Paris
Nota: Para outros significados, veja Paris (desambiguação).
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Comuna francesa | |||
Do topo, em sentido horário: Montmartre; Pirâmide do Louvre; Opéra Garnier e Palácio de Versalhes; panorama urbano de Paris com o rio Sena, a Ponte das Artes e a Torre Eiffel; Arco do Triunfo; placa do metrô de Paris; Catedral de Notre-Dame. | |||
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Lema: Fluctuat nec mergitur ("É sacudida pelas ondas, mas não afunda", em latim) | |||
Paris Localização de Paris na França | |||
Coordenadas | |||
País | França | ||
Região | Ilha de França | ||
Departamento | Paris | ||
Administração | |||
- Prefeito | Anne Hidalgo (PS) | ||
Área | |||
- Total | 105,40 km² | ||
População (2018) | |||
- Total | 2 206 488 | ||
• Densidade | 20 980 hab./km² | ||
Gentílico | parisiense | ||
Código Postal | 75001 a 75020[carece de fontes] | ||
Código INSEE | 75056[1] | ||
Sítio | www.paris.fr | ||
Paris, com a Torre Eiffel em primeiro plano e o centro financeiro de La Défense ao fundo |
Paris (em português europeu: pɐˈɾiʃ; em português brasileiro: paˈɾis; pronúncia francesa: [paʁi] ( ouvir)) é a capital e a mais populosa cidade da França, bem como a capital da região administrativa de Ilha de França. A cidade se situa em um dos meandros do Sena, no centro da bacia parisiense, entre os confluentes do Marne e do Sena rio acima, e do Oise e do Sena rio abaixo. Como a antiga capital de um império estendido pelos cinco continentes, é, hoje, a capital do mundo francófono.
A posição de Paris numa encruzilhada entre os itinerários comerciais terrestres e fluviais no coração de uma rica região agrícola a tornou uma das principais cidades da França ao longo do século X, beneficiada com palácios reais, ricas abadias e uma catedral. Ao longo do século XII, Paris se tornou um dos primeiros focos europeus do ensino e da arte. Ao fixarem-se os Reis de França e, pois, também a corte (o que incluía grande parte da alta nobreza francesa), na cidade, sua importância económica e política não cessou de crescer. Assim, no início do sséculo XIV, Paris era a mais importante cidade de todo o mundo ocidental. No século XVII, era a capital da maior potência política europeia; no século XVIII, era o centro cultural da Europa e, no século XIX, era a capital da arte e do lazer, a Meca da Belle Époque. Sua arquitetura, seus parques, suas avenidas e seus museus fazem-na, pelo ano de 2004, a cidade mais visitada do mundo francófono, com cerca de 25 milhões de turistas, aproximadamente 500 000 a mais do que em 2003, segundo a Secretaria de Turismo e de Congressos de Paris.[2] As margens parisienses do Sena foram inscritas, em 1991, na lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Paris é a capital económica e comercial da França, onde os negócios da Bolsa e das finanças se concentram. A densidade da sua rede ferroviária, rodoviária e da sua estrutura aeroportuária — um hub da rede aérea francesa e europeia — fazem-na um ponto de convergência para os transportes internacionais. Essa situação resultou duma longa evolução, em particular das concepções centralizadoras das monarquias e das repúblicas, que dão um papel considerável à capital do país e, nela, tendem a concentrar, ao extremo, todas as instituições. Desde os anos 1960, os governos sucessivos têm desenvolvido políticas de desconcentração e de descentralização a fim de reequilibrar o país.
Abrigando numerosos monumentos, por seu considerável papel político e econômico, Paris é também uma cidade importante na história do mundo. Símbolo da cultura francesa, a cidade atrai quase 30 milhões de visitantes por ano, ocupando, também, um lugar preponderante no mundo da moda e do luxo. Em 2007, a população intramuros (dentro do limite dos antigos muros) de Paris era de 2 193 031 habitantes pelo recenseamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos.[3] Porém, ao longo do século XX, a área metropolitana de Paris, se desenvolveu largamente fora dos limites da comuna original. A Grande Paris é, com seus 11 836 970 habitantes,[4] uma das maiores aglomerações urbanas da Europa e da União Europeia. Com um PIB de 813.364 milhões de dólares[5] a Região Parisiense é um ator econômico europeu de primeira grandeza, sendo a primeira região econômica europeia.
Índice
1 Etimologia
2 História
2.1 Pré-história e antiguidade
2.2 Idade Média
2.3 Idade Moderna
2.4 A Revolução Francesa e o Império
2.5 Da Restauração à Comuna de Paris
2.6 Da Belle Époque à Segunda Guerra Mundial
2.7 Era contemporânea
3 Geografia
3.1 Topografia
3.2 Hidrografia
3.3 Geologia
3.4 Clima
3.5 Meio ambiente
4 Demografia
4.1 Desigualdade social
4.1.1 Bairros belos e "bairros sensíveis"
4.1.2 Ausência de ligações comunitárias
4.2 As famílias parisienses
4.3 Habitação
4.4 Imigração
5 Política
5.1 Estatuto
5.2 Prefeitos de Paris
5.3 Orçamento e fisco
5.4 Justiça e segurança
5.5 Relações exteriores
6 Economia
6.1 Setores econômicos
6.2 Os bairros de negócios
6.3 Turismo
7 Infraestrutura
7.1 Educação
7.1.1 Ensino primário e secundário
7.1.2 Ensino superior
7.1.3 Evolução histórica
7.1.4 Situação atual
7.2 Transportes
7.3 Planejamento urbano
8 Cultura
8.1 Arquitetura e monumentos
8.1.1 Parques e jardins
8.1.2 Cemitérios
8.2 Museus
8.3 Bibliotecas
8.4 Óperas, teatros e salas de espetáculo
8.5 Cinema
8.6 Cafés, restaurantes e hotéis
8.7 Esportes
8.8 Manifestações culturais e festividades
9 Ver também
10 Referências
10.1 Bibliografia
11 Ligações externas
Etimologia |
Paris deve seu nome aos Parísios, um povo gaulês que habitava a região antes da chegada dos romanos. Após conquistá-los, os romanos rebatizaram seu assentamento como "Lutécia Parisioro" (em latim: Lutetia Parisiorum). Ao longo do século IX, essa denominação, aos poucos, deu lugar ao nome atual.[6] Os Parísios também emprestaram seu nome a algumas outras vilas da região, tais como Villeparisis, Cormeilles-en-Parisis, e Fontenay-en-Parisis.[7]
História |
Ver artigo principal: História de Paris
Pré-história e antiguidade |
O primeiro povoamento conhecido de Paris é da cultura chasseana (entre 4 000 e 3 800 a.C.), sobre a margem esquerda dum antigo braço do Sena dentro do 12º arrondissement de Paris.[8][9] A presença humana lá parece ter sido contínua durante o Neolítico.[f 1]
Os restos duma aldeia no Bairro Administrativo de Bercy, parte do 12º arrondissement, foram recuperados e datados por volta de 400 a.C. — notavelmente uma embarcação presa nos lamaçais que lá na época havia e atualmente exposta no Museu Carnavalet. Fora disto, a falta de dados caracteriza o conhecimento do período desde a dita ocupação pré-histórica até a época galo-romana. A única certeza é de que os parísios são os mestres da região quando chegam as tropas de César, em 52 a.C., que a renomeiam como Lutécia (em latim: Lutetia). Os parísios haviam-se submetido a Vercingetórix para lutar contra os invasores romanos, porém sem sucesso. Ainda não se sabe com precisão onde ficava o assentamento gaulês: île de la Cité (hipótese hoje muito discutida), île Saint-Louis, ou alguma outra ilha que hoje se acha anexada à margem esquerda do Sena, ou até mesmo Nanterre.[10][11]
A cidade romana foi construída, segundo um mapa de grade ortogonal datado do século I, sobre a margem esquerda. Lutécia, como a chamavam os romanos, provavelmente não tendo mais que cinco a seis mil habitantes em seu apogeu, não era mais que uma vila modesta do mundo romano. Compare-se ela com Lugduno, capital das três Gálias (uma das quais a Gália Lugdunense , que englobava a região da Lutécia), que contava, no século II, com 50 000 a 80 000 habitantes.[12] Mesmo assim, Lutécia contava com um fórum, palácios, banhos, templos, teatros, e um anfiteatro.[13]
Segundo a tradição, a vila foi cristianizada por São Denis, martirizado no ano 272. Durante o Baixo Império, a Lutécia foi afetada pelas grandes invasões e a sua população se refugiou na île de la Cité, fortificada com pedras recuperadas de grandes edifícios arruinados. Contudo, desde o século IV, a existência de assentamentos exteriores à muralha é atestada, e a vila retoma o nome do povo do qual ela é a capital, os parísios.[14]
Em 451, a Santa Genoveva, futura padroeira da cidade, será quem conseguirá convencer os habitantes a não fugir diante dos Hunos de Átila, que são repelidos efetivamente sem combate.[f 2]
Idade Média |
O rei Clóvis I fez de Paris a capital do Reino dos Francos por volta de 506. Aí ela permanece até pelo menos o início do século VII. No século VI, a Igreja de Saint-Gervais-les-Bains é o primeiro lugar de culto implantado sobre a margem direita — sinal de que a cidade se expande.[f 3]
Os viquingues, chegando em seus dracares de mínimo deslocamento, pilham pela primeira vez em 845 a cidade abandonada por seus habitantes. As suas incursões se prolongam até o início do século X, e os seus assaltos só se mitigaram com o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte concluído em 911.[c 1]
Os Capetos, que reinam a partir de 987, preferem Orléans à Paris, uma das duas grandes vilas do seu domínio pessoal. Hugo Capeto, apesar da sua residência na île de la Cité, lá pouco se delonga. Roberto o Pio a visita com muita frequência. A cidade se torna um importante centro de ensino religioso desde o século XI.[f 4] O poder real se fixa progressivamente em Paris, que volta a ser a capital do reino, a partir de Luís VI (1108-1137) e mais ainda sob Filipe Augusto (1179–1223), que a cercou com uma muralha. O comércio enriquece Paris a qual tira vantagem da sua posição na convergência de grandes rotas comerciais. O trigo entra pela Rue Saint-Honoré; os tecidos do Norte pela Rue Saint-Denis e o pescado do Mar do Norte e da Mancha pela Rue des Poissonniers. A importância do seu mercado, junto com a feira do Lendit em Saint-Denis, demanda uma praça num lugar menos abarrotado do que a île de la Cité: Luís VI a instala em cerca de 1137 no lugar chamado "Les Champeaux" (as campinazinhas); os Halles de Paris (Mercado Municipal) lá permaneceriam por mais de oito séculos. Em 1163, o bispo Maurice de Sully empreende a edificação da Catedral de Notre-Dame de Paris sobre a île de la Cité. A importância da cidade aumenta, tanto no plano político como no financeiro e comercial. Os órgãos centrais do governo dela fazem a sua sede, e o desejo do rei de melhor controlá-la não deixa que ela usufrua duma carta comunal. Apesar disso, ele lhe concede os privilégios de "burgo do rei" e consente favores a "hansa" (ou "guilda") dos mercadores fluviais. Em [1258, Saint-Louis tira o preboste das mãos dos mercadores e a confia a um amigo, Étienne Boileau. Em 1263, a hansa dos mercadores elege o primeiro conselho composta dum preboste de mercadores e de quatro vereadores. Assim se estabelece um sistema de dupla autoridade entre a cidade e o poder real.[f 5]
Por volta de 1328, a população parisiense é estimada em 200 000 habitantes, o que a faz a cidade mais populosa da Europa.[15][f 6] Mas em 1348, a Peste Negra dizima a população. No século XIV, a muralha de Carlos V (1371–1380) engloba o conjunto dos atuais 3º e 4º arrondissements e se estende do Pont Royal à Porte Saint-Denis.
Durante a Guerra dos Cem Anos, o descontentamento popular nutre a ambição do preboste dos mercadores, Étienne Marcel, provocando a grande ordenança de 1357 e em seguida o primeiro grande levante popular da história de Paris, causando novas rupturas entre o rei e a cidade.[f 7] Os reis desde então deixam de residir no centro da cidade, preferindo primeiro o Hôtel Saint-Pol (destruído por ordem de Carlos VI após o Bal des ardents), depois o Hôtel des Tournelles, donde se pode mais facilmente escapar em caso de tumulto. Em 1407 (logo após o assassinato de Luís d'Orleães), estoura uma guerra civil entre armagnacs e bourguignons que dura até 1420.[f 8] A cidade passa para o campo dos bourguignons em setembro de 1411.
Paris termina arruinada pela Guerra dos Cem Anos. Joana d'Arc, em 1429, falha na sua tentativa de liberá-la dos ingleses e de seus aliados Borguinhões. Carlos VII e seu filho Luís XI tem ressalvas contra a cidade e fazem questão de não residir nela, preferindo o Vale do Loire. Sua população cresce entre 1422 e 1500, contando de cem mil a cento-e-cinquenta mil almas. Uma modesta expansão económica é retomada em meados do século XV, mas a cidade sofre com a ausência da Corte. Paris se transforma numa cidade administrativa e judiciária.[f 9]
Idade Moderna |
A Renascença, marcadamente presente na corte real residente no Vale do Loire, consequentemente não beneficia muito Paris. Apesar do seu afastamento, a monarquia se inquieta com a expansão desordenada da cidade. A primeira regulamentação urbanística é decretada em 1500 a propósito da nova ponte de Notre-Dame, sobre a qual se construíram casas uniformes de tijolo e pedra com o estilo Luís XII.[c 2]
Em 1528, Francisco I fixa oficialmente a sua residência em Paris. A irradiação intelectual cresce: ao ensino universitário (teologia e artes liberais) se ajunta um ensino moderno voltado para o humanismo e as ciências exatas segundo os desejos do rei, no Collège de France. Sob o seu reino, Paris atinge a marca de 280 000 habitantes e permanece como a maior cidade do ocidente.[s 1]
Em 24 de agosto de 1572, sob Carlos IX, se organiza o massacre da noite de São Bartolomeu. Contam-se dentre duas mil e dez mil vítimas.[f 10] A Liga católica francesa, particularmente forte na capital, se ergue contra Henrique III durante o Dia das Barricadas em 1588. Ele foge antes de fazer cerco à cidade.[f 11] Após o seu assassinato, o cerco é mantido por Henrique de Navarra, coroado como Henrique IV. A cidade, apesar de arruinada e faminta, não lhe abre as portas até 1594 após a sua conversão — ocasião na qual ele cunhou a célebre porém apócrifa citação "Paris vaut bien une messe." (Por Paris, vale a pena ir a uma missa). O Dia das Barricadas de 1648 marca o início da Fronda, a qual provoca uma severa crise económica e uma atmosfera de desacato ao rei vis-à-vis a sua capital.[f 12] Apesar duma alta taxa de mortalidade infantil, a população atinge a marca de 400 000 habitantes graças à imigração das províncias. Paris é uma vila paupérrima onde reina a falta de segurança. O bairro da lendária corte dos milagres (assim chamada porque os indigentes e enfermos do dia desapareciam após passar-se a noite, como por milagre) é progressivamente esvaziada a partir de 1656 pelo tenente-general de polícia Gabriel Nicolas de la Reynie.[16]
Luís XIV escolhe Versalhes como residência em 1677, antes de para lá mudar a sede do governo em 1682. Colbert toma em sua mãos a gestão parisiense e faz as idas e vindas entre Paris e Versalhes. Durante o seu reino, o Rei Sol não foi mais que vinte-e-quatro vezes à Paris, essencialmente só para marcar presença em cerimônias oficiais, numa mostra de hostilidade da qual não gostam muito os parisienses.[f 13]
No século XVIII, Versalhes não tira de Paris a preeminência intelectual; pelo contrário, ela se torna uma chama revolta a se alimentar das ideias iluministas. É esse o período dos salões literários, como aquele de madame Geoffrin. Os anos setecentos é também um período de forte expansão económica a qual permite um importante marco demográfico: a vila chega a 640 000[17] habitantes às vésperas da Revolução Francesa.
