Estação do Calado











































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































Estação do Calado


Estação do Calado na década de 1940

Uso atual
Demolida. Em seu lugar foi construído o Terminal Rodoviário de Coronel Fabriciano.

Concessionária

Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM)

Administração

Companhia Vale do Rio Doce (até seu fechamento)

Linha

Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM)

Posição
Superfície

Plataforma
1

Informações históricas

Nome antigo
Raul Soares

Inauguração

9 de junho de 1924 (94 anos)

Fechamento

29 de janeiro de 1979 (40 anos)
(demolida em 15 de março de 1982)

Endereço
Atual Rua Pedro Nolasco, Centro

Município

Coronel Fabriciano

País

Brasil

A Estação do Calado, também conhecida como Estação de Coronel Fabriciano, foi uma estação ferroviária que funcionava como terminal de passageiros e de carga e descarga no município brasilero de Coronel Fabriciano, no interior do estado de Minas Gerais. Foi inaugurada em 9 de junho de 1924, sendo na ocasião uma das três maiores estações da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A seu redor se estabeleceu o núcleo urbano que deu origem à sede do então distrito subordinado a Antônio Dias, emancipado em 1948.


O crescimento populacional da região central da cidade levou ao deslocamento da ferrovia para fora do perímetro urbano, culminando no fechamento da estação em 1979 e, posteriormente, na sua demolição. No local foi construído o Terminal Rodoviário de Coronel Fabriciano. A destruição do antigo terminal ferroviário sem qualquer impedimento das autoridades representou a perda de um patrimônio histórico e cultural municipal, visto que ele teve forte importância para o desenvolvimento do município e fez parte do cotidiano local, além de ser integrante da história da EFVM.




Índice






  • 1 História


    • 1.1 Fechamento e demolição




  • 2 Legado


  • 3 Ver também


  • 4 Referências


  • 5 Ligações externas





História |




Miniatura da Estação do Calado na Catedral de São Sebastião.


A construção do terminal ocorreu em função do avanço da locação da EFVM pelo Vale do Rio Doce. A implantação da via férrea havia sido paralisada próxima a Belo Oriente, sendo retomada no começo da década de 20. Nessa ocasião observou-se o estabelecimento dos primeiros trabalhadores incumbidos das obras da ferrovia e da estação no local conhecido como Barra do Calado, uma vez que estava situado próximo à foz do ribeirão Caladão.[1] Em Santo Antônio de Piracicaba, no atual bairro Melo Viana, o desenvolvimento do povoado levou à criação do distrito Melo Viana em 1923, subordinado a Antônio Dias.[2] Antes disso, Barra do Calado e Santo Antônio de Piracicaba estavam na rota de tropeiros que percorriam a região transportando cargas e mercadorias[1] e a população não passava de poucas centenas de moradores.[3]


Dezenas de barracas foram improvisadas no Calado para abrigo dos trabalhadores,[1] muitos dos quais nordestinos oriundos da Bahia e de Sergipe, tendo ainda a presença de imigrantes.[4] A estação foi construída em 1922, antes da locação da EFVM pela localidade, como de praxe, e por isso o terminal permaneceu sem uso por cerca de dois anos.[3] Sua inauguração ocorreu em 9 de junho de 1924,[5] recebendo a denominação provisória de Estação Raul Soares em referência ao então governador Raul Soares de Moura, mais tarde alterada para Calado em nome da localidade.[1] Na ocasião sua plataforma possuía 30 metros de extensão, uma das três maiores da ferrovia. O início das operações foi muito comemorado pelo então distrito, pois favoreceu a entrada e saída de cargas e mercadorias, antes transportadas por meio de animais ou por canoas no rio Piracicaba.[3] Também foi a primeira obra de alvenaria do atual município[6] e permaneceu como a mais imponente até a construção do Sobrado dos Pereira em 1928.[7]


