Dedução
Dedução: análise lógica utilizada para construir argumentos, utilizando premissas/argumentos para obter uma conclusão. A conclusão torna explícito um conhecimento já existente nas premissas.
Para utilizar corretamente o processo de dedução, é fundamental verificar a validade do pensamento, para que este não seja uma falácia.
O pensamento dedutivo pode utilizar tanto premissas gerais, que foram precedidas de uma indução, bem como premissas condicionais.
Índice
1 Validade[1]
1.1 Falácia
2 Argumentos Condicionais
2.1 Enunciados Condicionais
2.1.1 Contraposição
2.2 Modus Ponens
2.3 Modus Tollens
2.4 Afirmação do consequente
2.5 Negação do antecedente
3 Referências
4 Ver também
Validade[1] |
Argumentos dedutivos corretos são chamados "válidos", e a validez depende exclusivamente da relação entre as premissas e a conclusão. É determinada pela forma lógica e não pelo conteúdo dos enunciados. Se um argumento dedutivo é válido, necessariamente sua conclusão é verdadeira quando todas as premissas também o são. Enquanto que "validez" é propriedade do argumento dedutivo, "verdade" é propriedade do enunciado isolado. Há diversas formas para um argumento dedutivo válido. Segue uma forma de exemplo:
- Premissa: Todos os homens são mortais;
- Premissa: Sócrates é homem;
- Conclusão: Sócrates é mortal.
O argumento dedutivo acima apresenta forma válida: ambas premissas são verdadeiras, culminando em uma conclusão também verdadeira. Como a forma é independente dos enunciados, é possível obter um argumento dedutivo com premissas falsas e uma conclusão verdadeira ou falsa e ainda assim manter sua validez:
- Premissa: Todos os gatos têm asas;
- Premissa: Todos os pássaros são gatos;
- Conclusão: Todos os pássaros têm asas.
Este argumento dedutivo apresenta premissas claramente falsas, e uma conclusão verdadeira. Ainda assim, é um argumento válido. Ambos argumentos dedutivos apresentados até o momento possuem a mesma forma:
- Premissa: Todos G são H;
- Premissa: Todos F são G;
- Conclusão: Todos F são H.
Qualquer argumento dedutivo que apresenta a forma acima é válido, ou seja, se todas as premissas forem verdadeiras a conclusão será verdadeira. Para qualquer argumento dedutivo que apresente uma forma válida, é impossível que sua conclusão seja falsa quando todas as premissas são verdadeiras.
Falácia |
Um argumento dedutivo de forma não-válida também é conhecido como "falácia dedutiva"[2]. Um argumento dedutivo é não-válido caso apresente todas premissas verdadeiras e a conclusão não-verdadeira. Falácias dedutivas podem apresentar formas que parecem corretas, e assim que erros são cometidos ao utilizar-se da Dedução.
- Premissa: Todos os mamíferos são mortais;
- Premissa: Todas cães são mortais;
- Conclusão: Todos cães são mamíferos.
Ainda que este argumento apresente premissas e conclusão verdadeiras, trata-se de uma falácia dedutiva. Para provar tal afirmação, utilizamos o "método do contra-exemplo"[2], escrevendo um argumento dedutivo que apresenta premissas verdadeiras mas conclusão falsa:
- Premissa: Todos mamíferos são mortais;
- Premissa: Todas cobras são mortais.
- Conclusão: Todas cobras são mamíferos.
Claramente percebe-se a não-validade do argumento. Substituindo os termos utilizados por letras, obtemos a forma deste argumento dedutivo:
- Premissa: Todos F são G;
- Premissa: Todos H são G;
- Conclusão: Todos H são F.
O método do contra-exemplo pode ser utilizado para qualquer argumento dedutivo, verificando assim a validez de sua forma.
Argumentos Condicionais |
Argumentos condicionais "fogem" do problema da indução pois não são argumentos gerais. Pode-se dizer que são argumentos puramente dedutivos, utilizando totalmente apenas a lógica formal, dando mais força ao pensamento dedutivo. Entretanto, o pensamento dedutivo condicional não está livre de falácias.
Enunciados Condicionais |
São enunciados complexos formados por dois enunciados componentes que se ligam por meio da expressão "se...então...".
- Se hoje é quarta-feira, então amanhã será quinta-feira.
A parte ligada ao "se" denomina-se "antecedente", e a parte apresentada após o "então" chama-se "consequente". "Hoje é quarta-feira" é o antecedente e "amanhã será quinta-feira" é o consequente do argumento acima. O enunciado tem a forma
- Se p, então q. (1)
Contraposição |
Relação de caráter fundamental que recebeu nome específico. A forma apresentada acima é totalmente equivalente a
- Se não q, então não p. (2)
É dito que o enunciado 2 é a contrapositiva de 1.
Modus Ponens |
Forma de argumento dedutivo válido, também chamada de "afirmação do antecedente". Considere o exemplo:
- Premissa: Se o aluno obter média abaixo de 6 pontos, será reprovado na disciplina;
- Premissa: O aluno obteve média abaixo de 6 pontos;
- Conclusão: O aluno será reprovado.
A primeira premissa consiste de um enunciado condicional, e a segunda premissa afirma o antecedente desta condição, daí o nome desta forma de argumento dedutivo.
Este argumento é da forma:
- Premissa: Se p, então q;
- Premissa: p;
- Conclusão: q.
Forma válida, portanto qualquer argumento dedutivo condicional que se apresentar nesta forma será válido.
Modus Tollens |
Outra forma válida de argumentos dedutivos condicionais, também chamada de "negação do consequente". Segue exemplo:
- Premissa: Se César fosse ambicioso, teria tomado a coroa;
- Premissa: César não tomou a coroa;
- Conclusão: César não era ambicioso.
Novamente, a primeira premissa é um enunciado condicional, mas a segunda premissa nega seu consequente. Este argumento dedutivo utiliza-se da relação de contraposição, e é da forma:
- Premissa: Se p, então q;
- Premissa: não q;
- Conclusão: não p.
Afirmação do consequente |
Forma inválida de argumento dedutivo condicional, pois ao afirmar o consequente, não podemos garantir que o antecedente é verdade.
- Premissa: Se uma pessoa nasce na Europa, então não é americana;
- Premissa: A pessoa não é americana;
- Conclusão: A pessoa nasceu na Europa.
Pelo fato de o indivíduo não ser americano, não podemos afirmar que nasceu na Europa, ainda que a primeira premissa esteja correta. A forma desta falácia é:
- Premissa: Se p, então q;
- Premissa: q;
- Conclusão: p.
Negação do antecedente |
Outra forma inválida de argumento dedutivo condicional. Negar o antecedente não garante que o consequente seja falso:
- Premissa: Se o indivíduo encontra-se na América do Sul, o indivíduo está no continente americano;
- Premissa: O indivíduo não está na América do Sul;
- Conclusão: O indivíduo não está no continente americano.
Premissas verdadeiras levando à uma conclusão falsa. O indivíduo em questão pode estar na América Central ou América do Norte. A forma desta falácia é:
- Premissa: se p, então q;
- Premissa: não p;
- Conclusão: não q.
Referências
↑ Salmon, Wesley (1978). Lógica. Rio de Janeiro: Zahar Editores. pp. 34 a 38
↑ ab Salom, Wesley (1978). Lógica. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 37 páginas
Ver também |
- Método dedutivo
- Silogismo
- Indução
- Wesley Salmon