Em 1715], o regente Filipe d'Orleães abandona Versalhes pelo Palais Royal. O jovem Luís XV se instala no Palácio das Tulherias, assim fazendo um efémero retorno da realeza à Paris. Desde 1722, Luís XV volta ao Palácio de Versalhes, rompendo a frágil reconciliação com o povo parisiense.[f 14]
A cidade de então se estendia mais ou menos sobre os seis primeiros arrondissements atuais, com o Jardin du Luxembourg marcando a fronteira ocidental da cidade. Luís XV começa a se interessar pessoalmente pela cidade em 1749, que é quando ele decide reformar a praça Luís XV (atual Praça da Concórdia), criar a escola militar em 1752,[18] e sobretudo construir uma igreja dedicada à Santa Genoveva em 1754, melhor conhecida atualmente como Panteão.[19]
A Revolução Francesa e o Império |
É em Versalhes que começa a Revolução Francesa com a convocação dos Estados Gerais e depois com o Juramento do Jogo da Péla. Mas a crise económica (em especial, o preço do pão), a sensibilidade aos problemas políticos nascida da filosofia iluminista, e o rancor por ter o poder real abandonado a cidade por mais de um século, dão aos parisienses uma nova orientação.[f 15] A tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, ligada à insurreição dos artesãos do subúrbio Saint-Antoine, é a primeira etapa disso. Em 15 de julho de 1789, o astrónomo Jean Sylvain Bailly recebe no Hôtel de Ville o cargo de primeiro prefeito de Paris. Em 5 de outubro, um levante desencadeado pelas mulheres nos mercados parisienses chega a Versalhes ao anoitecer. Às 6 da manhã, o castelo é invadido e o rei é obrigado pelos populares a fazer residência em Paris no Palácio das Tulherias e de lá convocar uma Assembleia constituinte, a qual se instala em 19 de outubro na Salle du Manège das Tulherias.[c 3]
Em 14 de julho de 1790 faz-se a Festa da Federação no Campo de Marte. Nesse mesmo lugar, a ocasião será menos festiva quando, em 17 de julho de 1791, ele servirá de palco para um fusilamento.
Declaram-se os bens da Igreja Católica e da Coroa como bens nacionais, de propriedade do governo revolucionário. Dentre eles, destacam-se o convento cordelheiro e o convento jacobino, tomados em maio de 1790, que constituiriam o coração da Paris revolucionária; isto demonstra o poder absoluto dos clubes parisienses sobre o curso da Revolução.[c 4]
Na noite de 9 de agosto de 1792, uma "comuna" revolucionária toma posse do Hôtel de Ville. No dia 10 de agosto de 1792, a multidão cerca o Palácio das Tulherias com o suporte do novo governo do conselho. O rei Luís XVI e a família real são encarcerados na Tour du Temple. A monarquia francesa é de fato abolida. Após as eleições de 1792, os representantes da Comuna de Paris, ultra-radicais, se opõe à Convenção Nacional dominada pelos Girondinos, os quais representam a opinião mais moderada da burguesia provincial; a Convenção girondina é dispersada em 1793.[c 5]
Os parisienses vivem então sob dois anos de racionamento. O Terror reina com o espectro do Comitê de Salvação Pública. Os policiais de Paris, sob a autoridade do prefeito, se entregam à tarefa de encarcerar todos os que restam na cidade dentre os nobres, os ricos burgueses, os padres e os intelectuais. É por essa razão que o prefeito de Paris ainda é até hoje o único de toda a França a ser proibido de exercer qualquer poder de polícia.[20][21] Em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI é guilhotinado na praça Luís XV, rebatizada como "Praça da Revolução". Ele é seguido no cadafalso em somente algumas semanas por 1 119 pessoas, dentre as quais Maria Antonieta, Danton, Lavoisier e finalmente Robespierre e seus partidários após o dia 9 de Termidor do ano II (27 de julho de 1794).[c 6]
A Revolução não é um período favorável ao desenvolvimento da cidade (poucos monumentos são edificados), a qual não tem mais que 548 000 habitantes em 1800. Numerosos conventos e igrejas são arrasados e dão lugar a loteamentos não-planejados, resultando numa redução dos espaços verdes da cidade e numa densificação do centro. Sob o Diretório, imóveis esplendorosos, de estilo neoclássico, são erguidos.
Em 1806, Paris já havia compensado as perdas sofridas durante a Revolução e contava com 650 000 habitantes;[22] essa progressão é sobretudo o efeito da imigração das províncias, visto que continua débil a taxa de natalidade. Após meados do século XVIII, a cidade é ultrapassada por Londres em plena expansão económica e demográfica, chegando a 1 096 784 habitantes.[c 7] Em 2 de dezembro de 1804, Napoleão Bonaparte, o qual tomara o poder em 1799, é sagrado imperador pelo Papa Pio VII na Catedral de Notre-Dame. Ele decide estabelecer em Paris a capital do seu Império.
Da Restauração à Comuna de Paris |
A queda do Império em 1814-1815 traz à Paris os exércitos ingleses e cossacos que acampam nos Champs-Élysées. Luís XVIII, de retorno do exílio, reentra em Paris, lá faz-se coroar e se instala nas Tulherias. Luís XVIII e Carlos X, e depois ainda a Monarquia de Julho pouco se preocupam pelo urbanismo parisiense. O proletariado trabalhador, em forte expansão, se amontoa miseravelmente nos bairros centrais os quais, com mais de 100 000 habitantes por quilómetro quadrado, constituem severos focos de epidemia; a cólera em 1832 faz 32 000 vítimas. Em 1848, o destino final de 80 % dos mortos é uma fossa comum, e dois terços dos parisienses são pobres demais para pagar impostos. A massa empobrecida do povo, negligenciada e desgastada, está no clima ideal para repetidas revoltas que o governo não consegue nem prever, nem vencer: as barricadas causam primeiro a queda de Carlos X durante as Revoluções de 1830 e depois a de Luís-Filipe em 1848. A sociedade da época é abundantemente descrita por Balzac, Victor Hugo e Eugène Sue.
Durante esse período, a cidade acelera o seu ritmo de crescimento até alcançar o Mur des Fermiers Généraux. Entre 1840 e 1844, a última muralha de Paris, chamada Enceinte de Thiers, é construída sobre o local atual do boulevard périphérique. No coração da cidade, a Rue Rambuteau é aberta.[c 8]
Com a chegada do Segundo Império, Paris se transforma radicalmente. Duma cidade de estrutura medieval, de construções antigas e insalubres, e praticamente desprovida de grandes eixos de circulação, ela se torna em menos de vinte anos uma cidade moderna. Napoleão III tinha ideias precisas sobre urbanismo e habitação. A Paris dos dias de hoje é por isso antes de tudo a cidade de Napoleão III e de Haussmann. Em 1 de janeiro de 1860, uma lei permite que Paris anexe várias comunas vizinhas.[23] A capital francesa passa assim de doze a vinte arrondissements e de 3 438 a 7 802 hectares.[24]
Após essas anexações, os limites administrativos da cidade serão modificados não mais que ligeiramente, e o crescimento urbano, o qual continua ininterrupto desde o fim do século XIX até o século XX, não será acompanhado duma semelhante expansão das fronteiras da comuna, donde se originaram os "subúrbios".[c 9]
Durante a Guerra franco-prussiana de 1870, Paris é sitiada por vários meses, mas não é tomada pelos exércitos prussianos. Nessa ocasião, é inventado o correio aéreo, graças aos balões-correio. Recusando o armistício assinado em 26 de janeiro de 1871 e em seguida das eleições de fevereiro as quais levam ao poder os monarquistas desejosos de pôr fim à guerra, os parisienses se insurgem em 18 de março de 1871. É o início da Comuna de Paris. A Assembleia monarquista instalada provisoriamente em Versalhes, se embate contra e Comuna entre os dias 22 e 28 de maio, no que se chamou de Semana sangrenta. Esta permanece até os nossos dias como a última guerra civil que Paris conheceria.[c 10][f 16]
Da Belle Époque à Segunda Guerra Mundial |
Durante a Belle Époque, a expansão económica de Paris é significativa; em 1913 a cidade possui cem mil empresas que empregam um milhão de trabalhadores.[25] Entre 1900 e 1913, 175 cinemas são criados em Paris, numerosas lojas de departamentos nascem e contribuem para o engrandecimento da cidade luz. Duas exposições universais deixam uma grande marca sobre a cidade. A Torre Eiffel é construída para a Exposição Universal de 1889 (centenário da Revolução Francesa) a qual acolhe 28 milhões de visitantes. A primeira linha do Metropolitano de Paris, o Grand Palais, o Petit Palais e a Ponte Alexandre III são inaugurados à ocasião da Exposição de 1900, a qual recebe cinquenta-e-três milhões de visitantes.[25] A indústria progressivamente se desloca para os subúrbios próximos onde se acha mais espaço disponível: Renault à Boulogne-Billancourt ou Citroën à Suresnes. Essa migração é a origem do "banlieue rouge". Entretanto, certas atividades permanecem fortemente implantadas dentro da cidade intra-muros, em particular a imprensa e a publicação.[f 17]
Da Belle Époque aos Anos malucos, Paris conhece o apogeu da sua influência cultural (notavelmente no entorno dos bairros de Montparnasse e de Montmartre) e acolhe muitíssimos artistas tais como Picasso, Matisse, Braque e Fernand Léger. Em 1910, a Grande Cheia do Sena provoca uma das mais graves inundações que a cidade conheceria e causa três bilhões de francos em prejuízos.[c 11] Durante a Primeira Guerra Mundial, Paris, poupada dos combates diretos, sofre bombardeios[26] e tiros de canhão alemães. Esses bombardeios são esporádicos e não constituem nada além duma operação de caráter psicológico.[c 12]
O Entre-guerras se desenrola sobre um fundo de crise social e económica. O poder público, em resposta à crise de habitação, vota a Lei Loucheur, a qual cria as Habitation à Bon Marché (HBM, habitações de preço social) erigidas no lugar da antiga enceinte de Thiers. Os outros imóveis parisienses são, essencialmente, dilapidadas e constituem focos de tuberculose; a densidade urbana culmina em 1921, Paris intra-muros contando 2 906 000 habitantes.[27] Paralelamente, loteamentos se desenvolvem por todos os cantos no entorno da cidade, em "banlieues" onde a expansão se faz de modo anárquico, frequentemente em campos abertos sem organização e sem serviços públicos.[c 13]
Os parisienses tentam retomar a sua preeminência política num contexto de múltiplos escândalos financeiros e de corrupção dos meios políticos.[f 18] Em 6 de fevereiro de 1934, a manifestação das Juventudes Patriotas contra a esquerda parlamentar se degenera em violência e faz dezessete mortos e mil cento-e-cinco feridos, a que se segue em 14 de julho de 1935, uma importante demonstração em favor da Frente Popular conta com quinhentos mil manifestantes.[c 14]
No decorrer da Segunda Guerra Mundial, Paris, declarada como cidade aberta desde a Batalha da França, é ocupada pela Wehrmacht em 14 de junho de 1940. Ela é relativamente poupada.[28] O governo do marechal Pétain se instala em Vichy, e Paris cessa de ser a capital e se torna a sede do comando militar alemão na França (Militärbefehlshaber in Frankreich).[c 15] Em 23 de dezembro de 1940, o engenheiro Jacques Bonsergent é o primeiro membro da Resistência a ser fusilado em Paris. Em 16 e 17 de julho de 1942, dá-se a Rafle du Vélodrome d'Hiver, ou Vel d'Hiv, a apreensão de 12 884 judeus, a mais massiva na França, tratando-se na maioria de mulheres e crianças.[c 16]
Ao se aproximarem as tropas aliadas, a Resistência Francesa desencadeia uma insurreição armada em 19 de agosto de 1944. A Liberação de Paris se faz em 25 de agosto com a entrada em Paris da 2ª divisão blindada do general Leclerc, que comanda ao capitão Raymond Dronne que perfure as linhas inimigas com a sua nona companhia (Régiment de marche du Tchad). O general von Choltitz capitula sem executar as ordens de Hitler demandando a destruição da cidade.[29][30] A cidade é relativamente poupada de combates.[c 17] Paris é uma das raras comunas da França a ser condecorada com o título de Compagnon de la Libération (Companheiro da Liberação).[31]
Era contemporânea |
Em 1956, Paris se liga à Roma por um laço privilegiado, um forte símbolo da dinâmica de[32] de reconciliação e de cooperação após a Segunda Guerra Mundial.[s 2][s 3] Sob o mandato do general de Gaulle de 1958 a 1969, vários eventos políticos se desenrolam na capital. A 17 de outubro de 1961, uma manifestação em favor da independência da Argélia é violentamente reprimida. Segundo as estimativas, entre 32 e 325 pessoas são massacradas pela polícia, então dirigida por Maurice Papon.[33] A partir de 22 de março de 1968, um importante movimento estudantil surge na Universidade de Nanterre. Ao chegar no quartier latin as manifestações se degeneram em violência. A contestação, tomando forma em um contexto de solidariedade internacional e de emulação (negros e feministas americanos, os "provos" holandeses, a Primavera de Praga, o atentado contra o alemão Rudi Dutschke, etc.) entre idealistas e jovens, embalada por Bob Dylan e sua canção The Times They Are a-Changin', desejando "mudar o mundo", se desenvolve rapidamente numa crise política e social nacional. Em 13 de maio, uma imensa marcha popular ajunta 800 000 pessoas em protesto contra a violência policial. Em 30 de maio, uma manifestação de suporte ao governo e ao General de Gaulle reúne um milhão de pessoas, entre a Place de l'Étoile até a Place de la Concorde. Após dois meses de desordem e tumulto, os parisienses votam massivemente em favor do general de Gaulle nas eleições legislativas e a calma retorna.[c 18]
O sucessor do general de Gaulle, Georges Pompidou se interessa de perto pela capital. Ele emprestou o seu nome ao prédio que abriga o musée national d'Art moderne, à bibliothèque publique d'information e à via expressa da margem direita. Valéry Giscard d'Estaing, presidente durante a sua gestão, não partilha da sua visão duma modernização radical: ele pôs em causa o projeto previsto para os Halles e interrompe parcialmente o projeto da via expressa. Em 1976, o Estado permite pela primeira vez desde 1871 que a capital tenha autonomia no conselho. O gaullista Jacques Chirac é então eleito prefeito. Ele será reeleito em 1983 e 1989. Sob o primeiro mandato do presidente François Mitterrand, uma reforma é adotada pela lei de descentralização de 31 de dezembro de 1982: ela dá a cada arrondissement da capital um prefeito e um conselho municipal próprio e não mais designados pelo prefeito de Paris.[c 19]
Em 1991, os cais do Sena, desde a Pont Sully até a Pont d'Iéna, são postos na lista de Patrimónios da Humanidade da UNESCO ao título de notável conjunto fluvial-urbano com seus vários monumentos os quais constituem obras-primas da arquitetura e da razão. Eleito Presidente da República em maio de 1995, Jacques Chirac é substituído por Jean Tiberi cujo único mandato é notavelmente marcado pela exposição de vários escândalos de corrupção e pela divisão da maioria do conselho.[34]
Em 2001, o socialista Bertrand Delanoë é eleito prefeito. Ele se destaca dos seus predecessores por seu anseio público de reduzir o espaço do automóvel na cidade em benefício dos pedestres e dos transportes públicos. Ele desenvolve a animação da vida parisiense através de grandes manifestações culturais como a Nuit Blanche ou simplesmente lúdicas como a Paris-Plage. Em 16 de março de 2008, Bertrand Delanoë é reeleito prefeito de Paris face a Françoise de Panafieu (UMP). Em novembro de 2005 a França viu-se agitada por conflitos sociais onde o estopim teria sido divergências raciais. Grandes motins populares ocorreram no país, inclusive em Paris e seus subúrbios: eles foram afetados pela desordem e queima de carros à noite, no episódio que ficou conhecido como Outono de 2005. Capital política e intelectual da França, Paris é a sede do governo, das principais administrações, de um arcebispado, de uma Universidade (que congrega a terça parte dos estudantes franceses), de vários museus e bibliotecas. É, ademais, o principal centro industrial e comercial da França, graças à importância do mercado de consumo, à convergência das vias de comunicação e à concentração dos capitais. Paris é a sede das organizações internacionais UNESCO, OECD e Câmara Internacional de Comércio.