Ao redor do terminal, foram levantadas as primeiras moradias da região onde se ergueu o Centro de Fabriciano, que passou a representar a sede do distrito Melo Viana em 1933, devido à longa distância percorrida a pé pelo escrivão José Zacarias da Silva Roque entre o cartório e a estação.[8] Nessa ocasião, o fluxo de cargas se restringia à chegada de encomendas menores e alimentos, mas com o estabelecimento da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira na localidade o terminal se tornou ponto de desembarque de máquinas e embarque de madeira e carvão destinados às usinas em João Monlevade. A empresa buscava centralizar a exploração de madeira e a produção de carvão da região do rio Doce com o objetivo de alimentar os fornos do complexo industrial.[9] Para isso, caminhões transportavam a madeira até a estação para então ser embarcada nos trens.[3] Assim, o setor madeireiro passou a representar a principal fonte econômica no então distrito ao longo da década de 30, porém a atividade comercial interna também foi beneficiada, atraindo inclusive consumidores de cidades vizinhas por meio das quatro paradas diárias de trens.[9]



Fechamento e demolição |




Vista do Terminal Rodoviário construído na década de 1980 no lugar onde situava-se a estação ferroviária.


O antigo distrito Melo Viana deu origem ao município de Coronel Fabriciano, emancipado em 27 de dezembro de 1948. O desenvolvimento da região central da cidade foi impulsionado pela instalação dos complexos industriais da Acesita (atual Aperam South America), no município vizinho de Timóteo, e da Usiminas, em Ipatinga.[10] A presença da EFVM foi um dos fatores decisivos para a implantação das empresas no Vale do Aço, proporcionando uma forma de escoamento da produção.[11] A estação havia passado por obras de expansão no final da década de 1960, porém no início da década de 70 a Companhia Vale do Rio Doce anunciou alterações no traçado da ferrovia, desviando-a de locais muito povoados, como o Centro de Fabriciano. Com isso a antiga Estação do Calado seria fechada e o prédio entregue à prefeitura.[3]


Com a desativação do terminal ferroviário a prefeitura iniciou o projeto de construir uma praça na área, cujo nome escolhido foi Praça Mário Carvalho, em referência a um trabalhador da Vale. A princípio a demolição da estação não era cogitada e não havia relutância dos comerciantes com a transferência da EFVM do local e com a intenção inicial da praça. Durante uma análise para a execução do projeto, entretanto, um engenheiro apontou que não seria possível construir a praça sem a derrubada do prédio da estação. A assessoria da prefeitura então propôs à administração o tombamento da edificação por causa de sua importância histórica, porém a própria prefeitura autorizou a demolição. Sendo assim, o terminal foi desativado em 29 de janeiro de 1979, data da última parada de trem, vindo a ser demolido em 15 de março de 1982. Os trabalhos de destruição duraram dois dias; as paredes foram derrubadas com tratores, mas a plataforma precisou ser dinamitada e isso demandou mais tempo.[3]


No local da estação foi construído na década de 80 o atual Terminal Rodoviário de Coronel Fabriciano e o terminal urbano do transporte público municipal.[12] No entanto, este foi transferido para outro local do Centro de Fabriciano em 2008, para ceder espaço à Praça da Estação, cujo nome recebido reverencia a estação demolida.[13] Na década de 90 houve a intenção de construir uma réplica do antigo terminal ferroviário, porém o projeto não procedeu. Na mesma década foi proposta a construção de um metrô de superfície até a Cenibra, em Belo Oriente, aproveitando os trilhos da EFVM, mas a proposta também não obteve sucesso.[3] No trajeto da ferrovia foi criada a Avenida Rubem Siqueira Maia, ligando o Centro ao bairro Mangueiras.[14]



Legado |




Vista da Praça da Estação, inaugurada em 2008, vizinha ao terminal rodoviário.


