Carlos de Dios Murias
Carlos de Dios Murias, foi um frei franciscano, simpatizante da teologia da libertação[1], que, em 1976, foi torturado e morto por agentes da Ditadura Militar na Argentina, liderados pelo General Luciano Benjamín Menéndez[2], na Província de La Rioja (Argentina).
Biografia |
Carlos Murias nasceu em 1945, em Córdoba, filho de um rico agente imobiliário que era um político muito conhecido na região. O pai pretendia que o filho seguisse uma carreira militar e o matriculou na Escola Militar, mas logo depois dos estudos, Carlos entrou no seminário e foi ordenado como sacerdote por Enrique Angelelli, Bispo de La Rioja, famoso pela sua "pastoral dos campesinos".
Carlos Murias foi enviado para realizar um trabalho pastoral junto com camponeses em uma pequena cidade chamada El Chamical, juntamente com o padre francês Rogelio Gabriel Longueville.
Em 24 de março de 1976[3], ocorreu um Golpe Militar na Argentina, e Carlos Muria começou a ser ameaçado por militares que se opunham ao seu trabalho pastoral. No dia 18 de julho de 1976, Carlos foi preso juntamente com Gabriel Longueville e com o leigo Wenceslao Pedernera[4], na Base da Força Aérea de Chamical. Antes de ser fuzilado, teve seus olhos foram furados e as suas mãos cortadas. Dois dias depois o seu cadáver foi encontrado junto com o do Padre Gabriel. Wenceslao foi fuzilado uma semana depois.
Seu funeral foi celebrado pelo Bispo Angelelli, naquela oportunidade atacou os militares. Duas semanas depois, Dom Angelelli morreu em decorrência de uma acidente automobilístico provocado por outro veículo.
Em abril de 2008, Luis Fernando Estrella e Miguel Ricardo Pessetta, dois oficias aposentados da Força Aérea Argentina, foram presos por participação no assassinato dos padres Carlos Murias e Gabriel Longueville[5].
Em maio de 2011, o Arcebispo Metropolitano de Buenos Aires, Mário Jorge Bergoglio, que futuramente seria o Papa Francisco, assinou um documento em apoio à canonização (conhecido como "causa para a canonização") de Carlos Murias[6].
O julgamento pelo homicídio de Murias e Longueville foi concluído em dezembro de 2012 com a condenação a prisão perpétua de Menéndez, Estrella e do policial Domingo Benito[7].
No dia 14 de maio de 2018, a comissão de teólogos da Congregação para as Causas dos Santos iniciou o trabalho que poderá resultar na beatificação de Dom Enrique Angelelli, Carlos de Dios Murias, Gabriel Longueville e Wenceslao Pedernera[8].
No dia 09 de junho de 2018, o Papa Francisco declarou como mártires: Dom Enrique Angeleli, Carlos de Dios Murias, Gabriel Longueville e Wenceslao Pedernera[9][10].
Referências
↑ Francisco e aquele ciclo que talvez irá se fechar, acesso em 18 de abril de 2015.
↑ Argentinos "Mártires de Chamical": justiça é feita, acesso em 17 de abril de 2015.
↑ Argentina. Três ex-generais, e um bispo morto, acesso em 17 de abril de 2015.
↑ Começa o processo para beatificar dois padres e um leigo assassinados pela ditadura argentina, acesso em 17 de abril de 2015.
↑ Mártires da outra Igreja, acesso em 17 de abril de 2015.
↑ Um padre morto pelo regime: o primeiro beato do Papa Francisco, acesso em 17 de abril de 2015.
↑ O julgamento pelo assassinato do bispo Angeleli começará em outubro, acesso em 18 de abril de 2015.
↑ Teólogos começam a trabalhar pela beatificação de Dom Enrique Angelelli e outros companheiros mártires, acesso em 11 de junho de 2018.
↑ Francisco reconhece o martírio de dom Angelelli e seus três colaboradores, acesso em 11 de junho de 2018.
↑ Vaticano reconhece o martírio de 4 vítimas da ditadura argentina, acesso em 11 de junho de 2018.