Geografia |
Topografia |
No coração da bacia parisiense, Paris está implantada sobre o Sena, onde se situam as duas ilhas as quais constituem o centro histórico da cidade: a île de la Cité ao oeste e a île Saint-Louis ao leste. De lá, se estende de forma desigual dum lado e doutro do rio, sendo a superfície ocupada ao norte sobre a margem direita claramente superior (cerca do dobro de área) àquela sobre a margem esquerda ao sul.
A Paris intramuros foi delimitada de fato em 1844 pelo Muro de Thiers, anexando, em 1860, as comunas e os bairros encerrados por essa muralha.[35] Ela é hoje separada do subúrbio pelo bulevar periférico. Os acessos viários se fazem pelos portões de Paris ou pelas autoestradas e rodovias nacionais que ali se entroncam. O bulevar periférico, uma via expressa urbana de 35 quilómetros, constitui uma fronteira artificial entre a cidade e as comunas limítrofes; a sua cobertura gradual permite à Paris melhor ligar-se à sua periferia.[36]
No exterior do limite do rodoanel, Paris também inclui as zonas onde ficam o heliporto (15º arrondissement) sobretudo as duas zonas arborizadas por Haussmann nas comunas vizinhas antes que fossem anexadas à Paris em 1929: ao oeste, o Bois de Boulogne (846 hectares, 16º arrondissement) e ao leste, o Bois de Vincennes (995 hectares, 12º arrondissement), que trazem o perímetro da cidade a 54,74 quilómetros.
Dum e doutro lado do rio, o relevo apresenta várias formações isoladas de gipsita que formam pequenas colinas.[s 4] Na margem direita: Montmartre (131 metros de altitude), com ponto culminante no Cimetière du Calvaire;[s 5] Belleville (128,5 metros), com ponto culminante na Rue du Télégraphe; Ménilmontant (108 metros); Buttes-Chaumont (103 metros); Passy (71 metros); e Chaillot (67 metros). Sobre a margem esquerda: Montparnasse (66 metros); Butte-aux-Cailles (63 metros); e Montagne Sainte-Geneviève (61 metros).
A cidade de Paris com 105 km² ocupa o 113º lugar dentre as comunas da França metropolitana em área. Por outro lado, a unidade urbana de Paris, como se diz da própria cidade mais a sua aglomeração urbana periférica, cobre uma superfície de 2723 km² reunindo 9 644 507 habitantes repartidos, em 1999, dentre 396 comunas da Île-de-France.[37]
O marco zero das rodovias francesas é simbolizado por um pedestal diante de Notre-Dame.
Hidrografia |
Ver artigo principal: Rio Sena
O Sena corta a cidade formando um arco, entrando pelo sudeste e saindo pelo sudoeste. Mais de trinta pontes permitem a travessia do curso fluvial.
Ela é igualmente atravessada por dois outros cursos d'água: o Bièvre, que vem do sul de Paris, hoje em dia inteiramente subterrâneo; e o canal Saint-Martin, inaugurado em 1825, com comprimento de 4,5 quilómetros. Ele é parcialmente subterrâneo desde a rue du Faubourg-du-Temple até a Bastille e constitui a parte terminal do canal de l'Ourcq, de 108 quilómetros de comprimento, que entra na cidade pelo nordeste. Ele alimenta a bacia de Villette, passa sob a Place de la Bastille antes de se juntar ao Sena num curso acima da île Saint-Louis, após o porto do Arsenal. Um canal dele se divide na bacia de Villette na direção de Saint-Denis, o canal Saint-Denis, de 4,5 quilómetros de comprimento, aberto em 1821. O canal Saint-Denis desagua no Sena rio abaixo, evitando cortar a cidade.[f 19]
Geologia |
A Bacia parisiense forma um grande conjunto de estratos sedimentares sucessivos. É um dos primeiros lugares que serviram de objeto duma carta geológica, inspirando homens como Georges Cuvier que firmaram as bases de numerosas teorias em geologia tais como a paleontologia e a anatomia comparada.[38] Constituída há 41 milhões de anos, ela é uma bacia marinha epicontinental em repouso sobre um maciço datando do Paleozoico, nomeadamente, o Maciço de Vosges, o Maciço Central e o Maciço Armoricano. Com a formação dos Alpes, a bacia se deformou mas continuou aberta para o Canal da Mancha e para o Oceano Atlântico. Assim se prefiguraram as futuras bacias fluviais do Loire e do Sena. Ao final do Oligoceno, a bacia parisiense se torna continental.[38]
Em 1911, Paul Lemoine mostra que a bacia é composta de estratos dispostos em depressões concêntricas.[39][40] Mais tarde, os estudos se aprofundaram na coleta de dados sísmicos; perfurações e poços permitiram desenhar cartas sísmicas precisas. Estes mesmos confirmam a disposição dos estratos em depressões concêntricas mas com objetos complexos, como as falhas. As formações do relevo parisiense se situam nos estratos do Mesozoico e do Paleogeno (era terciária) e foram elaboradas pela erosão.
O primeiro estrato datando da era terciária é constituído de aluviões do Sena de época moderna. Os depósitos mais antigos são de areia e de argila datando do estágio do Ypresiano presentes no 16º arrondissement de Auteuil até Trocadéro. Mas o estágio mais conhecido é o Lutetiano, rico em gipsita e em calcário.[41]
O subsolo parisiense se caracteriza pela presença de numerosas pedreiras de calcário, gipsita e pedra de mó. Algumas foram usadas como catacumbas e formam o ossário do conselho, do qual uma parte está aberta ao público. O calcário foi explorado até o século XIV sobre a margem esquerda, da Place d'Italie até Vaugirard. Hoje em dia, a sua extração está deslocada mais para o Oise, em Saint-Maximin por exemplo.[42] A exploração da gipsita era muito ativa em Montmartre e em Bagneux.
A hidrogeologia é muito influenciada pela urbalização. O Rio Bièvre, pequeno afluente do Sena que um dia modelou toda a margem esquerda, foi coberto no século XIX por razões higiênicas. Numerosos riachos subterrâneos estão presentes no subsolo parisiense, como os de Auteuil, os quais fornecem uma fonte de água subterrânea para a cidade. O riacho albienne é o mais conhecido da região e tem sido explorado por Paris desde 1841 pelos poços artesianos de Grenelle.[43]
Clima |
Paris tem um clima de tipo oceânico de transição: a influência oceânica é preponderante sobre a influência continental e se traduz em verões relativamente frios (18 °C em média) e invernos amenos (6 °C em média). Há chuvas frequentes em todas as estações e um tempo difícil de prever, mas a influência continental faz com que as chuvas sejam bem mais fracas (641 milímetros) do que na costa, independentemente das temperaturas, seja no coração do inverno ou no mais estafante verão. O desenvolvimento urbano provoca uma alta da temperatura assim como uma baixa do número de dias encobertos.
Dados climatológicos para Paris | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 16,1 | 21,4 | 25,7 | 30,2 | 34,8 | 37,6 | 40,4 | 39,5 | 36,2 | 28,4 | 21 | 17,1 | 40,4 |
Temperatura máxima média (°C) | 7,2 | 8,3 | 12,2 | 15,6 | 19,6 | 22,7 | 25,2 | 25 | 21,1 | 16,3 | 10,8 | 7,5 | 16 |
Temperatura média (°C) | 5 | 5,6 | 8,8 | 11,5 | 15,3 | 18,3 | 20,5 | 20,4 | 16,9 | 13 | 8,3 | 5,5 | 12,4 |
Temperatura mínima média (°C) | 2,7 | 2,8 | 5,3 | 7,3 | 10,9 | 13,8 | 15,8 | 15,7 | 12,7 | 9,6 | 5,8 | 3,4 | 8,9 |
Temperatura mínima recorde (°C) | -14,6 | -14,7 | -9,1 | -3,5 | -0,1 | 3,1 | 6 | 6,3 | 1,8 | -3,1 | -14 | -23,9 | -23,9 |
Precipitação (mm) | 51 | 41,2 | 47,6 | 51,8 | 63,2 | 49,6 | 62,3 | 52,7 | 47,6 | 61,5 | 51,1 | 57,8 | 637,4 |
Dias com precipitação | 9,9 | 9 | 10,6 | 9,3 | 9,8 | 8,4 | 8,1 | 7,7 | 7,8 | 9,6 | 10 | 10,9 | 111,1 |
Horas de sol | 62,5 | 79,2 | 128,9 | 166 | 193,8 | 202,1 | 212,2 | 212,1 | 167,9 | 117,8 | 67,7 | 51,4 | 1 661,6 |
Fonte: Météo-France (médias climatológicas de 1981 a 2010).[44] |
Meio ambiente |
Como todas as grandes metrópoles do planeta, Paris sofre as consequências ambientais ligadas à escalada da sua população e da sua atividade económica.[s 6] Paris é a capital de maior densidade populacional da Europa. Os espaços verdes são poucos e de baixa biodiversidade, apesar dos parques e jardins que tem sido criados no curso das duas últimas décadas a fim de paliar essa carência.[45] A poluição atmosférica e a poluição sonora constituem problemas de saúde pública; por esse motivo, criaram-se redes de monitoramento de poluição. Para melhorar a qualidade do ar, a cidade decidiu proibir automóveis com matrícula anterior a outubro de 1997 de circular nos finais de semana.[46]
Entrando no domínio das anedotas, Paris possui uma reputação pouco gloriosa em matéria de dejetos caninos. Esses dejetos são considerados como a causa primária da sujeira da cidade pelos habitantes.[s 7]
Demografia |
Segundo o INSEE, a população da cidade de Paris é de 2 193 031 habitantes[3] em 1 de janeiro de 2007 por uma superfície de 10 540 hectares, ou seja, uma densidade de 20 807 habitantes por km2, uma das maiores da Europa. Em 2007, a aglomeração definida pelo INSEE compreende 396 comunas e totaliza 42 124 221 habitantes.[47] Ainda em 2007, a sua área urbana, incluindo comunas sob forte influência de Paris, atinge 11 836 970 habitantes[4] o que a põe entre as maiores metrópoles do mundo.
A demografia de Paris não pode ser vista por si só; ela é totalmente ligada àquela da sua aglomeração. Esse fenômeno deriva da pequena cunha administrativa de Paris, a qual implica que o uso do espaço não se faz mais tanto à escala do conselho quanto à regional.[48]
Após os anos 1950-1960, a população de Paris sofreu um declínio considerável, apesar do aumento do número de moradias; mas desde 1999, cessou esse declínio.[49] O último recenseamento mostra um acréscimo de + 2.5 % entre 1999 e 2006, elevando a população intra-muros desde então a 2 181 371 pessoas. A primeira explicação reside na evolução sociocultural comum às sociedades ocidentais, implicando num recuo do número de matrimônios e de nascimentos. Todavia, no caso de Paris, a evolução demográfica se explica melhor com as migrações que com o crescimento vegetativo. Assim, em 1999, a capital registra 70 200 imigrantes contra 30 500 nascimentos, e 85 000 emigrados contra 18 700 mortos.[50] Abundam outras explicações. Primeiramente, a capital teve uma baixa do número de residentes verdadeiros: em 1999, 10,3 % das moradias estavam vagas, e 5,7 % são residências secundárias ou ocasionais, contra respectivamente 1,6 % e 1,9 % em 1962.[48]
A proporção média de famílias parisienses também caiu muito: a redução do número de casais e do número de crianças por casal tem há muito sido as principais explicações. Porém, havendo a taxa de fecundidade se mantido constante, a diminuição da proporção de famílias parisienses se explica hoje em dia essencialmente pela atração à cidade de jovens adultos que, sem ter filhos, podem se aproveitar dos lazeres e dos empregos da capital e fazer frente aos altos custos habitacionais ao se contentar com moradias menores. Em perspectiva oposta, os casais com novos filhos tendem a migrar aos subúrbios onde há residências de maior espaço e de melhor preço.[48][51] Essa dinâmica Paris-subúrbio explica as especializações respectivas da capital (da qual 58% das moradias não tem mais que um ou dois cômodos[carece de fontes] e do resto da região.
Desigualdade social |
A alta contínua dos preços imobiliários explica a substituição progressiva das populações modestas ou intermediárias por uma nova classe mais abastada. Constata-se tal processo de gentrificação em numerosas outras metrópoles como Londres ou Nova Iorque. Em Paris, essa evolução vulgarizou o termo bobos (a partir de burguês-boêmio, termo ambíguo porém muito usado ao qual os sociólogos raramente fazem referência) antes de provocar uma mutação social de bairros ainda recentemente considerados como populares, tais como o 10º arrondissement ou certas comunas suburbanas próximas (e.g., Montreuil em Seine-Saint-Denis). Paris é a 12ª cidade francesa de mais de 20 000 habitantes em proporção de pessoas submetidas ao imposto solidário sobre a fortuna (ISF, um imposto sobre fortunas superiores a €790 000), isto é, há 34,5 famílias contribuintes fiscais para cada 1 000 habitantes. 73 362 contribuintes declaravam um patrimônio médio de 1 961 667 euros em 2006. O 16º arrondissement encabeça a lista em número de contribuintes, somando 17 356 contribuintes.[52][53] Com 27 400 euros de receita média por contribuinte em 2001, as famílias parisienses são as mais abastadas da França. Os quatro outros departamentos do topo da lista são todos da mesma região de Paris, a Île-de-France: Hauts-de-Seine, Yvelines, Essonne e Val-de-Marne, o que reflete a concentração de profissões mais qualificadas e de alto salário nessa região.
