Arquitetura









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A cidade, enquanto espaço construído e habitado pelo ser humano, manifesta-se como arquitetura


A arquitetura (AO 1945: arquitectura), (AO 1990: arquitetura) (do grego αρχή [arkhé] significando "primeiro" ou "principal" e τέχνη [tékhton] significando "construção") refere-se tanto ao processo quanto ao produto de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano. Neste sentido, a arquitetura trata destacadamente da organização do espaço e de seus elementos: em última instância, a arquitetura lidaria com qualquer problema de agenciamento, organização, estética e ordenamento de componentes em qualquer situação de arranjo espacial. No entanto, normalmente a arquitetura associa-se diretamente ao problema da organização do homem no espaço (e principalmente no espaço urbano).[1][2]


A arquitetura como atividade humana existe desde que o homem passou a se abrigar das intempéries. Uma definição mais precisa da área envolve todo o design (ou seja, o projeto) do ambiente construído pelo homem, o que engloba desde o desenho de mobiliário (desenho industrial) até o desenho da paisagem (paisagismo), da cidade (planejamento urbano e urbanismo) e da região (planejamento regional ou Ordenamento do território). Neste percurso, o trabalho de arquitetura passa necessariamente pelo desenho de edificações (considerada a atividade mais comum do arquiteto), como prédios, casas, igrejas, palácios, entre outros edifícios. Segundo este ponto de vista, o trabalho do arquiteto envolveria, portanto, toda a escala da vida do homem, desde a manual até a urbana.









Índice






  • 1 Definição


  • 2 A tríade vitruviana


  • 3 Definição moderna


  • 4 Estilo e linguagem


  • 5 Ver também


  • 6 Bibliografia


  • 7 Referências


  • 8 Ligações externas





Definição |




O espaço interno como protagonista da arquitetura


Primeiramente, a arquitetura se manifesta de dois modos diferentes: a atividade (a arte, o campo de trabalho do arquiteto) e o resultado físico (o conjunto construído de um arquiteto, de um povo e da humanidade como um todo).


A arquitetura enquanto atividade é um campo multidisciplinar, incluindo em sua base a matemática, as ciências, as artes, a tecnologia, as ciências sociais, a política, a história, a filosofia, entre outros (ver: Artes mecânicas). Sendo uma atividade complexa, é difícil concebê-la de forma precisa, já que a palavra tem diversas acepções e a atividade tem diversos desdobramentos.[4]


Atualmente, o mais antigo tratado arquitetônico de que se tem notícia, e que propõe uma definição de arquitetura, é o do arquiteto romano Marco Vitrúvio Polião. Em suas palavras:


"A arquitetura é uma ciência, surgindo de muitas outras, e adornada com muitos e variados ensinamentos: pela ajuda dos quais um julgamento é formado daqueles trabalhos que são o resultado das outras artes."

A definição de Vitrúvio, apesar de inserida em um contexto próprio, constitui a base para praticamente todo o estudo feito desta arte, e para todas as interpretações até a atualidade. Ainda que diversos teóricos, principalmente os da modernidade, tenham conduzido estudos que contrariam diversos aspectos do pensamento vitruviano, este ainda pode ser sintetizado e considerado universal para a arquitetura (principalmente quando interpretado, de formas diferentes, para cada época), seja a atividade, seja o patrimônio.


Vitrúvio declara que um arquiteto deveria ser bem versado em campos como a música, a astronomia, etc. A filosofia, em particular, destaca-se: de fato quando alguém se refere à "filosofia de determinado arquiteto" quer se referir à sua abordagem do problema arquitetônico. O racionalismo, o empirismo, o estruturalismo, o pós-estruturalismo e a fenomenologia são algumas das direções da filosofia que influenciaram os arquitetos.




A interpretação de Leonardo da Vinci do homem de Vitrúvio. Esta obra sintetiza uma série de ideais a respeito da relação do homem com o universo. Da mesma forma, ela está associada à arquitetura, tanto quanto um instrumento de projeto quanto como um símbolo.



A tríade vitruviana |



Ver artigo principal: Tríade vitruviana

Na obra de Vitrúvio, definem-se três os elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura/resistência), a utilitas (que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo) e a venustas (associada à beleza e à apreciação estética).


Desta forma, e segundo este ponto de vista, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e bem estruturada (firmitas), possuir uma função (utilitas) e for, principalmente, bela (venustas). Há que se notar que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos elementos mais polémicos das várias definições da arquitetura.



Definição moderna |


Uma definição precisa de arquitetura é impossível, como já foi ressaltado, dada a sua amplitude. Como as demais artes e ciências, ela passa por mudanças constantes. No entanto, o excerto a seguir, escrito por Lúcio Costa, costuma gozar de certa unanimidade quanto à sua abrangência.



"Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente e não deve se confundir com arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto, desde a germinação do projeto, até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.

A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção."[5]



Esta definição é entendida como um consenso pois ela resume praticamente toda uma metade de século de pensamento arquitetónico: a visão de Lúcio Costa sintetiza as várias teorias propostas por arquitetos pertencentes à arquitetura moderna. Dado que o moderno procurou se colocar não como mais um entre vários estilos, mas como efetivamente a arquitetura, e sua visão de mundo tornou-se predominante, ela tornou-se por fim um consenso. A teorização proposta pela arquitetura moderna engloba, no entanto, também toda a arquitetura produzida antes dela, já que ela manifesta claramente que a arquitetura surge de um programa, incorporando as variáveis sociais, culturais, económicas e artísticas do momento histórico. Na medida em que os momentos históricos são heterogêneos, a definição moderna da arquitetura não ilegítima nenhuma outra manifestação histórica, mas ativamente combate a cópia de outros momentos históricos no momento contemporâneo.



Estilo e linguagem |



Ver artigo principal: Estilo arquitetônico




Catedral Metropolitana de Brasília, exemplar da arquitetura moderna brasileira, em Brasília, Brasil.


Quando se pensa em algum tipo de classificação dos diferentes produtos arquitetônicos observados no tempo e no espaço, é muito comum, especialmente por parte de leigos, diferenciar os edifícios e sítios através da ideia de que eles possuem um estilo diverso um do outro.




Arquitetura clássica e renascentista em Roma.


Tradicionalmente, a noção de estilo envolve a apreensão de um certo conjunto de fatores e características formais dos edifícios: ou seja, a definição mais primordial de estilo é aquela que o associa à forma da arquitetura, e principalmente seus detalhes estético-construtivos. A partir desta noção, parte-se então, naturalmente, para a ideia de que diferentes estilos possuem diferentes regras. E, portanto, estas regras poderiam ser usadas em casos específicos. A arquitetura, enquanto profissão, segundo este ponto de vista, estaria reduzida a uma simples reunião de regras compositivas e sua sistematização.


Esta é uma ideia que, após os vários movimentos modernos da arquitetura (e mesmo os pós-modernos, que voltaram a debater o estilo) tornou-se ultrapassada e apaixonadamente combatida. A arquitetura, pelo menos no plano teórico e acadêmico, passou a ser entendida através daquilo que efetivamente a define: o trabalho com o espaço habitável. Aquilo que era considerado estilo passou a ser chamado simplesmente de momento histórico ou de escola. Apesar de ser uma ruptura aparentemente banal, ela se mostra extremamente profunda na medida em que coloca uma nova variável: se não valem mais as definições historicistas e estilísticas da arquitetura, o estilo deixa de ser um modelo amplamente copiado e passa a ser a expressão das interpretações individuais de cada arquiteto (ou grupo de arquitetos), daquilo que ele considera como arquitetura. Portanto, se é possível falar em um estilo histórico (barroco, clássico, gótico, moderno etc.), também torna-se possível falar em um estilo individual (arquitetura Wrightiana, Corbuseana, Niemeyeriana, etc).















S F-E-CAMERON EGYPT 2006 FEB 00289.JPG Attica 06-13 Athens 28 Academy of Athens.jpg Taj Mahal, Agra, India edit2.jpg
Forbidden City Beijing Shenwumen Gate.JPG

Arquitetura egípcia: Templo de Edfu

Arquitetura grega: Academia de Atenas

Arquitetura indiana de raízes islâmicas: Taj Mahal

Arquitetura sino-oriental: Portão da Grandeza Divina


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Bibliografia |



  • COSTA, Lúcio, Arquitetura; São Paulo: José Olympio, 2002.

  • RASMUSSEN, Esteen Eiler; Arquitetura vivenciada; São Paulo: Martins Fontes, 2002.

  • ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura; São Paulo: Martins Fontes, 2002

  • ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna; São Paulo: Companhia das Letras, 1998.



Referências




  1. Dicinário Priberiam da Língua Portuguesa. «Arquitetura». Consultado em 5 de março de 2012. 


  2. Vestibular Brasil Escola. «Arquitetura e Urbanismo». Consultado em 5 de março de 2012. 


  3. Ich die Baukunst eine erstarrte Musik nenne - Carta a Eckermann (March 23, 1829) + Também atribuída a Friedrich Schiller.[1]


  4. UOL. «A matemática e as profissões». Consultado em 5 de março de 2012. 


  5. COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il.



Ligações externas |



  • IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil

  • OA - Ordem dos Arquitectos


  • StructuraE (em francês) Visitado: Fev. 2014



  • Portal de arquitetura e urbanismo

























































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