Índice de Desenvolvimento Humano
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos (desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos em nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc.
O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu relatório anual.
Índice
1 Origem
2 Critérios de avaliação
3 Metodologia
3.1 Atual
3.2 Antiga
4 Relatório de 2018
4.1 Desenvolvimento humano muito alto
5 Críticas
6 Ver também
7 Referências
8 Ligações externas
Origem |
O IDH surge no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH). Estes foram criados e lançados pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq em 1990 e teve como objetivo explícito: "Desviar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional para políticas centradas em pessoas."[2] Para produzir os RDHs, Mahbub ul Haq reuniu um grupo de economistas bem conhecidos, incluindo: Paul Streeten, Frances Stewart, Gustav Ranis, Keith Griffin, Sudhir Anand e Meghnad Desai. Mas foi o trabalho de Amartya Sen sobre capacidades e funcionamentos que forneceu o quadro conceptual subjacente. Haq tinha certeza de que uma medida simples, composta pelo desenvolvimento humano, seria necessária para convencer a opinião pública, os acadêmicos e as autoridades políticas de que podem e devem avaliar o desenvolvimento não só pelos avanços econômicos, mas também pelas melhorias no bem-estar humano. Sen, inicialmente se opôs a esta ideia, mas ele passou a ajudar a desenvolver, junto com Haq, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sen estava preocupado de que seria difícil capturar toda a complexidade das capacidades humanas em um único índice, mas Haq o convenceu de que apenas um número único chamaria a atenção das autoridades para a concentração econômica do bem estar humano.[3][4]
Critérios de avaliação |
A partir do relatório de 2010, o IDH combina três dimensões:
- Uma vida longa e saudável: Expectativa de vida ao nascer
- O acesso ao conhecimento: Anos Médios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade
- Um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita
Até 2009, o IDH usava os três índices seguintes como critério de avaliação:
Índice de educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com quinze anos ou mais de idade — na maioria dos países, uma criança já concluiu o primeiro ciclo de estudos (no Brasil, o Ensino Fundamental) antes dessa idade. Por isso a medição do analfabetismo se dá, tradicionalmente a partir dos 15 anos de idade. O segundo indicador é a taxa de escolarização: somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja ele fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Também entram na contagem os alunos supletivo, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária, nesta área também está incluído o sistema de equivalências Rvcc ou Crvcc, apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.
Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a expectativa de vida ao nascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Reflete as condições de saúde e de salubridade no local, já que o cálculo da expectativa de vida é fortemente influenciado pelo número de mortes precoces.
Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita (por pessoa) do país. Como existem diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida pelo IDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.
Metodologia |
Atual |
No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010 o PNUD começou a usar um novo método de cálculo do IDH. Os três índices seguintes são utilizados:
1. Expectativa de vida ao nascer (EV) = EV−2083,2−20{displaystyle {frac {EV-20}{83,2-20}}}
2. Índice de educação (EI) = IAME×IAEE2−00,951−0{displaystyle {frac {{sqrt[{2}]{IAMEtimes IAEE}}-0}{0,951-0}}}
- 2.1 Índice de Anos Médios de Estudo (IAME) = AME−013,2−0{displaystyle {frac {AME-0}{13,2-0}}}
- 2.2 Índice de Anos Esperados de Escolaridade (IAEE) = AEE−020,6−0{displaystyle {frac {AEE-0}{20,6-0}}}
3. Índice de renda (IR) = ln(Rendapc)−ln(163)ln(108.211)−ln(163){displaystyle {frac {ln(Rendapc)-ln(163)}{ln(108.211)-ln(163)}}}
Finalmente, o IDH é a média geométrica dos três índices anteriores normalizados:
- IDH=EV×EI×IR3.{displaystyle IDH={sqrt[{3}]{EVtimes EItimes IR}}.}
Legenda:
EV{displaystyle mathrm {EV} } = Expectativa de vida ao nascer
AME{displaystyle mathrm {AME} } = Anos Médios de Estudo
AEE{displaystyle mathrm {AEE} } = Anos Esperados de Escolaridade
PIBpc{displaystyle mathrm {PIBpc} } = Produto Interno Bruto (Paridade do Poder de Compra) per capita
Antiga |
Até 2009, para calcular o IDH de uma localidade, fazia-se a seguinte média aritmética:
IDH=L+E+R3{displaystyle mathrm {IDH} ={frac {mathrm {L} +mathrm {E} +mathrm {R} }{3}}} (onde L{displaystyle mathrm {L} } = Longevidade, E{displaystyle mathrm {E} } = Educação e R{displaystyle mathrm {R} } = Renda)- L=EV−2560{displaystyle mathrm {L} ={frac {mathrm {EV} -25}{60}}}
- E=2TA+TE3{displaystyle mathrm {E} ={frac {2mathrm {TA} +mathrm {TE} }{3}}}
R=log10PIBpc−22,60206{displaystyle mathrm {R} ={frac {log _{10}mathrm {PIBpc} -2}{2,60206}}} nota: pode-se utilizar também a renda per capita (ou PNB per capita).
Legenda:
EV{displaystyle mathrm {EV} } = Expectativa de vida ao nascer;
TA{displaystyle mathrm {TA} } = Taxa de Alfabetização;
TE{displaystyle mathrm {TE} } = Taxa de Escolarização;
log10PIBpc{displaystyle log _{10}mathrm {PIBpc} } = logaritmo decimal do PIB per capita.