Mas se Paris tem uma imagem de "cidades dos ricos", com uma proporção de classes sociais elevadas do que alhures, a sociologia do intra-muros permanece uma realidade de contrastes. Deve-se primeiro ressaltar que, segundo o índice de paridade de poder de compra (PPC), as receitas reais dos parisienses são muito inferiores às suas receitas nominais: de facto, o custo de vida no intra-muros (a começar pelo de moradia) é particularmente elevado, e os mesmos produtos custam geralmente mais caro em Paris que no interior. Além disso, as estatísticas de receitas médias frequentemente iludem o observador (como o ressaltou Joseph Stiglitz) pois qualquer receita muito alta (em jargão estatístico, outlier) pode aumentar exponencialmente a receita média da maioria da população. No caso parisiense, o limiar dos 10% de receitas mais altas (o 9º decil) explica em grande parte o alto nível de "receitas médias" da capital: a receita média desse limiar é de 50 961 euros anuais.[54] É por essa mesma razão que a receita mensal mediana dos parisienses é muito inferior à receita média.[54] As diferenças sociais são tradicionalmente marcadas entre os habitantes do oeste de Paris (essencialmente abastados) e os do leste. Assim, a receita média declarada no 7º arrondissement, a mais elevada, era de 31 521 euros por contribuinte em 2001, isto é, mais do dobro da do 19º arrondissement que não passa de 13 759 euros, valor próximo da mediana das receitas de Seine-Saint-Denis de 13 155 euros. Os 6º, 7º, 8º e 16º arrondissements são classificados ao nível das dez comunas de Île-de-France em receita média mais elevada, enquanto que os 10º, 18º, 19º e 20º arrondissements estão ao nível das comunas mais pobres de Île-de-France.[55] Nota-se enfim fortíssimas disparidades de receita no seio mesmo de todos arrondissements: a razão inter-decil (os 10% das receitas mais elevadas sobre os 10% das receitas mais baixas) menos significante é de 6,7 no 12º arrondissement, contra 13,0 no 2º arrondissement (que apresenta a mais forte dispersão de receitas).[54] Numa perspectiva ampliada, Paris se classifica entre os departamentos da França metropolitana onde as famílias mais pobres têm as menores receitas (81º lugar[54]), e apresenta uma razão interdecil de 10,5[54] o que a torna o departamento francês com as maiores disparidades sociais.
Nela, se constata, igualmente, a guetoização étnica e social de certos bairros, como o de Barbès-Rochechouart. De facto, a sociologia de certos arrondissements do leste de Paris (como o 19º) se parecem com o de quaisquer bairros sensíveis do subúrbio, não constituindo nada mais que uma extensão extramuros da cartografia social da cidade: o 16º arrondissement se prolonga pelas comunas suburbanas abastadas, enquanto que o nordeste da cidade tem, como apêndice, as comunas de Seine-Saint-Denis, reputadamente pobres. Os 18º, 19º e 20º arrondissements concentram 40 por cento dos pobres em Paris. Certos bairros, como o de Goutte d'Or, contêm todos os males sociais: alta repetência escolar, alto desemprego ou mesmo deficiências de saúde. Assim, 32,6 por cento das famílias parisienses de origem estrangeira de fora da União Europeia vivem abaixo da linha de pobreza; não é esse o caso de mais do que apenas 9,7 % dos franceses de longas raízes.[56]
Certos bairros se caracterizam por agrupamentos comunitários: o bairro do Marais tem a particularidade de atrair uma importante comunidade homossexual próxima à comunidade judaica asquenaze cuja implantação no entorno da Rue des Rosiers remonta ao século XIII. O 13º arrondissement concentra a maior comunidade asiática da Europa no bairro das Olimpíadas.
Pode-se ademais notar que a sociologia dum bairro pode variar segundo as horas. Na praça da Bastilha, por exemplo, com seus numerosos bares e pontos de vida noturna, é animada à noite por muitos jovens em busca de diversão, enquanto que, durante o dia, é relativamente tranquila.
Entre 1870 e 1940, a capital da França ganhou, pouco a pouco, um novo rosto: Paris deu lugar à "Grande Paris". A organização administrativa de Paris conheceu, sob Napoleão III, uma adaptação à evolução demográfica. Mas a cidade permaneceu restrita somente ao espaço delimitado pelo Muro de Thiers, a saber, os limites de 1860, sem que a administração evoluísse adiante. Efetivamente, Paris, sobrepovoada, foi incapaz de abrigar a significativa imigração provicial. As comunas periféricas absorveram, então, o excesso da expansão demográfica ligada ao êxodo rural e ao crescimento económico da cidade. A noção contemporânea de "subúrbio" fez a sua aparição. Doravante, falou-se menos de Paris que da região parisiense. Devido a serem os subúrbios até então largamente negligenciados, novos problemas, como o de transportes, neles apareceram. Em 1961, à demanda do General de Gaulle, Paul Delouvrier planifica enfim a evolução urbana e elabora a construção de cinco novas cidades-satélite e da rede de RER (Rede Expressa Regional). Mas essa mudança importante não é acompanhada pela criação duma autoridade unitária — pelo contrário, os três departamentos que englobavam a Grande Paris foram divididos em 1968 em oito (Seine-et-Marne intocado; Seine em Paris, Hauts-de-Seine, Seine-Saint-Denis e Val-de-Marne; e Seine-et-Oise em Essonne, Val-d'Oise e Yvelines).[57] Essa divisão pode ter aproximado a administração dos cidadãos, mas dispersa recursos fiscais e competência política. Enquanto que a população da comuna de Paris esteve estagnada por um longo tempo antes de retomar o crescimento nos últimos anos, a população suburbana cresce sem parar desde o fim do século XIX e totalizando na virada do século XXI mais de 80 % da população da Grande Paris.
Bairros belos e "bairros sensíveis" |
A geografia social da aglomeração parisiense é decalcada sobre as grandes tendências da cidade dentro dos seus limites intra-muros desenhados durante o século XIX: as classes abastadas se acham no oeste e no sudoeste, nos arrondissements onde mais se ouve falar de crimes do que nos bairros ditos "sensíveis", das classes populares, no norte e no leste. Os outros setores são habitados pelas classes médias, havendo porém exceções ligadas ao sítio e à história de cada comuna: pode-se citar Saint-Maur ao leste e Enghien-les-Bains ao norte, que acolhe uma população ditosa.
Os conjuntos habitacionais foram edificados nos anos 1960 e nos anos 1970 a fim de abrigar rapidamente e por um baixo custo uma população em rápida expansão. Uma certa mistura social lá existia originalmente, mas a concessão de propriedade (aberta às classes médias a partir dos anos 1970), a sua tosca qualidade de construção e a sua má inserção no tecido urbano contribuíram para que deles desertassem todos quantos podiam e para ali fosse atraída uma população sem muita escolha: a proporção de imigrantes pobres lá é enorme.
Encontram-se os "bairros sensíveis" nos arrondissements do norte, onde raramente se ouve falar de crimes e confusões, dando-se o mesmo no leste,[58] notavelmente nas vizinhanças de Goutte d'Or e de Belleville. No subúrbio norte de Paris, os bairros são essencialmente concentrados numa grande partição do departamento de Seine-Saint-Denis e em menor medida ao leste do Val-d'Oise. Outros, mais esparsos, se acham por exemplo no vale do Sena, acima de Évry e de Corbeil-Essonnes (dentro do departamento de Essonne), e abaixo de Mureaux e de Mantes-la-Jolie (dentro do departamento de Yvelines), ou ainda nas cidades-satélite.
Em 27 de outubro de 2005, dois jovens, perseguidos pela polícia, falecem acidentalmente em Clichy-sous-Bois (Seine-Saint-Denis). Esse evento engatilha as revoltas espetaculares que se propagam rapidamente pelos vários subúrbios pobres através do país. A violência urbana pouco concerne os bairros centrais. As confusões, relatadas pela imprensa de numerosos países, dizem respeito, por um lado, ao estado de revolta latente dentro de certos bairros de população minoritária, tipicamente pobre e mal integrada, e por outro lado, ao sucesso discutível da "política de reintegração regional" em seu esforço para impedir esse conflito.[59]
Ausência de ligações comunitárias |
A ausência duma organização administrativa gerindo a "Grande Paris", à parte de considerações históricas e políticas, é atualmente um dos maiores problemas da aglomeração parisiense.[60]
Os limites comunais atuais resultam de tradições históricas, anacrónicas (ou correspondentes a uma topografia que perdeu o significado conforme a aglomeração se fundia). As populações têm, porém, as mesmas necessidades administrativas, as mesmas preocupações económicas e sociais. Todavia, cada comuna é administrativa e fiscalmente independente. A organização das necessidades coletivas (transporte, habitação, etc), que de longe excedem o âmbito comunal ou até o departamental, não tem de fato nenhuma autoridade na escala da aglomeração como um todo. A região Île-de-France compreende a metrópole de Paris, mas não é adequada para a administração dessa zona urbana, visto que 80 por cento da região ainda é de zona rural.
O fisco local é muito concentrado em certas comunas onde há muitas empresas e moradores abastados (caso típico de Neuilly-sur-Seine, na qual o reinvestimento fiscal beneficia uma população das mais ricas da França e numerosas empresas, tudo isso não possuindo mais que 2,8 % das habitações sociais).[61] As comunas de população mais modesta não conseguem ter solvência fiscal sozinhas (Clichy-sous-Bois é assim uma das comunas mais pobres da França; ela tem o duplo problema de uma população desfavorecida e de recursos fiscais muito limitados, vivendo essencialmente dos repasses fiscais do Estado[62]).
Essa dificuldade é o que deu origem à Conferência metropolitana da aglomeração parisiense, que se reuniu pela iniciativa da cidade de Paris pela primeira vez na prefeitura de Vanves em 7 de julho de 2006,[63] depois que o vice-prefeito Pierre Mansat renovou o diálogo entre Paris e as comunas ao longo do Sena. O presidente da República Nicolas Sarkozy também tratou do problema em seu discurso de 26 de junho de 2007,[64] criticando o projeto do Esquema Diretor da Região Île-de-France (SDRIF) e apresentando a sua alternativa de repensar "a organização governamental" e criar uma comunidade urbana — significando de fato a visão duma retomada da administração às mãos do Estado,[65][66] o que não deixou de provocar numerosas reações dentre os representantes locais da aglomeração.[67] Em 18 de março de 2008, Christian Blanc foi nomeado "secretário de Estado a cargo do desenvolvimento da Região da Capital".[68]
As famílias parisienses |
Paris se parece, como todas as metrópoles, cheia de estudantes, de jovens adultos ativos e de pessoas mais velhas que a média do país; as famílias são por consequência sub-representadas. Em 1999, 22 % das famílias parisienses são constituídas de um casal com pelo menos um filho de menos de 25 anos, o que representa 865 000 pessoas vivendo em família, ou seja, 40,7 % da população, à frente de solteiros (27 %) e de casais (19 %). 47 % das pessoas vivem sozinhas, contra 35 % em média na França, e somente 37 % dos parisienses são casados, contra mais de 50 % dos franceses. As células familiares nela se caracterizam pela sobre-representação de famílias monoparentais (26 % em 1999 contra 17 % na França), em consequência da alta taxa de divórcio de 55 divórcios para cada 100 casamentos e 7,7 % dos parisienses. É também em Paris que se assinam a maior parte dos PaCS na França. A proporção de jovens adultos explica a taxa de natalidade elevada de 14,8 nascimentos para cada 1 000 habitantes contra 13,2 ao nível nacional.
Por outro lado, a taxa de fecundidade de 1,75 filhos por família é inferior à média regional (1,87) e à nacional (1,86). O número de filhos por casal é insignificante: 50 % dos casais não tem mais do que um filho e a fração das famílias mais numerosas é bem inferior à média regional e nacional (17 % das famílias com três ou mais filhos), essencialmente por causa da pequena área das moradias e do alto custo imobiliário.[69]
Habitação |
Mais da metade dos apartamentos de Paris (58,1 % em 1999) não tem mais do que um ou dois cômodos.[carece de fontes] Sobre a idade das construções, ainda em 1999, 55,4 % das moradias haviam sido construídas antes de 1949 contra somente 3,8 % edificados após 1990, sendo que 10,3 % das moradias parisienses se declaram vagas, ou 136 554 das 1 322 540 moradias da cidade.[70]
As habitações sociais representam um pouco acima de 17 % do parque imobiliário urbano, mas essa média esconde as fortes disparidades da sua distribuição espacial: os dez primeiros arrondissements do centro histórico não totalizam mais que 6 % das moradias sociais da cidade, embora tenham 23 % do parque total. O 13º, o 19º e o 20º contavam 96 000 moradias sociais em 1999, ou seja, 47 % do parque social parisiense concentrados em somente três arrondissements. Se forem incluídos a eles o 12º, o 14º, o 15º e o 18º arrondissements, atinge-se uma taxa de 81 % concentrados numa crescente periférica do sul ao nordeste da cidade.[71] A proporção de moradias sociais contabilizadas segundo a lei SRU (lei n° 2000-1208 de 13 de dezembro de 2000 relativa à solidariedade e à renovação urbanas) em 2006 varia de 1,2 % no 7º arrondissement (357 moradias) a 34,1 % no 19º arrondissement (28 147 moradias). Entre 2001 e 2006, 23 851 habitações sociais foram aprovadas na cidade, mas a demanda só em 2006 era de 88 131 parisienses assim como 21 266 não-parisienses. A rotação dos locatários é fraca em razão do nível elevado dos preços dos imóveis. A taxa de rotação é de 10 % por ano na França, 7,5 % em Île-de-France, mas de somente 5 % em Paris intra-muros.[72] Numerosas associações trabalham para encontrar soluções para as moradias precárias e para os sem-teto, tais como a Emmaüs, a Association des cités du secours catholique e a Cruz Vermelha francesa.
