, Hitler direciona seus exércitos para atacar os Países Baixos e a Bélgica, que, até então, eram países neutros à guerra. Efetua desembarques nas cidades de Haia e Rotterdam e também na fronteira oriental neerlandesa, enquanto a Luftwaffe bombardeava ferozmente. Os Países Baixos caíram em cinco dias. A Bélgica foi a próxima a sentir os efeitos da Blitzkrieg alemã, sendo a tomada de Albert Canal e da fortaleza de Eben Emael uma das mais brilhantes operações aerotransportadas de toda a guerra.
A França não julgava ser possível um ataque alemão através da densa floresta das Ardenas, pois seria praticamente instransponível para pesados blindados. Com muitos efetivos do exército francês e também da Força Expedicionária Britânica marchando em território belga, em auxílio à defesa daquele país, foi uma desagradável surpresa quando maciças divisões blindadas alemãs saíram das Ardenas e entraram em território francês. O ataque alemão aos Países Baixos e à Bélgica propiciou aos exércitos de Hitler dar a volta por trás da Linha Maginot, evitando o combate frontal. Assim, em um gigantesco movimento circular, os exércitos de Rundstedt, vindos do sul, e as divisões Panzer de Guderian, a oeste, iriam encurralar franceses e britânicos contra o Canal da Mancha. O rompimento das linhas francesas em Sedan, que tinham o objetivo de barrar os alemães na invasão do país, fez com que a França entrasse em colapso, sendo muitas de suas forças capturadas ou aniquiladas.
Estratégia francesa |
A estratégia francesa estava baseada na Linha Maginot, um conjunto de trincheiras construído após a Primeira Guerra Mundial. A Linha Maginot cobria toda a fronteira entre Alemanha e França, começando ao Sul, perto da Suíça, e terminando na fronteira com Luxemburgo, nas Ardenas. Com essa linha, os franceses tinham os seguintes objetivos:
- Evitar um ataque surpresa
- Dar tempo para o exército francês se mobilizar (2-3 semanas)
- Economizar forças (França tinha apenas 39 milhões de habitantes, contra 70 milhões de habitantes da Alemanha)
- Proteger a Alsácia e Lorena e suas indústrias
- Ser o ponto de partida para um contra-ataque
- Forçar um ataque alemão pelos flancos (Bélgica ou Suíça)
Ataque alemão |
Em 10 de maio, o Grupo de Exércitos B desencadeou sua ofensiva contra os Países Baixos e Bélgica, obtendo rápido sucesso graças às forças aerotransportadas que inutilizaram o Forte Eben-Emael e tomaram diversas pontes na região. Os aliados prontamente reagiram, avançando através da Bélgica e ali estabelecendo sua linha defensiva. Enquanto isso, o Grupo de Exércitos A avançou pelas Ardenas sem maiores dificuldades, alcançando o Meuse - perto de Sedan - em dois dias, e cruzando-o no dia seguinte. Divisões do 9º Exército Francês foram despachadas para proteger o flanco direito, mas a rapidez dos ataques alemães cercou o exército, terminando por dispersá-lo completamente. Quebrada a linha francesa, a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e os Panzerkorps de Guderiam, Hoth e Reindthart avançaram a norte, alcançando o Somme no dia 20.
A reação |
Em 20 de maio, o Primeiro-Ministro francês, Reynaud, demitiu o general Gamelin e nomeou o general Weygand, que imediatamente tomou medidas para deter o cerco alemão. O Plano Weygand consistia em quebrar a pinça alemã, usando as tropas cercadas ao norte e suas divisões de reserva estacionadas ao sul, atrás do Somme. Não se tratava de uma tarefa impossível; a linha alemã tinha em torno de 40 km de largura, e não estava consolidada no terreno. Um contra-ataque britânico foi feito na região de Arras, pegando a divisão de Erwin Rommel de surpresa. Outras tentativas foram feitas mais ao leste, mas os ataques não foram coordenados e não ameaçaram as posições alemãs, que, após breve parada, retomou o avanço, ordenando os Panzerkorps a avançarem.
