Velho Airão
Velho Airão ou Airão Velho, como é chamada pelos moradores de Novo Airão, é um povoado quase desabitado no estado brasileiro do Amazonas[1]. Foi no passado uma vila de média importância, denominada apenas Airão, fundada no ano de 1694, sendo a primeira povoação às margens do rio Negro[2], mais antiga que a primeira capital do Amazonas. É o local da antiga sede do município de Novo Airão.[3]
Está localizada dentro do Mosaico do Baixo Rio Negro no Parque Estadual Rio Negro Setor Norte.[4]
Foi uma das vilas mais importantes no médio Rio Negro desde a época dos colonizadores portugueses até a Segunda Guerra Mundial, quando os aliados encontravam sua maior fonte de borracha para a fabricação de pneus e materiais cirúrgicos no látex da Amazônia. Airão concentrava toda a produção de borracha do alto rio Negro, do rio Jaú e seus afluentes e do rio Branco, trazendo a produção de vilarejos próximos à Boa Vista (Roraima). Com o fim da guerra, os ingleses passaram a comprar látex de sua colônia: a Malásia. Os produtores amazonenses não estavam preparados para isso e como Airão era um ponto de captação e distribuição, a cidade faliu. Com a decadência do Ciclo da borracha, seus moradores passaram a abandoná-la, até ser deixada pelo último morador em 1985. Boa parte de sua população mudou-se para vilarejos mais próximos à capital do estado, Manaus, mas a maioria (108 pessoas) foi transferida para a vila de Itapeaçu, que passou a se chamar Novo Airão.
De acordo com o historiador Victor Leonardi (1998): "Na confluência do rio Jaú com o Negro existem ruínas de uma pequena cidade chamada Airão, antiga Santo Elias do Jaú, fundada por missionários em 1694. [...] [Depois veio] o processo de arruinamento definitivo do Airão, após rápido e não-sustentável crescimento econômico gerado nos seringais entre 1880 e 1914. [...] A velha cidade de Airão é hoje uma cidade morta às margens do rio Negro, 250 quilômetros a noroeste de Manaus."[5]
Como a população estava a abandonar a cidade, surgiu a lenda das formigas. Um político da época afirmou que a população estava sendo devorada por formigas e pediu ajuda para mudar a sede do município. Verdade ou mentira, o fato é que a partir de 1950 a população começou a ser transferida para onde hoje é Novo Airão.
A partir de 1985, a marinha brasileira começou a usar a cidade abandonada como alvo para treino de tiros de seus navios até o ano de 2005, quando a cidade foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN. Mas apenas em 2010 técnicos do IPHAN começaram a levantar dados no lugar.
Desde 2005 cerca de sete famílias retornaram ao lugar, fazendo suas casas em volta das ruínas e auxiliam na condução dos turistas que visitam o antigo vilarejo.
De acordo com reportagem de 29 de dezembro de 2015, apenas um morador ainda reside na cidade.[6]
Ligações externas |
- Passeio
- Localização
Ver também |
- Parque Estadual Rio Negro Setor Norte
- Cidade-fantasma
Referências
↑ Octavio Campos Salles. «Velho Airão». Amazônia.org. Consultado em 26 de março de 2009
↑ Áreas Protegidas da Amazônia
↑ Perfil econômico dos municípios da Região Metropolitana de Manaus
↑ ICMBIO. Mosaico do Baixo Rio Negro. ICMBIO, Brasília. Acesso em 24 jun. 2014.
↑ LEONARDI, Victor. Sinopse do livro Os historiadores e os rios: natureza e ruína na Amazônia brasileira. Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1998, 272 páginas. Editora Paralelo 15 - Brasília DF. ISBN 85-86315-26-5. (Sinopse disponível no site do autor em Blogspot). Acesso em 24 jun. 2014.
↑ Japonês eremita toma conta de cidade abandonada na selva amazônica