Paris é a nona cidade mais cara do mundo,[73] no que concerne os preços imobiliários de luxo: 12 600 euros por metro quadrado em 2007 (contra 36 800 em Londres, a mais cara).[74][75]
Imigração |
Os recenseamentos franceses, como impõe a legislação, não questionam sobre afiliação étnica ou religiosa, mas recolhem informações sobre o país natal. É assim possível determinar que a zona metropolitana de Paris é uma das mais multiculturais da Europa: no recenseamento de 1999, 19,4 % da sua população total era de nascidos no exterior da França metropolitana.[76] Segundo esse mesmo recenseamento, 4,2 % da população da zona metropolitana de Paris era de imigrados recentes (os que chegaram à França entre os recenseamentos de 1990 e 1999), dos quais a maioria era de chineses e de africanos.[77] Além disso, a zona metropolitana de Paris se compõe em 15 % de muçulmanos.[78][79]
A primeira onda maciça de imigração a Paris começa em 1820 com a chegada de camponeses alemães em fuga da crise agrícola e « permitidos » à entrar na França desde a presença além-do-Reno dos exércitos revolucionários e napoleônicos. Várias outras ondas migratórias se seguiram sem interrupção até os nossos dias: italianos e judeus da Europa central durante o século XIX, russos após a Revolução de 1917, habitantes das colônias durante a Primeira Guerra Mundial, poloneses entre as duas guerras mundiais, espanhóis, italianos, portugueses e norte-africanos dos anos 1950 aos anos 1970, judeus sefarditas após a independência dos países do norte de África, africanos e asiáticos desde então.[80]
A localização dos imigrantes na cidade varia em função da afiliação comunitária: os 18º e 19º arrondissements concentram uma grande parte dos originários da África subsaariana, em particular no bairro de Château Rouge, enquanto que em Belleville reúnem-se importantes comunidades magrebinas e chinesas. No 13º arrondissement se situa o bairro asiático, a maior "chinatown" da Europa.[81] O 16º arrondissement faz parte da zona onde se concentram imigrantes dos Estados Unidos.[82]
Política |
Ver artigo principal: Arrondissements de Paris
Desde a lei de 10 de julho de 1964[83] sobre a reorganização da região parisiense, que entrou completamente em vigor em 1 de janeiro de 1968, a cidade de Paris é a um só tempo um departamento e uma comuna. De 1790 até a lei de 1964, Paris era a sede do departamento de Seine.
Contrariamente às outras metrópoles francesas, o Fisco considera Paris e o subúrbio como unidades totalmente separadas.[84] Faz-se preciso clarificar que o território da Cidade de Paris na verdade não cobre senão o centro da metrópole, em contraste com as demais metrópoles do mundo.
O departamento de Paris não tem nenhuma subdivisão senão a única comuna da qual se compõe. A comuna é dividida em 20 arrondissements de freguesia criados quando da extensão territorial de 1860, em substituição aos 12 antigos arrondissements que existiam de 11 de outubro de 1795 até 1860. A comuna (ou conselho - município não é um termo muito apropriado devido as diferenças) também se divide em 21 freguesias (distritos não é um termo muito apropriado por haver algumas diferenças) eleitorais.
Os arrondissements de Paris correspondem a uma divisão administrativa que decompõe a comuna de Paris em vinte arrondissements de freguesias. Estes vinte arrondissements estão distribuídos segundo uma espiral que se desenvolve no sentido dos ponteiros do relógio a partir de um ponto central da cidade localizado no Louvre (1º arrondissement).
É assim que os números mais baixos correspondem a arrondissements mais centrais e números maiores a arrondissements mais distantes do centro. Cada arrondissement é gerido por um conselho de arrondissement com funcionamento semelhante ao conselho municipal mas com poderes mais limitados.
Estatuto |
O estatuto da cidade mudou diversas vezes. De 26 de março a 22 de maio de 1871, Paris foi sede dum governo inssurrecto: a Comuna de Paris, com uma assembleia democraticamente eleita. O início da Terceira República teve na sua direção conservadores alarmados por esse episódio e horrificados pelas atrocidades cometidas. Eles foram os editores da lei de 5 de abril de 1884 que deu o poder executivo do conselho ao Prefeito de Seine e os poderes de polícia ao Prefeito de Polícia, em efeito eliminando a autonomia do conselho de Paris. O Conselho de Paris, eleito a cada eleição autarca, designava um presidente por ano, cuja função era principalmente representativa. Paris então não tinha um prefeito próprio. O orçamento da cidade tinha que ser aprovado pelo Estado nacional.
A lei de 31 de dezembro de 1975 (que entrou em vigor quando das eleições autarcas de 1977) instaura o Conselho de Paris, servindo concomitantemente como Conselho(assembleia deliberativa francesa ao nível comunal) e como Conselho Geral (assembleia deliberativa francesa ao nível departamental), contando 109 membros que elegem o prefeito de Paris, de função dupla como presidente do conselho comunal-geral.
As comissões de arrondissement, cujos membros são escolhidos alguns pelos eleitores, outros pelo prefeito de Paris, e outros ainda pelo Conselho de Paris, têm somente papel consultativo. — O termo Comissão de Arrondissement equivale à Junta de Freguesia portuguesa ou a qualquer uma das divisões administrativas submunicipais de diversos nomes que há no Brasil, embora haja tantas diferenças na composição desses órgãos (eleita, apontada, mista) e na sua função (consulta, representação, administração) entre cada país, que a única coisa em comum é que estão todos abaixo do nível de comuna, conselho ou município. — O Prefeito de Polícia, nomeado pelo Estado, conserva os poderes de polícia. Enfim, a lei de 31 de dezembro de 1982 (dita lei PLM, que entrou em vigor em Paris quando das eleições autarcas de 1983 e levou a 163 o número de conselheiros de Paris) estende os poderes do Conselho de Paris, principalmente em matéria orçamentária, e cria as comissões de arrondissement.
Os poderes de polícia administrativa são partilhados entre o Prefeito de Paris e o Prefeito de Polícia, que emprestam seus meios de ação um ao outro para esse efeito. Este último pode fazer parte do Conselho de Paris e deve-lhe submeter cada ano o seu orçamento e o seu balanço (embora o orçamento caiba ao Estado). O Prefeito é ainda implicado na política de segurança mesmo se os seus poderes nesse domínio restam sobre as mãos do Prefeito de Polícia.
As ações da Cidade de Paris se exercem também por intermédio de sociedades de capital misto público-privado.
Prefeitos de Paris |
Nome | Mandato | Partido |
---|---|---|
Suprimiu-se a prefeitura de Paris de 1871 a 1977 | ||
Jacques Chirac | 20 de março de 1977 - 16 de maio de 1995 | RPR |
Jean Tiberi | 22 de maio de 1995 - 24 de março de 2001 | RPR |
Bertrand Delanoë | 25 de março de 2001 - 05 de abril de 2014 | PS |
Anne Hidalgo | 05 de abril de 2014 - No cargo | PS |
Orçamento e fisco |
O orçamento inicial 2009 (comuna e departamento) subiu a 7 301 000 000 de euros, dos quais 5 701 000 000 de euros se destinam ao funcionamento do aparelho público e cerca de 1 600 000 000 a investimentos.[85]
Após um período de estabilidade entre 2000 e 2008,[86] as taxas de impostos foram aumentadas em 2009 a 9,59 % para a taxa de habitação, 7,75 % para a taxa sobre área construída, 14,72 % para a taxa sobre área não-construída, e 13,46 % para a taxa profissional.[85][87] O fisco representa 55 % das receitas da cidade.[85] Paris é uma das quinze maiores cidades francesas (com mais de 100 000 habitantes) não tendo aumentado a sua taxa de imposto territorial por cinco anos.[88] Essa estabilidade não diz respeito senão às taxas de impostos. A bolha imobiliária que cresceu durante todo o primeiro mandato do sr. Delanoë permitiu um fortíssimo aumento das coletas fiscais sobre bens imobiliários. O número de transações imobiliárias assim como os valores envolvidos aumentaram consideravelmente. Essa bolha fiscal permitiu o acréscimo de servidores da Prefeitura de Paris de 40 a 49 000 agentes. A explosão da bolha imobiliária deixou à prefeitura um legado de despesas excedentes de longo prazo para as quais alguma outra fonte fiscal deveria ser achada. É por isso que o sr. Delanoë anunciou a criação duma nova taxa de 3 % sobre o uso territorial urbano e um aumento significativo das taxas territoriais já existentes.[89]
Justiça e segurança |
O Tribunal de Instância Superior (casos de difícil solução e crimes mais sérios) de Paris se situa no Palácio da Justiça, sobre a Île de la Cité. É a jurisdição que trata do maior número de casos na França.[90] Em cada arrondissement se acha um Tribunal de Primeira Instância (pequenas causas).
O Tribunal de Comércio de Paris se situa próximo ao cais de Corse, também sobre a Île de la Cité. O Tribunal de Polícia (delitos menores) de Paris fica instalado na Rue de Cambrai, no 19º arrondissement, e o Conselho de Homens Pudicos (justiça trabalhista) de Paris na Rue Louis-Blanc, no 10º arrondissement.
Além dos outros tribunais municipais, os tribunais de vários departamentos dirigem suas apelações à Corte de Apelação de Paris: Sena e Marne, Essonne, Seine-Saint-Denis, Val-de-Marne e Yonne. A jurisdição dessa corte concerne 12,6 % da população francesa, ou seja, 7 605 603 pessoas em 2004.[91] Os demais departamentos de Île-de-France assim como Eure-et-Loir dependem da Corte de Apelação de Versalhes.[92]
Dentro da ordem administrativa da França, Paris está sob a competência do Tribunal Administrativo (casos contra o governo) de Paris. Os apelos são levados à Corte Administrativa de Apelo de Paris, sob a alçada da qual estão também os tribunais administrativos de Mata-Utu, Melun, da Nova Caledónia e da Polinésia Francesa. Em Paris sediam-se igualmente as jurisdições nacionais supremas: o Conselho Constitucional (última instância em matéria constitucional), a Corte de Cassação (última instância para casos civis e criminais) e o Conselho de Estado (última instância para casos contra o governo).
A região Île-de-France totaliza ela própria mais de um quarto dos crimes e delitos cometidos na França metropolitana. No seio dessa região, a grande periferia, a pequena periferia e Paris intra-muros contabilizam cerca de um terço das ocorrências constatadas. A tipologia da criminalidade parisiense continua a ser dominada por furtos, que representam dois terços dos crimes e delitos. Em 2006, 255 238 ocorrências foram registradas, isto é, uma taxa criminal de 118,58 ocorrências para cada 1 000 habitantes, o que representa mais que o dobro da média nacional (61,03 ‰), mas se situa dentre as médias das maiores cidades francesas (Lyon: 109,22, Lille: 118,93, Nice: 119,52, Marselha: 120,62). A proporção de mulheres sob acusação é inferior a 15 % (ligeiramente abaixo da média nacional) a proporção de menores-de-idade é de 11,02 %, estando sete pontos abaixo da média nacional de 18,33 %. Na direção contrária, a proporção de estrangeiros (residentes na França titulares dum visto de residência é superior à média francesa de 20,73 %.[93][94]
A centralização parisiense explica igualmente que a cidade seja às vezes vítima de atentados. Tanto sob Napoleão I (atentado da Rue Saint-Nicaise), quanto mais recentemente (atentado à bomba contra o metrô de Paris em 1995), a história parisiense é pontuada de tais eventos de alto valor simbólico. Isto não deixou de ter consequências sobre a vida quotidiana, particularmente com a vigência do Plano Vigipirate (segurança e alerta contra-terrorista)[95] que trouxe uma presença reforçada de policiais civis e militares e de soldados próximos aos pontos turísticos e estratégicos da capital.[96]
Em Paris, certas prisões continuam célebres: o Grand Châtelet (na margem direita) abrigava a prisão real, e o seu anexo, o Petit Châtelet (na saída de Petit-Pont sobre a margem esquerda), usado como cárcere desde o século XIV, foi demolido em 1782. Três prisões carregam um simbolismo histórico: a Conciergerie, a Bastilha e o calabouço de Vincennes. O Palácio da Justiça possuía a sua própria prisão, a Conciergerie, que após ter adquirido, dentre outros, os Girondinos e Maria Antonieta durante a Revolução Francesa, continuou a servir de prisão temporária até 1914. A Bastilha, edificada a partir de 1370 e consagrada à função única de prisão estatal por Richelieu, constituía, contrariamente à opinião popular, uma prisão de "luxo", pois o número de prisioneiros jamais excedia por volta de quarenta. O calabouço de Vincennes, também uma prisão estatal até 1784, mas mais uma residência vigiada do que um verdadeiro cárcere, continuou a servir ocasionalmente como prisão até o Segundo Império.
Não resta senão uma só prisão em Paris, a Prisão de la Santé, aberta em 1867. As principais prisões de Île-de-France se situam atualmente em Fresnes e em Fleury-Mérogis, às quais faz-se necessário mencionar a Casa de Detenção Central (onde ficam os criminosos mais intratáveis e os de penas mais longas) de Poissy.[f 20]
Relações exteriores |
Paris tem uma cidade gémea(português europeu)/cidade-irmã(português brasileiro) e cidades parceiras:[97][98]
- Cidade gémea
Roma, Itália, (1956)[99]
- Cidades parceiras
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- Outro
Whitwell, Rutland, Reino Unido afirma ser geminada com Paris.[100][101]
Economia |
Paris, como o resto da Île-de-France mas de maneira ainda mais marcada, é mais rica e mais terceirizada que a média francesa. A aglomeração parisiense é todavia claramente menos especializada economicamente que outros grandes centros econômicos mundiais, notadamente Londres, sua grande rival na Europa, que é particularmente dinâmica no setor financeiro. Todavia, segundo Éric Le Boucher, a Île-de-France conhece um declínio econômico e perdas de emprego: "nenhuma região-capital do mundo perde tantos empregos como Paris, obscurecida por seu passado brilhante, mal governada, fragmentada em seus egoísmos, anêmica, sem haver se inscrito resolutamente na competição mundial entre as métropoles do século XXI[102] ». O arquiteto Jean Nouvel mostra as mesmas inquietudes e estima que seja imperativo que Paris evolua, "sob pena de se transformar em cidade-museu[103] ".
Ao se tratar da rivalidade entre Paris e Londres, John Ross, conselheiro econômico do prefeito de Londres, estima em 2008 no The Economist que Paris perdeu há muito tempo a competição econômica com Londres: "Nós não nos consideramos como em competição com Paris, nós já ganhamos esse combate. Nós nos medimos contra Nova Iorque[104] ". Essa afirmação é testemunha da agudeza da rivalidade entre as grandes metrópoles mundiais e especialmente entre Londres e Paris, assim como das disputas de comunicação que rodeiam essa concorrência para atrair para atrair as perspectivas de investimentos associados. The Economist ajunta que Londres ultrapassa desde então Paris em quase todos os grandes indicadores econômicos. Todavia, Paris dispõe de mais m² de escritório que a capital londrina (nisto se inclui o espaço requerido pelos bancos[105]), um número maior de grupos do Fortune 500 nela tem suas sedes,[106] a Île-de-France se impõe como a primeira região europeia, à frente da Grande Londres, em número de empregos criados pelas implantações internacionais em 2007[107] e por fim a capital francesa emite a cada ano mais patentes que a capital inglesa e dispõe de uma maior proporção de pesquisadores na sua mão-de-obra.[108] Neste momento, o PIB por paridade do poder de compra da aglomeração parisiense, estimada em 460 mil milhõesPE/bilhõesPB de dólares, é comparável, ou até mesmo superior ao de Londres.[109] Essas comparações devem ser tomadas com prudência, os perímetros considerados não são sempre os mesmos: assim, a Grande Londres, com 7 517 700 habitantes, não representa a totalidade da aglomeração londrina.