Relatório de 2018 |
Abaixo estão listados apenas os países de desenvolvimento humano muito alto:
Desenvolvimento humano muito alto |
|
|
Críticas |
O Índice de Desenvolvimento Humano tem sido criticado por uma série de razões, incluindo pela não inclusão de quaisquer considerações de ordem ecológica, focando exclusivamente no desempenho nacional e por não prestar muita atenção ao desenvolvimento de uma perspectiva global. Dois autores afirmaram que os relatórios de desenvolvimento humano "perderam o contato com sua visão original e o índice falha em capturar a essência do mundo que pretende retratar."[5] O índice também foi criticado como "redundante" e uma "reinvenção da roda", medindo aspectos do desenvolvimento que já foram exaustivamente estudados.[6][7] O índice foi ainda criticado por ter um tratamento inadequado de renda, falta de comparabilidade de ano para ano, e por avaliar o desenvolvimento de forma diferente em diferentes grupos de países.[8]
O economista Bryan Caplan criticou a forma como as pontuações do IDH eram produzidas até 2009; cada um dos três componentes são limitados entre zero e um. Como resultado disso, os países ricos não podem efetivamente melhorar a sua classificação em certas categorias, embora haja muito espaço para o crescimento econômico e longevidade. "Isso efetivamente significa que um país de imortais, com um infinito PIB per capita iria obter uma pontuação de 0,666 (menor do que a África do Sul e Tajiquistão), se sua população fosse analfabeta e nunca tivesse ido à escola."[9] Ele argumenta: "A Escandinávia sai por cima de acordo com o IDH, porque o IDH é basicamente uma medida de quão escandinavo um país é."[9]
As críticas a seguir são comumente dirigidas ao IDH: de que o índice é uma medida redundante que pouco acrescenta ao valor das ações individuais que o compõem; que é um meio de dar legitimidade às ponderações arbitrárias de alguns aspectos do desenvolvimento social; que é um número que produz uma classificação relativa; que é inútil para comparações inter-temporais; e que é difícil comparar o progresso ou regresso de um país uma vez que o IDH de um país num dado ano depende dos níveis de expectativa de vida ou PIB per capita de outros países no mesmo ano.[10][11][12][13] No entanto, a cada ano, os estados-membros da ONU são listados e classificados de acordo com o IDH. Se for alta, a classificação na lista pode ser facilmente usado como um meio de engrandecimento nacional, alternativamente, se baixa, ela pode ser utilizada para destacar as insuficiências nacionais. Usando o IDH como um indicador absoluto de bem-estar social, alguns autores utilizaram dados do painel de IDH para medir o impacto das políticas econômicas na qualidade de vida.[14]
Ver também |
- Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil
- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
- Lista de países por Índice de Desenvolvimento Humano
- Lista de países por igualdade de riqueza
- Felicidade Interna Bruta
- Happy Planet Index
- País desenvolvido
- País em desenvolvimento
- País subdesenvolvido
- Coeficiente de Gini
- Índice de Theil
- Desigualdade econômica
- Curva de Lorenz
- Concentração de renda
- Distribuição de renda
- Pobreza
- Engenharia ambiental
- IDH dos estados do Brasil
- Índice de Desenvolvimento Social
- Estado de bem-estar social
- Prognósticos da ONU sobre desenvolvimento humano
Referências
↑ abcdefghij PNUD, ed. (14 de setembro de 2018). «Human Development Indices and Indicators - 2018 Statistical Update» (PDF) (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2018
↑ Haq, Mahbub ul. 1995. Reflections on Human Development. New York: Oxford University Press.
↑ Sakiko Fukuda-Parr The Human Development Paradigm: operationalizing Sen’s ideas on capabilities Feminist Economics 9(2 – 3), 2003, 301 – 317
↑ United Nations Development Programme. 1999. Human Development Report 1999. New York:Oxford University Press.
↑ Ambuj D. Sagara, Adil Najam, "The human development index: a critical review", Ecological Economics, Vol. 25, No. 3, pp. 249–264, June 1998.
↑ McGillivray, Mark, "The human development index: yet another redundant composite development indicator?", World Development, Vol. 19, No. 10, pp. 1461–1468, Oct. 1991.
↑ T.N. Srinivasan "Human Development: A New Paradigm or Reinvention of the Wheel?", American Economic Review, Vol. 84, No. 2, pp. 238–243, May 1994.
↑ Mark McGillivray, Howard White, "Measuring development? The UNDP's human development index", Journal of International Development, Vol. 5, No. 2, pp. 183–192, Nov, 2006.
↑ ab Against the Human Development Index Comment Posted Posted May 22, 2009, Bryan Caplan – Library of Economics and Liberty
↑ Rao VVB, 1991. Human development report 1990: review and assessment. World Development, Vol 19 No. 10, pp. 1451–1460.
↑ McGillivray M. The Human Development Index: Yet Another Redundant Composite Development Indicator? World Development, 1991, vol 18, no. 10:1461–1468.
↑ Hopkins M. Human development revisited: A new UNDP report. World Development, 1991. vol 19, no. 10, 1461–1468.
↑ Tapia Granados JA. Algunas ideas críticas sobre el índice de desarrollo humano. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, 1995 Vol 119, No. 1, pp. 74–87.
↑ Davies, A. and G. Quinlivan (2006), A Panel Data Analysis of the Impact of Trade on Human Development, Journal of Socioeconomics
Ligações externas |
- Commons
- Wikcionário
Regional and National Trends in the Human Development Index 1980-2011 (em inglês) - Evolução do IDH de 1980-2011 por país com Gráfico interativo
2010 - Relatório de Desenvolvimento Humano (em português) - Relatório completo- 2007 - UN Human Development Index Report (PDF)
- 2006 - UN Human Development Index Report (PDF)
- 2005 - UN Human Development Index Report (PDF)
- 2004 - UN Human Development Index Report (PDF)
- Ranking decrescente do IDH dos estados do Brasil - 2005
- Ranking decrescente do IDH dos municípios do Brasil - 1991 e 2000