Evacuação |
Lord Gort, comandante da Força Expedicionária Britânica, recuou de Arras em 23 de maio; ao oeste, as cidades portuárias da região de Calais foram dominadas uma por uma, até que as forças alemãs foram detidas no canal Aa, a poucos quilômetros de Dunquerque, de onde seriam evacuadas todas as forças britânicas e parte das divisões francesas. Nesse interim, as unidades panzer de Guderiam foram ordenadas pelo Alto-Comando a não avançar; aproveitando a hesitação adversária, os aliados estabeleceram uma linha defensiva no canal Aa e em torno de Dunquerque, permitindo que ali fossem evacuados mais de 300 mil soldados até 4 de junho, quando os alemães definitivamente tomaram Dunquerque.
Paris |
Terminada a batalha de Calais, os alemães voltaram suas forças para a travessia do Somme, visando à conquista de Paris. Em 5 de junho, os alemães desencadearam um ataque através do rio e venceram as escassas reservas de Weygand. No dia 14, após um rápido avanço, os alemães tomaram a capital francesa Paris. O governo, transferido para a cidade de Bordeaux, ainda solicitou a ajuda por apoio aéreo na França, pedido negado por Churchill. Nas tentativas finais, o líder britânico garantiu do Almirante Darlan que a frota francesa não cairia em mãos alemãs.
Batalha dos Alpes |
Em 10 de junho, quando a Batalha da França já estava literalmente definida em favor dos alemães, o governo italiano de Benito Mussolini entrou na guerra como aliado da Alemanha, ordenando a invasão do território francês. O objetivo do ditador fascista era obter vantagens territoriais, quando a França se rendesse.
A invasão italiana - conhecida como Batalha dos Alpes - resultou em fracasso militar, mas a rendição da França, poucos dias depois, garantiu a Mussolini o alcance de seus objetivos políticos.
Rendição francesa |
Ver artigo principal: Armistício de 22 de Junho de 1940
A rendição oficial se deu em 22 de junho de 1940 em Compiègne, no mesmo trem que a Alemanha, em 1918, ao final da Grande Guerra, fora forçada a se render. Reynaud, Primeiro-Ministro francês, se negou a assinar a rendição e abdicou do cargo, que foi assumido pelo marechal Pétain, que anunciou ao povo francês, via rádio, a intenção do governo em se render.
Consequências |
Com a rendição aos alemães a França foi dividida em três partes:
França de Vichy - Formada pelo centro-sul da França, cujo comando foi entregue ao Marechal Pétain, que organizou um regime colaboracionista com os alemães, de orientação semi-fascista.- Zona de Ocupação alemã - Correspondia ao norte e à costa atlântica da França, incluindo Paris. Esta área ficou sob comando direto de autoridades militares alemãs, que usaram a indústria local para ajudar no esforço de guerra alemão e como base logística para a futura Operação Leão-Marinho
Alsácia-Lorena - Tornou-se parte do Reich alemão, tornando-se na prática um território nacional alemão.
Houve também a fundação da França Livre, sob o comando de Charle de Gaulle, com apoio inicial da Guiana Francesa e da África Equatorial Francesa (mais tarde as ilhas francesas da Oceania e o Chade se uniriam a França livre de De Gaulle). Este governo estava sediado em Londres e organizou a resistência francesa, ainda que nominalmente, pois diversas facções compunham essa resistência, nem todas submetidas ao líder da França Livre.
Referências
↑ Keegan, John (1989). «The Second World War». Glenfield, Auckland 10, New Zealand: Hutchinson .
- CHURCHILL, Winston Spencer. Memórias da Segunda Guerra Mundial.
- WILLIAN, John. França 1940 - A catástrofe. Ed. Renes, RJ.
Ver também |
- Batalha de Dunquerque
- Blitzkrieg
- Liberação de Paris
Ligações externas |
- World War 2 Online Newspaper Archives - The German Invasion of Western Europe, 1940
BBC - History - WW2: Fall of France Campaign (Flash animation of the campaign)- Official German account of the Battle of France (as published in 1940)
- 1940: The Battle of France
- Battle of France timeline
- Halford Mackinder's Necessary War - Geopolitical aspects of the Battle of France and Hitler's decision to halt at Dunkirk
Ordem de Batalha.