O maior setor econômico é o turismo de lazer (cafés, hotéis, restaurantes e serviços relacionados) e o profissional (salão, congresso, etc). Ela enfrenta a concorrência emergente das cidades do Leste e do Sul Europeu que são por vezes mais baratas. Assim, Madrid é uma concorrente séria no turismo de lazer, Viena e Milão o são no turismo profissional. Paris dispõe de uma rede hoteleira muito diversificada, a um custo menor que várias outras capitais no setor de duas e três estrelas e se beneficia ainda de sua reputação no setor de elegância, luxo, perfumes, moda e gastronomia.
Paris continua sendo de longe o departamento que agrupa mais empregos na região com cerca de 1 650 600 em 2004, ou seja, 31 % dos empregos privados da região, à frente de Hauts-de-Seine com 848 200 empregos (16 %[110]).
Os salários parisienses (19 euros por hora por ano, em 2002) são ligeiramente superiores à média regional (18,2 euros) e largamente superiores à média nacional (13,1 euros). Entretanto, essa diferença se explica essencialmente pela forte sobre-representação dos quadros gerenciais que constituem 25 % dos assalariados. A cidade se caracteriza sobretudo por sua forte desigualdade social: os 10 % dos assalariados mais bem pagos ganha quatro vezes mais que os 10 % menos bem pagos, o que está um pouco acima da média regional (3,7), mas é bastante superior à disparidade constatada no resto da França (2,6). Semelhantemente, as desigualdades geográficas aparecem no próprio seio da cidade: o salário horário médio oferecido no 8° arrondissement (24,2 euros) é superior em 82 % ao do 20° arrondissement (13,3 euros). Contrariamente, as disparidades salariais homem-mulher que ocupam idênticas posições profissionais não passa de 6 % em Paris contra 10 % no resto da França.[111]
Setores econômicos |
A cidade de Paris passa por uma terceirização crescente de sua economia com a proliferação de empresas de serviços. Entretanto, o artesanato e a indústria continuam a representar uma parte não negligível dos empregos. O comércio mantém a sua atratividade apesar do desenvolvimento dos supermercados, que não são tão comuns na Île-de-France quanto o número de habitantes faz pensar.
O setor industrial contava com cerca de 25 000 estabelecimentos em 2003 e empregava 110 000 assalariados em 2000. As empresas de publicação, imprensa e edição eram responsáveis pela maior parte da atividade com 40 % dos empregos industriais parisienses, seguidas das de vestimentos e couro com 23 %. O setor do artesanato totalizava 36 237 empresas (concentradas no norte e no leste da cidade), ou seja, 28 % dos artesãos da região, e reunia 123 000 assalariados em 2003. Desde os anos 1980, a municipalidade organizou a implantação do artesanato e da indústria pela criação de "hotéis de negócios", em particular nos bairros mais distantes do leste da cidade.[112] Os serviços reúnem 35 % dos efetivos salariais das empresas artesanais, seguidos da fabricação com 28,9 %, alojamento com 22,4 % e por fim alimentação com 13,7 %.
O comércio parisiense, permanece muito atrativo, acessando um público muito além dos limites da cidade com cerca de 80 000 pontos de comércio e 30 000 lojas de retalho. Ele se caracteriza por sua extrema diversidade e sua repartição geográfica relativamente equilibrada. Porém, a implantação de supermercados na periferia e o aumento dos aluguéis levaram a importantes mudanças pelo fim do século XX. A monoatividade comercial progressivamente substituiu os pequenos comércios alimentícios por butiques de informática muito concentradas (na Rue Montgallet e na Rue de Charenton em especial, no 12° arrondissement) ou por comércios têxteis por atacado (no bairro do Sentier e em uma parte do 11° arrondissement). A chegada maciça de cadeias internacionais de grandes lojas de roupas (Celio, Zara, etc.), agravou esse fenômeno a tal ponto que faz crer aos parisienses que desapareceram rapidamente todas as lojas de esquina (comércios alimentícios e livrarias de bairro principalmente), que é o que se passa em vários bairros de Londres por exemplo. A municipalidade finalmente fez uso de seu direito de preempção a fim de lutar contra esse fenômeno; o plano local de urbanismo tenta limitar o impacto dessa evolução no futuro ao interditar por exemplo a mudança de ramo de um ponto comercial revendido.[113]
O setor de serviços terceirizados para empresas é o mais importante e corresponde a um terço dos estabelecimentos parisienses.[114] Em 31 de dezembro de 2001, cerca de 122 300 empresas empregavam ao menos um assalariado. Em efeito, uma das características da economia parisiense é a forte presença, apoiando-se sobre a atividade de grandes sedes empresariais, de pequenas empresas de um a dez funcionários que compõe mais de um quarto dos empregos. Esse setor agrupa as atividades de conselho e auxílio especializado, serviços operacionais, serviços de correio e de entrega e telecomunicações, assim como pesquisa e desenvolvimento.
Os bairros de negócios |
O grande bairro "Paris-La Défense", assim nomeado pela Câmara do Comércio e da Indústria de Paris, domina o mundo dos negócios na Île-de-France. Ele reúne a parte oeste da margem direita parisiense e uma dezena de comunas dos Hauts-de-Seine.[115] Lá se acha a maior parte das sedes de grandes empresas e dos empregos de alto nível. Duas zonas são dignas de nota: o centro de Paris e o bairro de La Défense,[116] nos subúrbios do oeste.
O bairro de negócios no centro de Paris se estende sobre um perímetro bastante grande em torno da casa de ópera e da estação de Saint-Lazare.[117] Ele mantém um papel importante mas os preços imobiliários dos seus escritórios são muito elevados e a área que pode ser ocupada é limitada pelas regras de urbanismo. Entre 1994 e 2005, o seu número de empregos privados claramente diminuiu em benefício dos subúrbios vizinhos no oeste[118] principalmente La Défense.
La Défense, caracterizada pelos seus arranha-céus, se desenvolve desde os anos 1960 e conta com três milhões de metros quadrados de escritórios e 150 000 assalariados. Ali se acham 1 500 empresas das quais quatorze das vinte primeiras empresas nacionais e quinze das cinquenta primeiras mundiais.[119] Um grande plano de relançamento está previsto para o bairro para os anos seguintes.
Outros bairros de negócios também se implantam noutros lugares. Paris Rive Gauche, no 13° arrondissement, é o de estágio mais avançado dentro os projetos em curso de desenvolvimento. Nos subúrbios, outros pólos nascem nas zonas onde os preços imobiliários são menos elevados ou próximos de hubs estratégicos (e.g., Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle). No departamento da Seine-Saint-Denis e mais particularmente no bairro intercomunal de La Plaine Saint-Denis, vários projetos, dos quais vários se classificam como Zonas de Desenvolvimento Concertado, deveriam modificar radicalmente aquela que era antes a maior zona industrial da Europa (em 1 de julho de 2008 menos de 1 % dos trabalhos previstos haviam começado)..[120]
Turismo |
"Turismo", no senso moderno do termo, não atingiu um amplo número até que surgiu a ferrovia, no curso dos anos 1840. Uma das primeiras atrações foi, desde 1855, uma série de exposições universais, ocasiões que serviram à edificação de numerosos monumentos novos em Paris, dos quais o mais célebre é a Torre Eiffel, erigida para a exposição de 1889. Estes monumentos, adicionados aos embelezamentos trazidos à capital durante o Segundo Império, largamente contribuíram para fazer da própria cidade a atração na qual ela se tornou.
Mas se Paris é hoje em dia a capital mais visitada do mundo, ela é julgada como uma das menos acolhedoras e das mais caras: segundo uma enquete[121] realizada em sessenta cidades com cerca de 14 000 pessoas através do mundo,[122] ela se situa em primeiro lugar em beleza e dinamismo, mas uma das piores qualificadas no que concerne a qualidade do acolhimento (52° dentre 60) e os preços praticados (somente 55°[123]).
Em 2006, ela chegou só até o terceiro lugar como destino de viajantes internacionais.[124] Ela é ainda assim a cidade onde se organiza o maior número de congressos internacionais. Ainda em 2006, os cinquenta principais sítios culturais da cidade registraram 69,1 milhões de visitantes, ou seja, um crescimento de 11,3 % em relação a 2005.
As principais atrações turísticas da cidade são: Torre Eiffel, construída em 1889, é considerada atualmente o principal símbolo da cidade; avenida Champs-Élysées, uma das mais largas e famosas avenidas do mundo; Centro Georges Pompidou; Arco do Triunfo, construído por Napoleão Bonaparte em 1806, em homenagem às vitórias francesas e aos que morreram no campo de batalha; Museu do Louvre, famoso por abrigar importantes obras de arte, como o quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci; Montmartre, uma área histórica da cidade onde se localiza a Basílica de Sacré Cœur e famosa pelo seus cafés, estúdios e clubes noturnos, como o Moulin Rouge; Catedral de Notre-Dame, famosa catedral gótica construída em 1163 no centro da cidade; Panthéon, uma antiga igreja, famosa por abrigar os restos mortais de vários franceses famosos; Quai d'Orsay, um cais na margem esquerda do Rio Sena; Museu da arte e história do Judaísmo; Museu de Orsay, museu que reúne importante coleção de arte impressionista e foi, no passado, uma estação de trem; Cemitério do Père-Lachaise, onde estão enterradas pessoas famosas como Oscar Wilde, Jean-François Champollion, Édith Piaf, Chopin, Allan Kardec ou ainda Jim Morrison; Hôtel des Invalides, museu e necrópole militar; La Défense, o centro financeiro de Paris, a oeste da cidade; Palácio de Versalhes, localizado na cidade de Versalhes e construído por Luís XIV para abrigar toda a corte, designava o poder, a glória e a riqueza do Rei Sol (Luís XIV); Disneyland Resort Paris, complexo turístico do conglomerado Disney contendo várias opções de entretenimento incluindo dois parques multitemáticos, Disneyland e Walt Disney Studios; L'Hôtel de Ville, sede da prefeitura de Paris, além de possuir uma arquitetura peculiar francesa, esbanja luxo e riqueza em cada detalhe.
Infraestrutura |
Educação |
Os estabelecimentos de ensino de Paris pertencem à circunscrição da Academia de Paris.
Ensino primário e secundário |
Durante o ano escolar 2005-2006, 263 812 alunos estudaram em escolas públicas, dos quais 135 570 no primeiro grau e 128 242 no segundo grau. Também 138 527 alunos em escolas particulares, dos quais 91 818 sob contrato, isto é, com suas mensalidades pagas pelo governo. Paris possui 214 escolas e 32 colégios em Zonas de Educação Prioritária (ZEP, zona para a qual se alotam recursos extras, em face das dificuldades escolares e sociais da região), ou seja, uma em cada cinco crianças parisienses.[s 8]
Em 2007, a cidade totalizava 881 estabelecimentos públicos, dos quais 323 écoles maternelles, 334 écoles élémentaires, 6 estabelecimentos especializados (escolas que oferecem ensino em hospitais e a domicílio para crianças doentes), 110 collèges, 72 lycées généraux et technologiques, 34 lycées professionnels e 2 lycées expérimentaux publics. Há também 256 estabelecimentos privados sob contrato: 110 écoles maternelles et élémentaires, uma escola especializada, 67 collèges, 73 lycées généraux et technologiques e 5 lycées professionnels.
No ensino secundário, os liceus Louis-le-Grand, Henri-IV, e o Lycée International de Saint-Germain-en-Laye têm uma envergadura nacional e até mesmo internacional.
Ensino superior |
O ensino superior contava em 2007 com cerca de 585 000 estudantes na Île-de-France, ou seja, mais de um quarto do total francês.[125] Há um movimento na direção da descentralização, que nos anos 1990 levou notavelmente à transferência da Escola Nacional de Administração para Estrasburgo e de algumas Escolas Normais Superiores para Lyon. Todavia, a maioria dos estabelecimentos nacionais de prestígio ainda se encontram na região de Paris.
Evolução histórica |
Desde o século XII, Paris tem sido um dos grandes centros intelectuais da Europa, principalmente em matéria de teologia e de filosofia. Retém-se simbolicamente o ano 1200 como a data de fundação da Universidade de Paris, quando Filipe Augusto concede um estatuto particular à corporação (mestres e aprendizes), isentando-os da justiça e da polícia públicas, e pondo-os sob a justiça eclesiástica. Os collèges, as residências de mestres e as residências de aprendizes onde havia aulas se organizaram em faculdades. A origem da Universidade de Sorbonne remonta a 1257. A universidade vivia essencialmente em torno da montanha Sainte-Geneviève, na Rive Gauche. Esse bairro, o Quartier Latin, ainda é hoje em dia um centro universitário de importância.
A partir do século XVIII, criam-se escolas especializadas para certas profissões. Elas são a origem das grandes écoles atuais, tais como a École Polytechnique e a Escola Normal Superior de Paris, que são fundadas durante a Revolução. A Universidade de Paris moderna é formada no século XIX por seis faculdades: Direito, Medicina, Farmácia, Literatura, Teologia e Ciências. No século XX, o número de estudantes cresce fortemente. Após a revolta dos estudantes de maio de 1968 da qual a Sorbonne foi o epicentro, a Universidade de Paris se reorganiza em treze estabelecimentos autônomos (Paris I a Paris XIII), cada um especializado num domínio relativamente delimitado.
Situação atual |
Paris intra-muros continua a ser o maior centro universitário francês. As Universidades Paris I a VII aí se situam, assim como a «Universidade Paris-Dauphine». www.dauphine.fr , embora ela fique um pouco afastada do centro. O Quartier Latin conserva sua importância, mantendo as antigas instituições da Universidade de Sorbonne, da Escola Normal Superior de Paris e do Collège de France. Num maior escopo, os locais preponderantes se situam no norte da Rive Gauche: Sciences Po, Assas (Universidade de Paris, Faculdade de Direito), Jussieu (Universidade de Paris, Faculdade de Ciências), EHESS etc. Há uma certa tendência de estender o bairro universitário para o leste, incluindo o 13° arrondissement onde fica a Biblioteca Nacional da França e onde vários prédios universitários foram abertos. Paris abriga também a École Nationale Supérieure d'Arts et Métiers perto da Praça da Itália desde 1912.
Foram erigidas universidades nos subúrbios desde os anos 1960, sendo que a mais antiga, Nanterre, data de 1964. Durante a mesma época, várias grandes écoles igualmente abandonaram o centro de Paris, principalmente em busca de espaços maiores. O Plateau de Saclay, ao sul de Paris, se tornou um pólo importante. Ele reúne, sobre um território bastante vasto, uma universidade (Universidade Paris XI), uma grandes écoles (HEC desde 1964, Polytechnique em 1976), e laboratórios públicos e privados.
A cidade de Paris possui sete escolas superiores.[s 9] Quatro se dedicam às artes aplicadas, inclusive as prestigiosas «École Boulle». www.ecole-boulle.org (produção de móveis) e «École Estienne». www.ecole-estienne.fr (artes gráficas, especialmente a encadernação). Duas são escolas de engenharia: «École des ingénieurs de la ville de Paris». www.eivp-paris.fr e École supérieure de physique et de chimie industrielles de la ville de Paris. E uma é de horticultura: «École du Breuil». www.ecoledubreuil.fr .