A EFVM ainda cruza Coronel Fabriciano (fora do Centro), mas a estação ferroviária que atende ao município se encontra dentro de Timóteo e é denominada Estação Mário Carvalho. Apesar do deslocamento da via férrea, o terminal ainda é mais próximo da região central fabricianense do que de qualquer bairro residencial timotense, por se encontrar logo à margem do rio Piracicaba, que divide o Centro de Fabriciano da cidade vizinha.[15]


A demolição da estação representou a destruição de um patrimônio histórico e cultural de Coronel Fabriciano, tendo em vista que ela teve forte importância para o desenvolvimento do município. Além disso, muitos moradores possuíam memórias e lembranças que remetiam ao terminal, que estava situado em uma das regiões mais movimentadas do Centro de Fabriciano. No entanto, sua relevância histórica extrapola o território municipal, visto que suas origens remontam à construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas pelo Vale do Rio Doce.[3][14] Cabe ressaltar que diversas outras estações ferroviárias brasileiras com significativa magnitude histórica para seus municípios tiveram o mesmo destino.[16]


A estação demolida ainda é relembrada no município por meio de manifestações, a exemplo de seu retrato no quadro "O último trem", de autoria da artista plástica Mirian Franco. A obra foi encomendada por José Anastácio Franco, baseada em uma imagem de autoria do fotógrafo Argemiro Ribeiro, sendo posteriormente doada ao município e tombada como patrimônio cultural municipal em 28 de abril de 1999.[3][17] No exterior da Catedral de São Sebastião há uma miniatura da Estação do Calado.[18] Alguns objetos da estação se encontram resguardados no Museu José Avelino Barbosa, que foi inaugurado em outubro de 2014.[19] Fotos e registros, por vezes expostos em repartições públicas, também contribuem com a documentação da história do antigo terminal.[3]



Ver também |



  • História de Coronel Fabriciano

  • Transporte ferroviário no Brasil



Referências




  1. abcd Revista Caminhos Gerais, nº 35, pag. 22.


  2. Revista Caminhos Gerais, nº 35, pag. 27.


  3. abcdefghij Jornal Diário do Aço (9 de setembro de 2018). «Passado sem memória». Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 


  4. Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Cultural de Coronel Fabriciano, 2011, pag. 22.


  5. Centro-Oeste. «G1 - Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960». Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  6. Sugawara, Marisa Mitsue Mihara (dezembro de 2014). «Inserção do agente comunitário de saúde em ações de saúde do Programa Saúde na Escola» (PDF). Ipatinga-MG: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (NESCON): 8. Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 9 de fevereiro de 2019 


  7. Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) (dezembro de 2013). «Bens inventariados no município de Coronel Fabriciano» (PDF). Prefeitura. 1: 57–60. Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 9 de fevereiro de 2019 


  8. Prefeitura. «Organização do município». Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 


  9. ab Revista Caminhos Gerais, nº 35, pag. 24.


  10. Assessoria de Comunicação (3 de julho de 2009). «A criação do município». Prefeitura. Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  11. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 1)» (PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 1: 42–49. Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 3 de março de 2016 


  12. Jornal Vale do Aço (9 de fevereiro de 2007). «Praça do Cinquentenário terá homenagem a estação demolida». Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  13. Plox (18 de outubro de 2008). «Praça da Estação será inaugurada em Coronel Fabriciano». Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  14. ab Neto, Mário de Carvalho (2014). Vale do Aço Antes & Depois. Coronel Fabriciano (MG): MCN Comunicação e Editora. p. 14; 23; 27 


  15. Estações Ferroviárias do Brasil (25 de fevereiro de 2006). «Mario Carvalho». Consultado em 19 de abril de 2013. Cópia arquivada em 19 de abril de 2013 


  16. Haus (5 de setembro de 2018). «Estações ferroviárias de São Paulo viram ruína e União pode ser obrigada a recuperar os imóveis». ArchDaily. Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 


  17. Assessoria de Comunicação (1 de março de 2012). «Patrimônio Cultural». Prefeitura. Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  18. Assessoria de Comunicação (7 de agosto de 2009). «Sugestão de passeios: roteiro para o meio urbano». Prefeitura. Consultado em 11 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2014 


  19. Jornal Diário do Aço (19 de outubro de 2014). «Museu de Fabriciano será inaugurado dia 22». Consultado em 9 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 



Ligações externas |



  • Terminal Rodoviário de Coronel Fabriciano no WikiMapia — local onde estava situada a estação ferroviária




























































  • Portal de Coronel Fabriciano
  • Portal de Minas Gerais
  • Portal do Brasil
  • Portal dos transportes
  • Portal da história



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