Transportes |
Para se locomover dentro da cidade, além de ônibus, há o metrô, com 14 linhas, sendo o terceiro maior da Europa. Paris é servida ainda pelo RER, uma rede ferroviária suburbana que facilita a ligação de toda a região metropolitana. Seis grandes estações ferroviárias ligam-na à sua periferia através das quinze ferrovias do Transilien, e a todas cidades da França e à zona rural próxima através do TGV ou de trens clássicos.
Paris é, após Londres, a cidade europeia que mais contabiliza passageiros aéreos (86,9 milhões em 2008[126]), sendo a quinta do mundo;[126] ela conta ainda 2,24 milhões de toneladas de frete em 2006 pelos dois aeroportos que acolhem o tráfego principal: o Aeroporto de Paris-Orly e sobretudo o Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle.[127]
Como em todas metrópoles do planeta, o trânsito é bastante denso e frequentemente complicado apesar das largas avenidas traçadas por Haussmann no século XIX que grandemente facilitaram então um tráfego que já era pesado naquela época. A cidade é rodeada por um bulevar periférico, o leito carroçável mais rodado da França. Uma rede de autoestradas urbanas em forma de teia de aranha ligam-na aos subúrbios periféricos e ao resto do país. Estacionar em Paris se revela delicado, à semelhança da maioria das grandes metrópoles. O estacionamento é pago na quase totalidade das ruas. A municipalidade promove uma política de transporte coletivo e de ciclismo. Assim, a cidade dispõe desde o fim dos anos 1990 de uma rede de ciclovias que aumenta constantemente. Pelo fim de 2006, há 371 quilômetros de vias alternativas em Paris, incluindo as faixas e pistas de ciclismo assim como os corredores de ônibus estendidos.[s 10][128] Seguindo o exemplo de Rennes e Lyon, a Prefeitura de Paris lança em 15 de julho de 2007 um sistema de aluguel de bicicletas, batizado Vélib', a rede de compartilhamento de bicicletas mais densa da Europa, tendo 20 000 bicicletas pelo fim de 2007, 1 400 estações de aluguel em Paris, gerida por JCDecaux.[129] A cidade conta além disso com 15 500 táxis lançados em 2007.[s 11]
Planejamento urbano |
A maioria dos soberanos franceses desde a Idade Média se empenharam em deixar sua marca sobre uma cidade que não fora jamais destruída como foram Londres (pelo grande incêndio de 1666) e Lisboa (pelo terremoto de 1755). Paris soube elaborar um estilo homogêneo, no qual marcas do passado remoto no traçado de certas ruas convivem lado a lado com uma infraestrutura moderna.
A atual organização da cidade muito deve às obras de Haussmann, durante o Segundo Império. Foi ele quem abriu a maioria das vias de maior circulação hoje em dia (Boulevard Saint-Germain, Boulevard de Sébastopol etc.). Costuma-se associar Paris ao alinhamento de imóveis de mesma altura ao longo de avenidas ladeadas de árvores, às fachadas ritmadas pelos ornamentos do segundo andar e pelos balcões contíguos do quinto andar. O centro de Paris se distingue dos centros de muitas grandes cidades ocidentais por sua alta densidade populacional.[130]
Existem desde muito tempo atrás regras estritas de urbanismo, em particular, limites à altura dos imóveis. Atualmente, novos prédios com mais de 37 metros não são autorizados senão sob título excepcional. Em numerosos bairros, o limite de altura é ainda mais estrito.[131] A Torre Montparnasse (210 metros) era desde 1973 o mais alto imóvel de Paris e mesmo da França, mas a situação mudou a partir de 2009, com arranha-céus a se multiplicar no bairro de La Défense: a Tour AXA foi renovada e atingiu 231 metros de altura, mas será ultrapassada pela Tour Phare, cuja previsão é de 300 metros, assim como pela Tour Signal (301 metros) e pela Tour Generali, que deve culminar a 318 metros e se tornar o imóvel mais alto da Europa ocidental, antes de ser ultrapassada por sua vez por dois outros imóveis do mesmo bairro pertencentes ao projeto Hermitage Plaza (323 metros).
Paris contava com 6 088 vias públicas ou privadas em 1997. Dentre as mais notáveis, pode-se citar a Avenue Foch (16º arrondissement), a mais larga avenida de Paris com 120 metros, enquanto que a Avenue de Selves (8º arrondissement) é a avenida mais curta com 110 metros de comprimento. A rua mais longa de Paris é a Rue de Vaugirard (6º e 15º arrondissements) com 4 360 metros. A Rue des Degrés (2º arrondissement) é a rua mais curta, com somente 5,75 metros, enquanto que a Rue du Chat-qui-Pêche (5º arrondissement) é oficialmente a mais estreita com uma largura mínima de 1,80 metro (porém, algumas fontes mencionam o Sentier des Merisiers, no 12º arrondissement, que mede menos de um metro, ou ainda a Passage de la Duée no 20º arrondissement, que, se bem que seu lado direito haja sido destruído e ladeado por uma paliçada, mede somente 80 cm de largura). Por fim, a via mais inclinada é a Rue Gasnier-Guy (20º arrondissement) com uma inclinação de 17 %.[132]
Cultura |
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Património Mundial da UNESCO | ||||
Catedral de Notre-Dame e rio Sena | ||||
País | França | |||
Critérios | i, ii, iv | |||
Referência | 600 en fr es | |||
Coordenadas | 48°52′0″N,2°19′59″E | |||
Histórico de inscrição | ||||
Inscrição | 1991 (15.ª sessão) | |||
* Nome como inscrito na lista do Património Mundial. |
Paris tem um lugar privilegiado no âmbito artístico e cultural a nível mundial nos últimos séculos. Nasceram na cidade movimentos artísticos como o expressionismo, o surrealismo e o fauvismo e importantes figuras da arte e pensamento como René Descartes, Voltaire, Victor Hugo, Émile Zola, Alexandre Dumas (filho), Edgar Degas, Claude Monet, Jean-Paul Sartre, Jean Renoir, Louis Malle, Henri Cartier Bresson, Simone de Beauvoir, Edith Piaf.
Também acolheu a numerosos artistas estrangeiros como Luis Buñuel, Leonardo da Vinci, Vincent van Gogh, Pablo Picasso e a escritores como Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Samuel Beckett, Julio Cortázar, Francis Scott Fitzgerald, Joyce, Oscar Wilde e outras.
Arquitetura e monumentos |
Os monumentos mais célebres de Paris datam de épocas diversas. Eles com frequência se encontram ou no centro ou nas margens do Sena. Os cais do Sena que ficam entre a Pont de Sully au Pont de Bir-Hakeim constituem uma das mais belas paisagens fluviais urbanas e fazem parte do patrimônio mundial da UNESCO. Ali se encontram, a leste e a oeste: a Notre-Dame, o Louvre, os Invalides, a Ponte Alexandre III, o Grand Palais, o Museu do Quai Branly, a Torre Eiffel e o Trocadéro. Mais para o leste, importantes edifícios importantes foram construídos (o Ministério das Finanças, a seção François Mitterrand da Biblioteca Nacional da França etc.).
Acham-se na Île de la Cité vários monumentos antigos e simbólicos. A Catedral Notre-Dame, de estilo gótico, cuja construção se deu principalmente do século XII ao XIII, sofreu uma grande restauração no século XIX e teve sua fachada ocidental limpa no fim do século XX. Ela é o centro simbólico de Paris, a partir do qual medem-se as distâncias das rodovias da França. O antigo palácio da Conciergerie foi a sede do poder real até o reino de Carlos V, na segunda metade do século XIV. Desde então, uma parte do prédio já foi usada como prisão, e tinha a fama de ser a última morada antes da execução de várias personagens ilustres do Antigo Regime e da Revolução Francesa. A Sainte-Chapelle, construída perto da Conciergerie, é considerada uma obra-prima da Arquitetura gótica. A Pont Neuf, na extremidade ocidental da ilha e datando do fim do século XVI, é a mais velha ponte intacta de Paris.
Vários monumentos de estilo clássico igualmente deixam sua marca no centro de Paris. A capela da Sorbonne no coração do Quartier Latin, foi erguida no início do século XVII. O Louvre, residência da realeza, foi embelezado no século XVII e retocado muitas vezes mais desde então. O Hôtel des Invalides, com seu famoso domo dourado, foi erigido no fim do século XVII nos subúrbios da cidade por Luís XIV, que estava ansioso por oferecer um hospital para soldados feridos. Ele abriga desde 15 de dezembro de 1840 as cinzas de Napoleão Bonaparte e também sua sepultura desde 2 de abril de 1861.[133] O Panteão, edificado no fim do século XVIII próximo à Sorbonne, tornou-se sob a Revolução um templo civil onde franceses ilustres estão enterrados.
O patrimônio do século XIX é muito abundante em Paris, a saber, o Arco do Triunfo, os passeios cobertos, o Palácio Garnier (construído desde o fim do Segundo Império até o início da Terceira República e que abriga a Ópera de Paris) e a Torre Eiffel (construção "provisória" erguida por Gustave Eiffel para a Exposição Universal de 1889, mas que nunca chegou a ser desmantelada). A torre virou o emblema de Paris, visível da maioria dos bairros da cidade e até mesmo dos subúrbios próximos.
Ao longo do século XX, os melhores arquitetos semearam as ruas de Paris com suas realizações: Guimard, Charles Plumet[134] e Jules Lavirotte, verdadeiras referências da Art nouveau na França, seguidos pelas realizações de Robert Mallet-Stevens, Michel Roux-Spitz, Dudok, Henri Sauvage, Le Corbusier, Auguste Perret, etc. durante o período entre-guerras.
A arquitetura contemporânea é representada em Paris pelo Centro Georges Pompidou, edifício dos anos 1970 que abriga o «Museu Nacional de Arte Moderna». www.centrepompidou.fr assim como a «Biblioteca Pública de Informação». www.bpi.fr , uma biblioteca pública de acesso livre. Não menos importantes são o «Instituto do Mundo Árabe». www.imarabe.org aberto em 1987 e as importantes realizações idealizadas pelo presidente François Mitterrand: a Biblioteca Nacional da França no novo bairro «Paris Rive Gauche». www.parisrivegauche.com em pleno desenvolvimento, a Ópera Bastille e, provavelmente a mais célebre, a Pirâmide do Louvre, obra do arquiteto Ieoh Ming Pei erigida no pátio principal do Louvre. Mais recentemente, o Museu do Quai Branly, ou Museu das Artes e Civilizações de África, Ásia, Oceania e Américas desenhado por Jean Nouvel e inaugurado em 2006, veio enriquecer ainda mais a diversidade arquitetural e cultural da capital.
É no pátio do Louvre que se inicia o eixo histórico de Paris: trata-se de um alinhamento monumental de edifícios e de vias de comunicação que partem do coração da cidade para a direção oeste. Ele começa na estátua de Luís XIV no pátio principal do Palácio do Louvre e continua através do jardim das Tulherias, da Praça da Concórdia, dos Champs-Élysées e termina no Arco do Triunfo no meio da Praça Charles de Gaulle (antiga Praça de l'Étoile). A partir dos anos 1960, a perspectiva do eixo foi prolongada mais para oeste pela construção do bairro de negócios de La Défense, onde se situa a maior parte dos arranha-céus da área urbana parisiense. A perspectiva recebe o toque final em 1989 com a construção do Grande Arco de la Défense.
A Torre Montparnasse e a Basílica de Sacré Cœur no topo da colina Montmartre são, por sua altura, importantes pontos de referência no céu parisiense. Essa última é um dos locais emblemáticos de Paris e recebe visitantes em grandes números, em particular, nos arredores da Praça do Tertre onde há várias pinturas e caricaturistas.
Nos anos 1960, o ministro de assuntos culturais André Malraux lançou uma grande campanha de restauração das fachadas,[135] sobre o que comentou o cineasta François Truffaut: "Desde o branqueamento de Paris, tornou-se dificílimo mostrar como era a Paris de antes."[136]
Parques e jardins |
Acham-se jardins antigos no coração de Paris, como o das Tulherias e o de Luxemburgo. O Jardim das Tulherias foi criado no século XVI, sobre a margem direita do Sena, próximo do Louvre, para o palácio epônimo que não perdura até os dias de hoje. O Jardim do Luxemburgo, sobre a margem esquerda, era outrora uma dependência privada do castelo construído por Marie de Médicis, em cerca de 1625. O Jardim das Plantas, instituído por Guy de La Brosse, o médico de Luís XIII, para o cultivo de plantas medicinais, foi o primeiro parque público de Paris.
É todavia ao Segundo Império que os jardins parisienses devem o essencial da sua atual fisionomia. A criação de espaços verdes foi uma faceta importante da política de aeração da cidade, cuja população crescia e se amontoava rapidamente. Sob a direção do engenheiro Jean-Charles Alphand e do paisagista Jean-Pierre Barillet-Deschamps, deu-se à luz um novo tipo de jardim. O Bosque de Bolonha e o Bosque de Vincennes, então no exterior de Paris, foram remanejados: situados respectivamente no extremo oeste e no extremo leste de Paris intra-muros, eles constituem hoje, e de longe, os mais extensos espaços verdes da cidade. Certos jardins do centro foram reformados. Foram criadas praças de bairro. Nos bairros mais novos, planejaram-se importantes parques. O Parque Monceau, o Parque Montsouris e o Parque das Buttes-Chaumont foram concebidos pelo engenheiro de Napoleão III.
Desde a década de 1980, vários espaços verdes foram criados em terrenos desativados. O Parque da Villette, imaginado pelo arquiteto Bernard Tschumi no local dos antigos matadouros de Paris, é hoje o maior parque do intra-muros. Durante a década de 1990, o Parque de Bercy, o Parque de Belleville e outros foram fundados. A periferia da cidade ao longo da antiga linha férrea circular foi igualmente embelezada por jardins familiares ou educativos. Os jardins de Éole inaugurados em 2007 é o parque mais importante criado em Paris na década de 2000.
Anteriores ao Segundo Império | Rearranjados no Segundo Império | Criados no último quarto do século XX | Criados no século XXI |
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Cemitérios |
Os principais cemitérios parisienses se situavam na periferia da cidade quando da sua criação em 1804 sob Napoleão I. Muitas igrejas de Paris possuiam igualmente seus próprios cemitérios, mas no fim do século XVIII, decidiu-se fechá-los por razões de salubridade. Todas as ossadas contidas nos cemitérios paroquiais suprimidos em 1786 foram transferidas para dentro das antigas pedreiras subterrâneas no exterior das portas meridionais de Paris. A entrada para o ossuário municipal fica na Praça Denfert-Rochereau, no 14° arrondissement. Nos nossos dias, essas pedreiras são conhecidas como as catacumbas de Paris.[f 21]
Se bem que desde então a extensão de Paris haja englobado todos esses antigos cemitérios, eles se tornaram oásis de tranquilidade muito apreciados cercados por uma cidade vibrante. Numerosas grandes figuras acharam seu descanso final no Cemitério do Père-Lachaise. Outros cemitérios importantes são o de Montmartre, o do Montparnasse, o de Passy e as catacumbas de Paris.
Novos cemitérios foram criados de fora dos muros no início do século XX, sendo os maiores: o Cemitério Parisiense de Saint-Ouen, o Cemitério Parisiense de Pantin, o Cemitério Parisiense de Ivry e o Cemitério Parisiense de Bagneux.
Museus |
Paris e a região Île-de-France possuem a maior oferta museográfica da França. Há não menos de 100 museus em Paris intra-muros aos quais se deve ajuntar os mais de 110 museus da região. Mas além dos grandes números, é sobretudo na diversidade das coleções que a riqueza se sobressai. O museu mais antigo, de maior área e de maior coleção é o Museu do Louvre. Com um recorde de frequentação de 8,3 milhões de visitantes em 2006, o Louvre é de longe o museu de arte mais visitado do mundo. Outros de renome mundial são o Museu Nacional de Arte Moderna (dentro do Centro Georges Pompidou) e o Museu de Orsay, consagrado essencialmente ao impressionismo. Na proximidade de Paris, o Palácio de Versalhes, edificado pelo Rei-Sol e residência dos reis da França ao longo dos séculos XVII e XVIII, atrai igualmente milhões de visitantes ao ano. O palácio e o parque de Versalhes são classificados na lista dos patrimônios mundiais da UNESCO desde 1979.[137]
Os museus estão sob diversos estatutos administrativos: os mais célebres são museus nacionais, isto é, pertencentes ao Estado francês. Outros dependem de ministérios, como o Museu do Exército (no Hôtel des Invalides) e o Museu Aeroespacial (no Aeroporto de Le Bourget) que pertencem ao Ministério da Defesa. Pode-se também citar o Panteão, onde repousam os "grandes homens" da nação francesa, como Victor Hugo, Voltaire, Jean Moulin, Jean Jaurès e Marie Curie. Outros museus pertencem ao Institut de France ou ainda a particulares.
O município de Paris possui e gerencia por si próprio quatorze museus e sítios, dos quais os mais célebres são o Museu Carnavalet, consagrado à história de Paris, perto da antiga casa de Victor Hugo ou ainda as catacumbas. Também não há falta de exposições temáticas.[s 13]
Bibliotecas |
A maioria das bibliotecas de Paris são públicas. A Biblioteca Mazarine construída a partir de uma biblioteca particular do cardeal Mazarin, é a mais antiga, funcionando desde 1643. A Bibliothèque Nationale de France é repartida em dois locais, um chamado Site Richelieu/Louvois e outro de Site François-Mitterrand (Tolbiac). É uma das bibliotecas mais importantes do mundo com um acervo estimado em 30 milhões de volumes. Ela serve de depósito legal da França desde o reino de Francisco I.
A cidade gerencia 55 bibliotecas municipais para empréstimos gerais de livros[138] e uma dezena de bibliotecas municipais temáticas[139] onde é igualmente possível de se emprestar certos documentos. Pode-se citar dentre os mais conhecidos a bibliothèque historique de la ville de Paris, criada em 1871, que possui um milhão de livros e brochuras, fotografias, mapas e planos ligados à história da cidade, e a bibliothèque de cinéma François Truffaut, que oferece uma importante documentação sobre o cinema.[s 14] Em oposição à Bibliothèque Nationale de France e à Biblioteca Mazarine, o acesso às bibliotecas municipais é inteiramente gratuito, embora o acesso às bibliotecas temáticas possa ser proibido aos menores de idade. O empréstimo de livros, revistas, quadrinhos e partituras é gratuito, enquanto que o de discos e vídeos se faz mediante um pagamento anual.
Além das bibliotecas públicas, há também associativas e privadas, por exemplo, a Bibliothèque publique d'information do Centro Georges Pompidou. Numerosas bibliotecas universitárias são abertas ao público.
Óperas, teatros e salas de espetáculo |
As maiores óperas de Paris são a Ópera Garnier e a Ópera da Bastilha. Elas oferecem um repertório variado de clássico e de moderno.
O teatro é tradicionalmente um lugar importante da cultura parisiense. Isso continua a ser verdade, se bem que muitos dos seus atores mais populares sejam também estrelas da televisão francesa. A Comédie-Française, o Théâtre de l'Odéon, o Théâtre Mogador e o Théâtre de la Gaîté-Montparnasse estão dentre os principais teatros parisienses. Alguns servem igualmente como salas de concerto.
Várias lendas do mundo musical francês tais como Édith Piaf, Maurice Chevalier, Georges Brassens e Charles Aznavour encontraram a glória em salas de concerto renomadas como Bobino, Olympia, La Cigale e Le Splendid. A Salle Pleyel oferece numerosos concertos sinfônicos; a Salle Gaveau, música de câmara; e a Maison de Radio France, concertos de grande variedade musical.
O Élysée Montmartre mencionado mais abaixo, cujo porte claramente se reduziu, tornou-se uma sala de concerto. O New Morning é um dos clubes parisienses onde ainda se oferecem concertos de jazz, mas também fornece música para outros gostos. Mais recentemente, Le Zénith no bairro da Villette e o Palais Omnisports no bairro de Bercy, ou até mesmo o Stade de France em Saint-Denis ou o Parc des Princes têm proporcionado concertos em larga escala.
As guinguettes (cabarés criados nos subúrbios de Paris para escapar dos impostos municipais, frequentemente à beira de cursos de água) e os cafés-concerts (estabelecimento de consumo de bebidas com música ao vivo) constituíam a espinha dorsal do entretenimento parisiense antes da Segunda Guerra Mundial. Dentre os pioneiros desse gênero, fundados na primeira metade do século XIX, pode-se citar a guinguette do Moulin de la Galette e os cafés-concerts do Élysée Montmartre e do Château-Rouge. Hoje em dia, uma grande parte da diversão noturna em Paris se dá em boates mais ou menos seletivas, onde se encontram alguns dos melhores DJs do mundo.
Cinema |
Paris conta com 376 salas de cinema (a maior concentração per capita do mundo), das quais 150 são independentes, e 89 são subsidiadas. Elas se distinguem pela variedade do que oferecem, cerca de 450 a 500 filmes diferentes em cartaz por semana[s 15] e são frequentados por mais de 27 milhões de espectadores por ano (números de 2006).
Alguns grandes grupos são cada vez mais dominantes, enquanto que o cinema independente está fragilizado. Desde os anos 1990, grandes multiplexos de dez ou vinte salas tem sido abertos.[140]
A maior sala de cinema em Paris hoje é Le Grand Rex com 2 800 assentos, desde que o Gaumont Palace da praça de Clichy foi destruído em 1973. Todas as demais salas parisienses possuem menos de 1 000 lugares. O antigo American Center do arquiteto Frank Gehry abriga atualmente a Cinémathèque française.
Cafés, restaurantes e hotéis |
Os cafés rapidamente se tornaram uma parte integrante da cultura francesa por causa de sua atmosfera, em particular a partir da abertura do café Régence no Palais Royal em 1688 e a seguir, um ano mais tarde, do café Procope sobre a margem esquerda. Os cafés nos jardins do Palais-Royal ficaram muito populares ao longo do século XVIII e podem ser considerados como os primeiros "terraços de café" de Paris. Esses últimos não chegaram a se expandir até que começaram a aparecer calçadas e bulevares em meados do século XIX. Durante a Revolução, os cozinheiros dos príncipes e dos nobres criaram o conceito de restaurante.
O primeiro estabelecimento a anunciar a venda de "restauração" parece ter sido em Paris La Tour d'Argent, fundado em 1582 por um certo Rourtaud, e esse local teria contribuído para a utilização do "garfo" na França. O primeiro restaurante, na acepção moderna da palavra, foi aberto em Paris na Rue des Poulies (hoje, Rue du Louvre), em 1765, por um comerciante de caldo de carne, chamado Boulanger (apelidado de Champ d'Oiseau) que inventou o "cardápio" e a palavra "restaurante". Em 1782, Antoine Beauvilliers, cozinheiro do Príncipe de Condé e officier de bouche (criado de mesa) do Conde de Provença, retomou a fórmula e abriu, em um quadro mais refinado, a Grande Taverne de Londres, no número 26 da Rue de Richelieu. Foi o primeiro verdadeiro "grande restaurante" de Paris, o qual ficará por mais de vinte anos sem rival. Mas é a partir da Revolução Francesa que o fenômeno toma amplitude, pois a fuga dos nobres deixou seus cozinheiros desempregados, ao mesmo tempo em que chegavam muitas pessoas do interior a Paris, onde não podiam contar com a família para alimentá-los. Em 1789, Paris somava uma centena de restaurantes frequentados pela alta sociedade, agrupados ao redor do Palais-Royal. Trinta anos depois, já somavam 3 000.
A reputação culinária de Paris tem suas fundações nas origens diversas de seus habitantes. Com a chegada da ferrovia em meados do século XIX e a Revolução Industrial que se seguiu, muita gente de toda a França veio à capital, trazendo consigo toda a diversidade gastronômica das diferentes regiões do país e criando vários restaurantes de especialidades regionais, como "Chez Jenny" para a cozinha alsaciana e "Aux Lyonnais" para a cozinha de Lyon. A imigração proveniente do estrangeiro trouxe consigo uma diversidade culinária ainda maior e hoje se acham em Paris, não só um grande número de estabelecimentos especializados nas cozinhas do Magrebe e da Ásia, mas também aqueles que oferecem pratos vindos dos cinco continentes.
Uma outra consequência do aumento do número de viajantes e de turistas na capital é, desde o fim do século XIX, a presença de numerosos hotéis, em parte devido às exposições universais. Dentre os mais luxuosos, o Hôtel Ritz apareceu na Praça Vendôme em 1898 e o Hôtel de Crillon abriu suas portas no lado norte da Praça da Concórdia em 1909.
Esportes |
Paris foi sede duas vezes dos Jogos Olímpicos, em 1900 e 1924. A cidade viu ainda duas finais de Copa do Mundo de futebol, em 1938 e 1998. Embora o tradicional Tour de France nem sempre comece em Paris, é nela que se encerra sempre a prova. E desde 1975, seu encerramento sempre acontece na Champs-Élysées. Paris também é sede do Torneio de Roland-Garros, um dos quatro torneios mais importantes de tênis do mundo.
Os principais clubes desportivos de Paris são o Paris Saint-Germain Football Club (futebol) e o Stade Français (rugby).
Manifestações culturais e festividades |
O caráter festivo da cidade é marcado desde 2002 pelas operações de Paris Plages, organizadas entre julho e agosto, e que consiste em transformar uma parte dos cais do Sena em praias com cadeiras-de-praia e atividades diversas. Também há a Nuit Blanche, que permite ao público assistir gratuitamente a diferentes expressões da arte contemporânea através da cidade durante a noite do primeiro sábado para o primeiro domingo de outubro.
Paris acolhe ao longo de todo o ano várias festividades: ao fim de janeiro, as ruas do 13º arrondissement se animam com as celebrações do ano novo chinês; o cortejo tradicional do Carnaval de Paris desfila no mês de fevereiro; ao fim de fevereiro, ocorre o Salão Internacional da Agricultura; em março, vê-se o Salão do Livro; ao fim de abril ou início de maio, a Feira de Paris relembra as grandes multidões dos tempos medievais; a Maratona de Paris se dá ao longo de abril nas ruas da cidade, a Parada Gay em junho, e a Parada Techno em setembro.
O dia 14 de julho é a ocasião do tradicional desfile militar em Champs-Élysées e dos fogos-de-artifício lançados dos jardins do Trocadéro.[141]
Outubro é o mês do Mundial do Automóvel nos anos pares, alternando com o mundial de duas-rodas nos anos ímpares. No mesmo mês, há a Feira Internacional de Arte Contemporânea (FIAC). No segundo sábado de outubro, o bairro Montmartre se reata com seu passado vitícola na Festa da Colheita de Montmartre. Uma das mais antigas manifestações de arte em Paris é a Bienal de Paris, fundada em 1959 por André Malraux.
Ver também |
- Grande Paris
- Geografia da França
Referências
↑ «Insee - COG - Fiche de la commune de Paris» (em francês)
↑ «Paris reste la première ville visitée au monde, article du 12-01-205 de la revue L'Écho Touristique.»
↑ ab «Insee, population légale au 1 janvier 2006.»
↑ ab «Aire urbaine 1999 : Paris (001)»
↑ INSEE. «Produits Intérieurs Bruts Régionaux (PIBR) en valeur en millions d'euros»
↑ Société nationale des antiquaires de France (1875). «Ammien Marcelin nomme Lutèce sous le nom de Parisii à la fin du IVe siècle». Mémoires de la Société nationale des antiquaires de France (em francês). Consultado em 8 de julho de 2012.
↑ Claudionor A. Ritondale E Luciana De Oliveira França Ritondale. Dez Dias Em Paris Clube de Autores, 2008. pp. 279.
↑ «INA - Video en ligne du journal de FR3 du 8.10.1991 : halles aux vins Bercy, découverte de 3 pirogues»
↑ «INA - Video en ligne du journal de FR3 du 27.02.1992 : pirogues de Bercy»
↑ Le Monde du 24/02/2004 - La découverte d'une cité gauloise à Nanterre remet en cause la localisation de Lutèce sur l'île de la Cité
↑ «Le Monde, 24/7/2008, Lutèce, ville fantôme»
↑ Amable Audin, Lyon, miroir de Rome dans les Gaules, Résurrection du passé, Fayard, 1965, p. 133
↑ Mairie de Paris. «Paris, Roman City - The City». Consultado em 16 de julho de 2006.
↑ «Mémoires de la Société nationale des antiquaires de France - 1875 - Ammien Marcelin nomme Lutèce sous le nom de Parisii à la fin du IV×10{{{1}}} siècle»
↑ «King's College, London - Population of London(em inglês)» 🔗
↑ Historia thématique n°107 mai-juin 2007, page 20 : « La Reynie somme les 30 000 habitants de la cour des miracles de déguerpir sous peine de pendre les douze derniers. »
↑ «Démographie de Paris»
↑ Jean Favier, Paris, 2000 ans d'histoire, p. 195-196
↑ Jean Favier, Paris, 2000 ans d'histoire, p. 492-493
↑ «Decreto de 12 de messidor do ano VIII (1 de julho de 1800) que regulamenta as atribuições do Prefeito de Polícia de Paris»
↑ «Disposições relativas à cidade de Paris na página 3 do documento» (PDF)
↑ «Demografia de Paris»
↑ Belleville, Grenelle, Vaugirard e La Villette foram totalmente absorvidas; Auteuil, Les Batignolles-Monceau, Bercy, La Chapelle-Saint-Denis, Charonne, Montmartre e Passy tiveram a sua maior parte absorvida (a parte situada no exterior das fortificações são reanexadas às comunas vizinhas); assim como os bairros d'Aubervilliers, Bagnolet, Gentilly, Issy, Ivry, Montrouge, Neuilly, Pantin, Le Pré-Saint-Gervais, Saint-Mandé, Saint-Ouen et Vanves
↑ Essas superfícies incluem a várzea do Sena. As superfícies são respectivamente de 3 288 ha em 1859 e 7 088 ha em 1860 caso se desconsidere a várzea do Sena.
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↑ «Cinéma en chiffres». www.paris.fr
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